sábado, 21 de janeiro de 2017


Clonagem e Ecossistema

 

                            No DVD da National Geographic, Clone, O Futuro do Homem? - alguém sugere que a clonagem, supostamente a salvação das duas ou três mil espécies ameaçadas de extinção, pode contribuir para esta, exatamente porque, imaginando que será haverá um último segundo no qual poderíamos salvá-las tal não aconteceria e tudo se perderia. A volta anunciada do Tilacino, o Tigre da Tasmânia desaparecido em 1930, a colocação em estase de centenas de espécies com células congeladas, tudo isso pode realmente contribuir para a extinção, pois como se disse no DVD as pessoas podem reduzir seus esforços de conservação, podem abrandar sua luta.

                            A dialética pré-anuncia isso: que algo que fazemos visando acertar a folha de pagamento só faz piorar tudo; que ser atencioso demais com as mulheres pode passar como melosa subserviência, que elas detestam; que o abrandamento e o tratamento civilizado aos que se consideram inimigos pode significar o avanço incontido deles, presumidamente diante da fraqueza.

                            É porque, como o modelo mostra, não são só pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas), são também ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) no caso humano, racional, psicológico. Não basta conservar o indivíduo, deve-se conservar também a cidade. Se queremos que a empresa prospere devemos melhor concomitantemente seus ambientes.

                            No caso da Biologia/p.2 os cenários em que se inserem os organismos, os corpomentes não-racionais (no caso humano a racionalidade não está no indivíduo isolado e sim no crescimento da mesopirâmide, composta de pessoas e de ambientes, em oito níveis ou patamares). Cenários também são extintos e é, aliás, porisso mesmo que as espécies estão sendo extintas, pela extinção de seus cenários. Que adiantaria trazer de volta os dinossauros se os cenários deles não estão mais aqui?

                            Há aí um perigo insuspeito, realmente.

                            Vitória, terça-feira, 07 de janeiro de 2003.

As Percepções de Gabriel

 

                            No prosseguimento dos livros coloquei a questão dos 1/40 (um quarenta avos), que o modelo aponta como sendo os 2,5 % que estão em qualquer extremidade, por exemplo, a da perfeição. Devem existir 2,5 % de bombeiros perfeitos, de arrumadeiras perfeitas, de fofoqueiras que fofocam o tempo inteiro, sem dar folga um segundo.

                            Percebendo mais a fundo, meu filho Gabriel (agora com 16 anos), colocou muito melhor a questão da “pessoa certa, na hora certa, no lugar certo”. Na realidade o modelo diz que é mais que isso. A Psicologia certa é composta de: 1) figura ou psicanálise certa, 2) objetivo ou psico-síntese certa, 3) produção ou economia certa, 4) organização ou sociologia certa, 5) espaçotempo ou geo-história certa (que se abre em espaço ou lugar certo e tempo hora certa)

                            Então, imaginemos uma peneira com sua grade característica representando as condições ou exigências ou demandas ou ambientes (municípios/cidades, estados, nações, mundos) e pedrinhas representando as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) ou ofertas. É pedido o conserto de uma roupa e deve existir uma costureira ou um costureiro que é o melhor, 1/40 ou 2,5 %. Há até A, AA, AAA, AAAA (de 1A a 4A, 1B a 4B, 1C a 4C, 1D a 4D). Os AAAA ou 4A são raríssimos no mundo, apenas 2,5 mil em seis bilhões vivos.

                            Pode ser que o melhor de todos os costureiros (CSTS-4A) esteja sendo solicitado e se encontre nalgum outro ambiente que não em Vitória. Assim sendo, demanda e oferta não se encontram; às vezes o melhor costureiro do mundo está lavando carros ou sendo engenheiro ou o que for, há desvio de função. Como se faz (erradamente, deveriam ser testes QIMC, Quociente de Memória, Inteligência e Controle) com os testes de QI, deveríamos ter TESTES DE FUNÇÃO, TF, para sabermos em que efetivamente o sujeito é melhor, orientando-o para aquilo, onde ele exercerá plenamente seus potenciais ao máximo, para sua e nossa felicidade.

                            Do mesmo modo, diz ele, se peneira x pedra passarem um pelo outro, as potências se exerceriam mutuamente ao máximo. Não se expressou exatamente assim, ele é jovem, não tem facilidade de falar e de concatenar perfeitamente as idéias. Mas, conversando, fui seguindo sua linha de raciocínio. E mais tiraríamos se mais conversássemos.

                            Ora, acontece que como ele existem por aí milhões, bilhões de jovens a que não prestamos atenção, devido a esse idiotíssimo preconceito de pais e mães e “mais velhos”, os adultos babacas. Eu era revoltado quando tinha a idade dele e continuo revoltado com a indiferença dos mais velhos com os mais jovens.

                            Imagine o quanto já perdemos, estamos perdendo, perderemos por não darmos atenção aos jovens e às crianças. Eu pego qualquer coisa vinda de qualquer lugar, qualquer tempo, qualquer pessoa, qualquer ambiente, mas nem todos são assim.

                            Vitória, sexta-feira, 03 de janeiro de 2003.

A Socioeconomia do Jacaré


 

                            Já contei que por volta de 1985 quisemos criar jacarés no Degredo, os 80 alqueires que tínhamos de areia lá pelos lados da Povoação, distrito de Linhares, ES. O órgão governamental protetor de então foi contra. Se estávamos pretendendo criar não estávamos matando, não é? Não teve apelação.

                            Passados tantos anos vem essa idéia, junto com Alvacy Perim, irmão de minha mãe, de criar jacarés em regime industrial, pois no Pantanal Mato-grossense estão quase como praga. A pele iria para sapatos e bolsas, a carne “para os pobres”, diz ele, as agroindústrias se instalariam aos montes no local, as fazendas sendo preparadas para tal.

                            Acrescento que se deve juntar os ecologistas e os conservacionistas ao projeto, por exemplo, através do Projeto Genoma do Jacaré, ganhando-se algo mais com a coisa. Filhotes podem ser exportados tanto para o Brasil quanto para outras nações. As fazendas podem receber ecoturistas, podem vender carne aos restaurantes elegantes do Sul e Sudeste, ou aos de outras nações. A carne sobrante, numa medida qualquer, pode ir complementar as fontes de proteínas nas escolas das redondezas. Milhares, centenas de milhares podem ser envolvidos.

                            Ou seja, em vez de uma coisa depressiva e proibitiva, para baixo, algo de otimista, franqueado, para cima, com crescimento e desenvolvimento socioeconômico. Em resumo, porque estamos sempre proibindo e não facilitando? Se as vacas e os bois tivessem sido protegidos pelos conservacionistas e ecologistas radicais, teríamos hoje 100 mil delas e deles, em perigo de extinção, sendo necessário criar parques e reservas especiais que custariam dinheiro do contribuinte. Do jeito que foi feito elas e eles são hoje centenas de milhões. É justa a preocupação, mas através do Consórcio do Jacaré podemos tirar dinheiro, digamos um tributo especial de 10 %, a ser capitalizado num Fundo do Jacaré, que ajudará também outras espécies.

                            Vitória, sábado, 04 de janeiro de 2003.

Achados e Perdidos


 

                            A revista Scientific American (Cientista Americano) ano 1, número 1, sendo depois de 157 anos (primeira americana de 1845) em português no Brasil, página 20, artigo Loucuras do Mercado, diz que “cerca de US$ 6 trilhões em valores de cotações desapareceram entre o estouro da bolha da NASDAQ, em abril de 2000, e sua recente estabilização (...)”.

                            Essa coisa parece uma daquelas seções denominadas Achados e Perdidos (o que, aliás, é esquisito – deveria chamar-se Perdidos e Achados, porque o primeiro logicamente vem antes). Seis trilhões NÃO SOMEM assim, mudam de mãos. Primeiro, sob condições de continuidade da produção, sem recessão, apenas há transferência. Os estudiosos, os pesquisadores em geral se recusam a mostrar como esse dinheiro MUDOU DE MÃOS, ainda continua circulando no mundo, mormente nos EUA – alguém perdeu e alguém ganhou, alguém perdeu e alguém achou. Bandidagem do mais alto calibre fez conversão numérica e as poupanças de milhões foram engordar algumas contas.

                            Segundo, mesmo se houvesse recessão, nominalmente há perda porque ninguém quer pagar 800 mil dólares numa casa, pagariam apenas 100 mil, digamos. Nestas condições houve uma multiplicação monetária, a moeda sofreu deflação, aplicou-se lhe socioeconomicamente um multiplicador, quer ele seja linear, de todos e cada um, ou seletivo, mais de alguns que de outros, sendo neste caso o mecanismo inverso da inflação. Ainda assim os preços reais continuariam os mesmos, sendo retomados em outras bases quando do crescimento. Um hangar de aviões não perde valor sensível, real, com deflações, nem é realmente valorizado com inflações. Só o valor venal, de venda, muda.

                            Então, de todo modo, os seis trilhões continuam por aí, nos bolsos de uns em vez de nos de outros, circulando em paraísos fiscais, ou dentro ou fora dos EUA na economia não protegida por sigilo asqueroso, internato dos meliantes. Estarrecedor não é só ter acontecido – é, muito mais, que ninguém investigue a fundo.

                            Vitória, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003.

A Semaninha de 22

 

                            A Semana da Arte Moderna aconteceu no Teatro Municipal e São Paulo de 11 a 18 de fevereiro de 1922 e reuniu nomes agora famosos e destacados, como Anita Malfatti, o suíço John Graz, os pintores Emiliano Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro, e vários outros. Muitos poetas e escritores aderiram depois aos princípios de desconstrução do academicismo europeu anterior. No entanto o que fizeram foi re-europeizar o Brasil, apenas transpondo o fosso de 50 anos de desatualização em todos os campos.

                            Não foi nada de grandioso, mesmo. Superlouvaram porque o Brasil nunca foi capaz de nada realmente imponente, estamos sempre fazendo pequeninas coisas a que ninguém presta atenção, diferentemente dos japoneses com a Restauração Meiji em 1868, ou a recuperação pós-guerra, a partir da destruição quase total em 1945. Ou o Caminho de Duas Vias dos chineses implantado com a entrada de Deng Xiaoping em 1982. Ou o crescimento da Coréia do Sul. Ou a fantástica mudança mundial promovida pelos EUA nos últimos 60 anos, ou as conquistas européias, ou tudo que poderíamos citar.

                            Enfim, falta tutano aos brasileiros. E aí pegamos qualquer coisinha e elevamos à condição de mito. A Semana da Arte Moderna modernizou o quê? Nas tecnartes (DA VISÃO: poesia, prosa, pintura, desenho, fotografia, dança, moda, etc.; DA AUDIÇÃO: música, discurso, etc.; DO PALADAR: comida, bebida, pasta, tempero, etc.; DO OLFATO: perfumaria, etc.; DO TATO: cinema, teatro, urbanismo, paisagismo/jardinagem, decoração, esculturação, tapeçaria, arquiengenharia, etc.) o que mudou? O que deu grandes saltos? O que se tornou autônomo, independente da Europa? Nada, ou quase nada. Não houve um Bauhaus, não houve re-desenho de objetos ou relações, ficamos na mesma. As cidades não se modificaram, as artes não se alteraram, nem os conhecimentos (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) se transformaram.

                            Grande gritaria intelectual e artística, assim mesmo restrita ao eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ninguém fora dali percebeu. Perguntem ao povo! Façam enquetes! Ninguém ouviu falar, exatamente porque não foi importante para o povo, sequer para as elites. Não interferiu no desenvolvimento, não propulsionou o crescimento, não fez absolutamente nada.
                            Vitória, domingo, 05 de janeiro de 2003.

A Recepção dos Antigos

 

                            Os cientistas insistem em dizer que os neanderthais foram não apenas deslocados, mas que desapareceram totalmente, não deixando qualquer traço em nosso ADRN. Não posso concordar com isso de modo algum, porque não é lógico. Eles teriam sido exterminados em todos os sítios onde houve confronto dos modos de viver e perceber? Teriam sido obliterados?

                            Do mesmo modo que uma civilização (digamos a asteca no México de 1500) não é forçada ao desaparecimento total, sendo absorvida nos rituais novos, misturando-se com estes, também os hominídeos antigos não devem ter sido mortos e sim absorvidos pelo fazer mais hábil, mais competente, mais capaz e mais recente, o do homo sapiens sapiens. Faz mais sentido que sucessivamente uns fossem absorvendo os outros e que essas pessoambientes (pessoas e cenários ou ambientes de adaptação) mais antigas se acomodassem como íntrons ou genes inativos no ADRN resultante. Seria porisso mesmo que o produto final, o HSS, está adaptado a todos os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) da Terra como PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas).

                            É porque em nós estão os australopitecos, os ramapitecos, os homens hábeis, os homens eretos, os homens de Neanderthal e os homens de Cro-Magnon, nossos antepassados diretos. Como as panelas pegam desenhos antigos, são suas herdeiras, os humanos devem constituir uma linha ininterrupta. Devido a qual razão herdaríamos dos macacos, especialmente dos chimpanzés, e não dos nossos primos mais próximos? Não faz sentido. Os humanos mais antigos estão dentro de nós, desativados; de vem em quando uma porção remonta, reaparece numa forma, num conteúdo, numa pele qualquer.

                            Vitória, domingo, 05 de janeiro de 2003.

A GH dos Iluminados

 

                            A geo-história dos iluminados não é fácil de contar, pelas razões que veremos. Os níveis de percepção são sete: 1) povo, 2) lideranças, 3) profissionais, 4) pesquisadores, 5) estadistas, 6) santos e sábios, 7) iluminados. Evidentemente os que estão muito distantes não sabem como fazê-lo PORQUE não sentem senão as suas dificuldades próprias, nunca as de cima. Os santos e sábios só sentem também as suas, mas estando mais próximos PODEM ESTIMAR quais sejam as de cima. Um pesquisador não pode contar a GH dos iluminados porque só consegue ver o nível seguinte, dos estadistas.

                            Eis a Psicologia geral dos iluminados: a) figura ou psicanálise dos iluminados, 2) objetivos ou psico-síntese dos iluminados, 3) produção ou economia dos iluminados, 4) organização ou sociologia dos iluminados e 0) geo-história ou espaçotempo dos iluminados. Como uma liderança vai saber o que pensam os estadistas? Está longe demais! O que mais a liderança aspira é se tornar um profissional (político, profissional liberal, professor). Se ela tentar contar as GH’s dos iluminados vai fazê-los parecer profissionais.

                            Assim sendo, enquadrando conforme o modelo, os santos e sábios podem se entregar à tarefa, mas de preferência o fariam em grupo. Acontece que os S/S não sabem se são realmente S/S, nem ninguém sabe que o são até que morram, o que torna tudo mais difícil. Assim, o jeito é eles contarem as GH esperando que sejam S/S, podendo não os ser. Em todo caso os governempresas devem entregar a essas pessoas retraídas e humildes essa tarefa gigantesca, pois proceder de outro modo é apequenar os iluminados nos níveis inferiores de percepção. É dilapidar riqueza da presença dessas raríssimas pessoas.

                            Vitória, domingo, 05 de janeiro de 2003.