segunda-feira, 30 de janeiro de 2017


Fé e Razão

 

                            Há a situação clássica em que Deus exige de Abraão como prova de fé a morte imolada em altar do próprio filho, que ele tivera na velhice. Obedientemente ele levanta a faca para cortar a garganta do garoto, quer dizer, a sua própria, destruindo totalmente sua existência e seu maior amor por amor de Deus.

                            Quando se olha os pares polares opostos/complementares no modelo fica evidente que fé e razão constituem um deles. Olhando o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática como centro) progressivamente, do primeiro par alto/baixo até o último, em Z, como se faz no modelo, Magia/Arte e Teologia/Religião estão do lado da fé, enquanto Filosofia/Ideologia e Ciência/Técnica estão do lado da razão. Matemática é tanto fé quanto razão, ou seja, tanto sentimento quanto razão.

                            Fé é confiança extremada, que se nega, que tira autenticidade de si para colocá-la toda em Deus. Se pensarmos em termos de independência, em termos materiais, renunciar a participação é angustiante, por exemplo, para filósofos e cientistas o deixar de pensar e de inquirir. Por outro lado, se pensarmos que Deus está na Tela Final e que tudo já está pronto e sabido, devemos obviamente confiar. Nenhum ser humano, nenhum ser racional, na realidade nenhum ser, em hipótese alguma, EXCETO UM, que ultrapassa a mera racionalidade para abarcar também o instinto, o sentimento, a emoção, SÓ UM, esse que dá o salto não-finito, Deus, pode realmente saber de tudo. Sendo assim, é pura veleidade pretender saber e é temeridade querer saber mais. Sob tal ótica a entrega total, essa prova desmedida de confiança que pede que se esqueça pai e mãe, é o que cabe de fato. Deus pergunta: “você confia? ” Ora, se Deus é TUDO a confiança deve ser total entrega, sem a mínima ressalva, até do único filho muito amado, de si, da esposa que se ama até a terminação do mundo, de tudo mesmo.

                            Razão e fé não se opõe PORQUE Deus é razão, é construção; os que caminham pela razão não terão fé, terão medo, a pequena morte diária, como recompensa toda a vida. Os que caminham pela fé não conhecerão, sendo seu prêmio a ausência de medo. Fé e razão só se opõe na cabeça dos seres humanos, sendo de fato raios num mesmo diâmetro cuja explicação é o centro da esfera de todas as possibilidades.

                            Vitória, sexta-feira, 21 de fevereiro de 2003.

Extinção de Ambientes

 

                            O modelo fala de pessoambientes. PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) residem em AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações, mundo), em se tratando de psicologias ou razões ou seres humanos. Fungos, plantas e animais ou quaisquer entes residem ou têm habitat em cenários, no caso em nichos ecológicos.

                            O boi-ente tem um ambiente lá dele, que é a sua contraforma ou permissão de existência, um molde exterior, que é composto de inúmeros outros seres. São cenários físicos/químicos e biológicos/p.2, naturais, e ambientes psicológicos/p.3, artificiais. Os municípios/cidades são as contraformas dos seres humanos, descendo até distritos (rurais) e bairros (urbanos). Não são cenários físicos/químicos e biológicos/p.2, apenas, são RACIONALIDADES AMBIENTAIS OU HUMANAS. Para fazer um ser humano morrer não é preciso tirar seu suporte B/p.2 ou F/Q, basta suprimir seu apoio P/p.3, sua racionalidade, sua ambientação psicológica.

                            Do mesmo modo no nível ou patamar B/p.2: quando suprimimos ambientes ou cenários biológicos ou biomas estamos concomitantemente suprimindo as espécies que dependem deles para viver e prosperar. E nem temos dado bola para a supressão de ambientes. Quando introduzimos ou espalhamos muitos bois e vacas estamos matando “n” espécies. Quantos ambientes estão ameaçados de extinção, neste momento? Não vemos listas deles, só de espécies, em geral animais.

                            No entanto, buldozeres e patróis estão arrancando imensas áreas de florestas, favorecendo os ambientes domésticos e matando os ambientes selvagens, isto é, acabando progressivamente com tudo que não é humano, do dominante racional da Terra, homogeneizada à nossa imagem e semelhança. Como o modelo diz, isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Se não preservarmos os ambientes estaremos matando todas as espécies nele e dele e a diversidade, que tanto compraz à mente superpoderosa dos seres humanos, diminuirá, para grande desprazer nosso. E esse lado ruim não se pode repor à custa de pouco dinheiro. Aliás, nem sabemos como fazê-lo.

                            Vitória, segunda-feira, 10 de fevereiro de 2003.

Encurralado II

 

                            Encurralado (Duel, 1971, EUA), de Stephen Spielberg, é um clássico que perdura há já 32 anos – obra prima que segue emocionando, mesmo já tendo passado na TV umas 30 vezes ou mais. É a estória do motorista de automóvel que enfurece o motorista do caminhão pesado, passando este a perseguí-lo implacavelmente, até que no final o caminhão se precipita no abismo. No entanto, a porta do caminhão se abre pouco antes, sugerindo que o motorista do caminhão teria pulado antes da queda.

                            Isso dá margem ao Encurralado II.

                            Como sabemos, temos interesse em ver a criatividade dos atores humanos, como eles se saem nas situações de dificuldade de enredo. O que poderia motivar um filme que parece esgotado? Qualquer seqüência pareceria menor, pois no final o sobrevivente exulta, pula, fica felicíssimo.  Saindo dali, passam-se muitos anos, ele vai se aborrecendo e tendo achado que jamais faria com os outros o que fizeram com ele é levado pelas circunstâncias sucessivas a enraivecer-se, passando a perseguir outro. Bom, qualquer que seja o recheio, o que fica é que nós, seres humanos, sempre achamos que não vamos nos portar como os demais. Sempre nos acreditamos melhores. Contudo, somos capazes das mesmas coisas e até de piores. Em nossas mentes formam-se pensamentos horripilantes.

                            No último momento, provavelmente, ele evitaria castigar realmente o outro, lembrando-se do que lhe fizeram.

                            O que é posto é o desafio de criar um filme crível a partir de algo que parece definitivamente encerrado, como se fosse uma sinuca de bico – vencer o desafio de algo que está próximo do impossível, tornando-o possível de forma surpreendente, com uma reviravolta qualquer e um daqueles finais inconcebíveis. Uma surpresa genuína. Isso é o que buscamos e esperamos, a inventividade brilhante.

                            Vitória, sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003.

Canais Financiados por Empresas

 

                            A Rede Globo colocou o Canal Futura, voltado para a educação. Do mesmo modo as empresas podem colocar centenas de canais, agora que há a televisão fechada por cabo e satélite, transmitindo apenas algumas horas por dia, ou produzindo documentários, porque o material televisivo novo ou usado custa pouco relativamente ao poder de certas empresas, isoladas ou em conjunto, depois as grandes redes comprando os melhores programas ou recebendo-os gratuitamente a título de propaganda.

                            Qual o objetivo e qual a utilidade?

                            O objetivo e alçar a coletividade a novos patamares compreensivos (quando/onde as exigências de consumo são maiores, para objetos genericamente mais caros). A utilidade é fazer conhecer um punhado crescente de oportunidades de raciocínio e empenho sobre a socioeconomia. Mais conhecimentos (mágicos-artísticos, teológicos-religiosos, filosóficos-ideológicos, científicos-técnicos e matemáticos) sobre a Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos), sobre patentes, sobre empreendedorismo, sobre caminhos de exportação e importação, empréstimos constitutivos ou não do capital inicial, federações e confederações econômicas, sindicatos patronais e de trabalhadores, partidos e toda gama de coisas que rodeiam a existência real e virtual das empresas.

                            A pergunta central é esta: que podemos fazer par ampliar os negócios sem ofender a permanência e prosperidade dos ecossistemas que são nossos sócios? Ou seja, como multiplicar a sustentabilidade e a Economia? Se alguém não vê as oportunidades não sei mais o quê dizer.

                            Vitória, segunda-feira, 10 de fevereiro de 2003.

Deus de Amor

 

                            Um rapaz de uns vinte e poucos anos, Márcio, auxiliar fazendário, me perguntou em Pequiá se há realmente um Deus de Amor, como dizem os religiosos. Veja preliminarmente no artigo deste Livro 23, Uma Chance no Infinito, que há, sim, definitivamente, pelo menos onde houver Natureza (e onde não houver não há ente pensante para raciocinar se há ou não).

                            Agora, vejamos que Natureza é agregação de matéria ao acaso, enquanto Deus seria o lado necessário.

                            Se há Natureza houve agregação que constituiu os objetos e houve energia que os modelou ou esculpiu. Chamamos a isso “atração”, por exemplo, a atração molecular. Na realidade, Atração geral na micropirâmide (campartícula fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos e corpomentes), depois o mesmo na mesopirâmide (atração PESSOAL: indivíduos, famílias, grupos e empresas; atração AMBIENTAL: municipal/urbana, estadual, nacional e mundial), depois na macropirâmide (planetas, sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos e pluriverso).

                            A atração vence a repulsa, o amor o ódio, todo um lado polar ao outro lado complementar, na esfera dois raios em oposição fazendo o mesmo diâmetro cuja explicação é o centro. NECESSARIAMENTE a constituição da Natureza exige que haja atração, amor, todos os adjetivos que ligam. ESTÁ POSTO na Natureza que o conjunto dessas atrações vá constituir Deus, ao fim e ao cabo. Seguindo em frente, lá pelas tantas há, como eu disse no modelo, o SALTO PARA O INFINITO a partir da hipermente, depois do nível informacional/p.4. Por um infinitésimo que seja um lado vence o outro, para que exista Natureza, o que necessariamente leva à complementação do par em Deus.

                            Ora, em algum ponto Deus se assume como Amor. Dado que Deus (Um, e só Um) está permanentemente nesse salto infinito, é não somente um Deus de Amor como de Amor Incondicional, não-finito, exatamente como dizem os religiosos sem explicação. Acontece que, segundo a Rede Cognata (ver Livro 2, Rede e Grade Signalíticas), amor = PAI = HOMEM, de modo que os arquétipos estão certos (pelo menos em português). Não me pergunte como os religiosos chegaram a essas constatações então improváveis sem qualquer ajuda.

                            Em todo caso, há, definitivamente há, e é mesmo pai. “Deus é Pai”, dizem eles, e parece ser verdade.

                            Vitória, sábado, 08 de fevereiro de 2003.

Como Dizem, Lar é Onde nos Sentimos Bem

(Porisso Alguns, Algumas Vezes, Procuram Ficar Fora de Si)

 

José Augusto Gava.

Vitória, ES.

Fevereiro/2003.

Atraso Mundial em Relação ao Modelo

 

                            Tomei da página do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas), do governo federal, a anexa Tabela de Áreas do Conhecimento, em que eles colocam:

                            GRANDES ÁREAS

1.       Ciências Exatas e da Terra

2.      Ciências Biológicas

3.      Engenharias

4.     Ciências da Saúde

5.      Ciências Agrárias

6.     Ciências Sociais Aplicadas

7.      Ciências Humanas

8.     Lingüística, Letras e Artes

9.     Outros

Pelo contrário, veja o anúncio do modelo, que é muito mais simples, listando o Conhecimento geral:

OS NOVE MODOS DE CONHECER

1)      Magia/Arte

2)     Teologia/Religião

3)     Filosofia/Ideologia

4)     Ciência/Técnica

0)     Matemática.

Formam um quadrado, com quatro vértices duplos, uma dupla pirâmide, uma para cima apontando a matemática superior e uma para baixo apontando a matemática inferior. Estão associados dois a dois. Há uma pontescada tecnocientífica que é repetida em cada par. A pontescada científica é: Física/Química (primeira ponte), Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6. A pontescada técnica é: Engenharia/X1, Medicina/X2, Psiquiatria/X3, Cibernética/X4, Astronomia/X5 e Discursiva/X6.

É quanto basta para enquadrar TODAS as disciplinas, como já fiz para uma grande quantidade delas em textos próprios do modelo. Não é preciso esse caos de matérias proposto pelo CNPq e por outras classificações ainda mais absurdas de vários epistemólogos.

                            Sendo assim, é evidente que há um notável atraso mundial e brasileiro e capixaba e vitoriense em relação ao modelo, ainda não publicado. Eu ia me dar ao trabalho de colocar as disciplinas do CNPq na seqüência do modelo, mas desisti desse trabalho hercúleo. Arre, égua! Só de pensar em desemaranhar essa confusão fico tonto.

                            Vitória, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003.