segunda-feira, 23 de janeiro de 2017


Desastroso Século XX

 

                            Querendo encurtar um século que foi um grande desastre em termos das paixões humanas (embora tanta coisa nova tenha nos presenteado), alguns historiadores falam de o século XX ter começado em 1914 com o início da Primeira Guerra Mundial e terminado em 1991 com a Queda da URSS – um século de 77 anos.

                            Vejamos os mortos (se não me falha a memória):

·        Na Iª Guerra Mundial uns 17 milhões;

·        Na IIª Guerra, em torno de 60 milhões dos quais 20 milhões na URSS e seis milhões de judeus como destaque;

·        De Pol Pot, o ditador assassino do Khmer Vermelho, no Camboja três milhões de infortunados compatriotas;

·        Os milhões de mortos dos expurgos fascistas de Stalin;

·        Os milhões de mortos das guerras étnicas e de “limpeza étnica”;

·        Os desassistidos, centenas de milhões, e os mortos de fome;

·        Uma lista grande que não vou fazer questão de pesquisar.

Pondo em duas colunas (para não falsear a questão, sobrelevando o lado ruim), tanto as realizações e saltos quanto as depressões e recuos psicológicos ou de humanização ou harmonização, o que o século XX produziu? Precisamos fazer esse levantamento isento, levando em conta tanto um quanto outro lado. Os acadêmicos estão chamados a fazer esse levantamento preciso através da geo-história do mundo nos 100 anos que vão de 1900 a 1999.

Vitória, terça-feira, 14 de janeiro de 2003.

Conversas com Gabriel

 

                            Gabriel tem agora dezesseis anos, passou no vestibular da FDV em direito noturno em 13º, na PUC Minas em engenharia mecatrônica em 31º e na primeira fase da UFES em 5º, tendo dado um salto extraordinário, vindo do interior do ES, Afonso Cláudio, onde ambos moravam com a mãe e o ensino era fraquinho. A Clara também passou em 2001 em história na UFES primeira fase em 5º lugar e depois passou na segunda fase, está cursando o segundo período.

                            Enfim, não são somente os meus filhos, todas as crianças são formidáveis, pelas razões de construção do ADRN e do ambiente umas mais e outras menos, mas todas são fantásticas, valores admiráveis que temos junto de nós. Não me canso de admirar, esses dois porque estão mais perto. Não obstante os pais e as mães, tendo ou não razões justificadas, brigamos muito com nossos filhos, o que é lamentável.    

                            Tenho conversado muito com meus filhos, desde quando vieram de volta há quatro anos, depois de cinco anos de separação. A Clara, sendo menina, mais velha e amadurecida, têm outros interesses que andar com o pai, mas Gabriel me instrui com freqüência com suas visões que contemplo e aplaudo. E deveria ser assim para todos os pais e mães. Por vezes nos sentimos vexados de ouvir dos mais novos, nós perdemos nossa capacidade de aprender, nós abdicamos de nossa mais fundamental defesa, o aprendizado. Ando horas a fio com eles, ouvindo e falando, expondo o modelo, as coisas que pensei, vendo suas versões, anotando mentalmente e citando o que dizem. Só com eles porque não tenho acesso às demais crianças, que seriam igualmente, ou mais ou menos, capazes, com ligeiras diferenças.

                            Não é apenas “obrigação de pais e mães” conversar com suas crias, para livrá-las das drogas, das más companhias, dos desvios, é por puro prazer mesmo. Não é somente altruísmo, nem dever social, é o mais puro egoísmo, da satisfação de aproveitar bons pensamentos, o que vem sendo perdido por uns e outras, o que é definitivamente uma pena. Se você está começando tarde, insista, persista, pois o prêmio (para você) é grande.

                            Vitória, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003.

Conversação

 

                            Numa conversa, que é mecânica (estática/dinâmica), o diálogo significa dia/logo, duas lógicas, dois modos de ver que trocam info-controle ou comunicação. Con-versar é versar junto, tratar junto, num ritmo rapidíssimo e muito interessante, absorvente quando partilhada, e admirável, mirável de fora. Convers/ação é o ato permanente de conversar.

                            Evidentemente é tão interessante porque cada lado se lembra de uma coisa e pega carona (diziam “ponga”, na minha infância, existe no Houaiss eletrônico como um jogo, q.v.) na fala alheia e tão próxima. Acontece que isso pode ser usado como técnica de extração de conceitos e formas a partir de um grupo, qualquer que seja, não precisa ser de gênios em tanques de pensamentos, pode ser o grupo mais díspar e trivial do mundo. Só de apresentar as imagens e as palavras vão chover associações, que podem ser gravadas para mineração posterior.

                            Os governempresas podem e devem usar essa técnica ou prática até transformá-la em ciência ou teoria psicológica nas empresas e nos governos, nas políticas e nas administrações, para resolver quase tudo. O encadeamento sucessivo iria nos dar bilhões de coisas novas, quando trabalhadas por pessoas encarregadas de triar e organizar as informações, pois surgiria muita coisa redundante ou já sabida. Entrementes, em meio à ganga estariam as preciosas pérolas de sabedoria.

                            Vitória, sábado, 11 de janeiro de 2003.

Comparabilidade Pessoambiental

 

                            Comparabilidade é a qualidade do que é comparável, o que é passível de comparação, o ato permanente de comparar, de comparar, parar junto, metrificar, colocar junto duas medidas (porque, veja, tanto a régua mede a mesa quanto a mesa mede a régua). As PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos) formam as PESSOAMBIENTES.

                            Existem indivíduos TÃO OBSCUROS que mal vão além de si mesmos; outros atingem o nível de destaque familiar, alguns o nível de proeminência grupal, um tanto menos o da evidência empresarial e assim por diante.

                            Podemos colocar assim

            P/A                                   RELAÇÕES COM PESSOAS

INDIVÍDUOS                 indivíduos        famílias             grupos              empresas

FAMÍLIAS                      indivíduos        famílias             grupos              empresas

GRUPOS                         indivíduos        famílias             grupos              empresas

EMPRESAS                    indivíduos        famílias             grupos              empresas

M/C                                  indivíduos        famílias             grupos              empresas

ESTADOS                       indivíduos        famílias             grupos              empresas

NAÇÕES                         indivíduos        famílias             grupos              empresas

MUNDOS                       indivíduos        famílias             grupos              empresas

                            Quais são os indivíduos que se projetam a nível mundial? Madre Teresa de Calcutá, Lady Diana, Mahatma Gandhi, Pelé, Christiaan Barnard, Airton Senna, vários outros. Há empresas tão pequenas que não saem do bairro onde estão – sendo amplamente desconhecidas noutros bairros da cidade. Alguns grupos, como o Greenpace, são conhecidos no planeta inteiro.

                            Esse é o fato.

                            Agora, o que podemos fazer com o fato? Podemos apenas publicá-lo como curiosidade ou podemos ganhar dinheiro com ele. Quais seriam as listas de pessoas em cada coluna da direita? Listas de indivíduos, listas de famílias, listas de grupos e listas de empresas. Listas não-propagandísticas, mas sim úteis. Listas que sirvam para facilitar os consórcios das pessoas. Listas associando a produtos a que elas estejam ligadas. Se desejo o serviço ou o produto tal ou qual, de qual pessoa posso obtê-la, tanto as pessoas físicas (indivíduos e famílias) quanto as pessoas jurídicas (grupos e empresas)?

                            Vitória, domingo, 12 de janeiro de 2003.

Colégio das Doações

 

                            Como já disse, os que pretenderem doar não devem fazê-lo sujeitando-se à claque dos enganos e das traições, dos aproveitadores, dos vermes que tomam o dinheiro dos outros. Devem fazê-lo interpondo investigações, o que pressupõe organização ou sociologia. Governos e empresas não devem institucionalizar as doações, isso seria tremendamente errado; mas podem perfeitamente, já que a coisa ocorrerá de um jeito ou de outro (2,5 % das pessoas, no mundo atual 150 milhões, desejarão impulsivamente doar qualquer coisa, e outros 47,5 % estarão propensos, com maior ou menor anseio), instituir regras, inclusive legais, para balizar essas doações.

                            Por exemplo, criando os CD, escolas mesmo, até universidades, em que o ato de doar, de dar, de ceder o que é seu por tal ou qual motivo, seja estudado e amparado.

                            Antes de tudo devemos ver que há dois modos de doar: 1) o ato da caridade, que é o “dar o que tem sem saber a quem”, que é sem propaganda, que é legítimo, que é escondido, que é simples e maravilhoso, que é autêntica renúncia, e 2) a solidariedade, que é suja, que é porca, que é publicidade, que é autocongratulação destinada ao inferno, como aquela que fazem esses artistas, estampando seus nomes na mídia e com isso recebendo seu detestável pagamento, que vem da sujeição alheia via agradecimento.

                            Esse segundo modo merece castigo, porisso não vou tratar dele, e sim da proteção dos verdadeiros doadores, que vão fazê-lo interpondo uma linha de desconhecimento entre doador e recebedor. A entidade doadora que os representar tratará de protegê-los da curiosidade alheia. Essa proteção diz respeito à correta aplicação dos recursos, impedindo-se e bloqueando-se a qualquer custo a penetração dos trambiqueiros. Não cuido dos outros, eles que se danem.

                            Para os puros, toda proteção. Os governempresas devem instituir instrumentos de cessão dos legados, colégios cuja pedagogia seja adequada aos impulsos daqueles 2,5 %, os quais não devem ser sujeitos a chacotas e deboches.

                            Vitória, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003.

Círculo de Tolkien

 

                            Não sabemos se conseguiremos reunir dinheiro para filmar 700 episódios, cada um a um milhão de dólares (ou mais) em modelação ou computação gráfica. Na realidade deveríamos três dois ou três bilhões, para sermos coerentes até os detalhes. Só o Silmarilion, que é guerra de gente grande, necessita de contínuo trabalho de percepção.

                            Tolkien foi o primeiro autor a dar tal nível de detalhes a sua obra, ou seja, o que mais respeito seus leitores, junto (mas em ponto menor) com Frank Herbert, de Duna, e Isaac Asimov, de Fundação. As sagas construídas por Tolkien são simplesmente espantosas no sentido mais elevado possível. Ele se esmerou e fez uma coisa que perdurará mesmo, mais e mais venerada quanto mais passe o tempo.

                            Por esse motivo, sendo junto com meus filhos profundo admirador desse conjunto de livros (O Hobbit, Silmarilion, O Senhor dos Anéis, Tom Bombadil, Contos Inacabados I e, dizem, II), espero mesmo que se juntem pessoas de todas as partes, através da Internet, de cartas, da restante mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal e Livro) para estudar e valorizar esse dedicado autor em círculos de debates. Não é preciso, é até ridículo, elevarem-no a um pedestal. A dialética diz que pedestais sempre caem, com efeitos desastrosos, como aconteceu com todas as estátuas do culta à personalidade de Lênin, depois do fim da URSS. Uma coisa mais simplesinha, mas que atravesse as gerações, cheias de grata surpresa por tão elevada consciência e sentimento.

                            De crianças a adultos muito velhos, creio, as gerações se encherão sucessivamente de pasmo perante a vastidão do modelo de mundo que Tolkien criou. Palmas para ele, que leio enlevado desde 1975.

                            Vitória, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003.

Aulas de Tecnociências

 

                            De técnicas: de Engenharia/X1, de Medicina/X2, de Psiquiatria/X3, de Cibernética/X4, de Astronomia/X5, de Discursiva/X6.

                            De ciências: de Física/Química, de Biologia/p.2, de Psicologia/p.3, de Informática/p.4, de Cosmologia/p.5, de Dialética/p.6.

                            Quanto aos níveis temos: pré-primário, primeiro grau, segundo grau, terceiro grau, mestrado, doutorado e pós-doutorado. No PP, no PG e no SG não pode ser ensino muito elevado porque as crianças não têm as chaves que decifram. Mesmo assim, as aulas podem ser MUITO MAIS densas que as atuais, até servindo-se de revistas de divulgação como Superinteressante, Galileu e outras, ou de revistas de sociedades científicas, como Scientific American, de origem americana, publicada pela primeira vez nos EUA em 1845, desde 2002 no Brasil, e a Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que vem sendo editada há uns 20 anos ou mais.

                            A questão toda é esta: as crianças devem ser “puxadas” para alturas muito maiores, que o Brasil nunca alcançou exatamente em virtude de suas paupérrimas intenções nacionalistas de fundamentar e projetar seu povo e suas elites. Essa extração emocional e racional não deve ser seletiva, isto é, não deve ser voltada às elites monetárias, ricos e médios-altos, e sim a todos, pois não sabemos de onde vem os talentos.

Problemas momentosos, questões profundas e difíceis, da linha de frente das tecnociências, devem ser postas abertamente, de modo a comprometer as consciências e inconsciências jovens com as pretendidas soluções, mesmo se quando eles e elas crescerem não sejam mais aquelas as premências.

                            Enfim, o objetivo é criar EM CADA ESCOLA DO PAÍS, sob qualquer dependência administrativa, fundo interesse pela solução de problemas. É motivar os alunos e as alunas, os professores e as professoras, os diretores e as diretoras, todos, absolutamente todos e todas a se engajarem na atualização das tecnociências no Brasil inteiro, de cabo a rabo.

                            Vitória, quarta-feira, 15 de janeiro de 2003.