Sucesso dos Filmes Brasileiros
Só fazem sucesso no
exterior os filmes brasileiros que mostram as misérias daqui, como disse nosso
amigo PACOS, porque intelectual brasileiro só fica feliz quando está sofrendo
(pelo menos imaginariamente). Veja os filmes de Glauber Rocha e mais
recentemente Central do Brasil e Cidade de Deus.
Primeiro, os
intelectuais do cinema brasileiro, principalmente do Cinema Novo, só fazem
filmes tristes e desesperados. No cinema mais antigo, com Oscarito, com Grande
Otelo, com Mazzaropi (o nome dele nem consta da Barsa eletrônica) e vários
outros gargalhávamos – aqueles filmes eram grandes em nossas almas. Os de agora
vão a busca de aplausos, quando o povo precisa de amparo. Ao tentarem fazer
grandes e premiáveis os filmes daqui os cineastas brasileiros acabam por
apequená-los, ao se recusarem a assumir a simplicidade da vida nacional.
Aqueles milhares de assuntos singelos abordáveis, que realmente mostrariam
grandeza expressiva, não são servidos nem como cafezinho no restaurante dos
intelectuais, quanto mais como refeição do sonhado grande banquete.
Porque estão sempre
tentando imitar o estrangeiro nunca conseguem nada de relevante. É que OS
ESTRANGEIROS SÃO MESTRES NAQUILO QUE FAZEM, não podem ser por enquanto
superados. Para alcançá-los e depois ultrapassá-los é preciso ser capixaba,
brasileiro, sul-americano, terceiro-mundista, do hemisfério sul, atrasado,
medíocre, multiplicativo, simples, coió, jacu. É preciso ter a grandeza de
achar-se pequeno, de ser formiga antes de nascer elefante, de encarnar como
verme antes de ser julgado racional. Ora, os intelectuais daqui julgam-se acima
do ofício de motoboy, eles querem logo a presidência da firma, sem passar pelos
degraus da longa escadaria. As consequências são estas: eles fornecem munição
aos estrangeiros que desejam ver só o lado podre do Brasil. Não que este deva
ser ocultado, de modo algum, deve ser explicitado como denúncia e denúncia
chocante mesmo – mas é que em qualquer lugar a soma é zero, 50/50, também há o
outro lado.
Vitória,
quarta-feira, 19 de março de 2003.