sexta-feira, 20 de janeiro de 2017


Programáquinas Psicológicas Antipatológicas e Antissociopáticas

 

                            Psicopatias são doenças psicológicas, do indivíduo, ao passo que sociopatias são doenças do coletivo. Existem-nas aos milhares, somando-se às quatro mil doenças genéticas, segundo Asimov. Programáquinas são programas-máquinas, porque o par polar oposto/complementar vem sempre junto, por exemplo, máquinas que rodam programas e programas que são rodados em máquinas, como este computador que roda Windows 98 e Office 2000.

                            Temos vastos programáquinas que tratam dos níveis físico-químicos e até daqueles dos níveis biológicos/p.2, mas não, definitivamente não dos que tratariam dos patamares muito mais elevados, os psicológicos/p.3. Não há universidade psicológica/p.3, embora haja-as de medicina, de engenharia, etc. Não temos institutos com centenas e até milhares de pessoas investigando os níveis psicológicos. Resulta que não temos ataque maciço aos problemas de psicopatia e sociopatia. Só para colocar um paralelo grosseiro, mandam esquadrões da SWAT (os americanos não vão gostar de ver assim, mas são esquadrões da morte, e em público, ainda por cima). Não há um esquadrão de psicanalistas (de figuras novas) e psico-sintetizadores (de objetivos novos) para as pessoas, um esquadrão de sociólogos (para organizações novas), um esquadrão de economias (para produções novas) ou um esquadrão de geo-historiadores (para espaçotempos novos). Para tratar a alma humana, que é o mais sensível dos instrumentos, mandam um grupo de abrutalhados, de bizarros, de monstros grosseiros, de orcos. O resultado pode ser mesmo desastroso e tem sido assim por décadas, séculos, milênios.

                            Lá vão os esquadrões enfrentar terroristas perigosíssimos e malvados, ou drogados, ou o que seja, com o mínimo de ou nenhuma preparação. Há até milhares de pessoas em empresas e ninguém que saiba avaliar realmente o estado geral de espírito ali. É uma piada, é uma gozação, colocando mesmo os humanos em estado de perigo constante em todo o mundo, por todos esses milênios. Por que ninguém pensou realmente, a fundo, o que é preciso fazer para pacificar os psicodestruitores, os psicavassaladores, os psicoadoecidos? Por quê também não aos sóciodestrutiodores, os sociavassaladores e os sócioadoecidos?

                            Se uma empresa estivesse se dissolvendo, com guerras internas, o que é que faríamos? Enviaríamos um esquadrão de psicólogos (psicanalistas, psico-sintetizadores, economistas, sociólogos e geo-historiadores)? Como tratamos uma escola que esteja em processo de agressão pelos vendedores de drogas? Se um governo estrangeiro pedir ajuda (não de facções em guerra, seria questão interna) para ajudar nesta ou naquela questão, por exemplo, a renovação de uma favela, como faríamos? Nós não sabemos, não temos respostas.

                            Nem muito menos temos programáquinas especificamente para este ou aquele gênero graduado de respostas (1 a 100 % de afinação), conforme nossas necessidades. Não temos esses escritórios inscritos como empresas psicológicas. Oh! - quantos atrasos. São totalmente assombrosas nossas incapacidades presentes de responder PSICOLOGICAMENTE a pedidos psicológicas de ajuda. Nós nos comportamos dando remédios para o corpo. É como se, diante de um fígado doente, fôssemos tratar seus átomos e moléculas, quimicamente, e não seus replicadores e células (que, aliás, é o que se fazia e ainda se faz, nas produções-organizações mais atrasadas). Em resumo, não temos as PM/PAP nem as PM/PAS. Não podemos pegar quaisquer instrumentos que nos ajudem a debelar rebeliões (o que viria a ser perigosíssimo, se tivéssemos e caísse nas mãos de governos tiranos).

                            Vitória, sexta-feira, 27 de dezembro de 2002.

Precisão


 

                            Em um ou outro texto pode aparecer grafado 3.000 ºK.

                            Isso é certo ou errado?

                            Tomando o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), se aparecer em textos de ciências e técnicas seria errado, porque tantas casas decimais, como se sabe, indicam uma precisão de até mais ou menos meio grau Kelvin, ou seja, seria 3.000 +/- 0,5 ºK, e a menos que se esteja falando de instrumentos de precisão é preferível anotar 3.10³ ºK, porque aí teríamos precisão de +/- 500 graus.

                            Agora, aparecendo nos demais modos de conhecer pode-se colocar assim. E quanto à Matemática, é certo ou errado? A Matemática que trate de números exige as divisões corretas, mas como não vamos saber se é este ou aquele caso, é preferível nem cuidar do assunto. A Matemática é um caso à parte. A questão da precisão demandaria um texto longo. Como não dispomos de tanto tempo assim, ainda que tal sondagem seja interessantíssima, seria melhor que fora da Ciência e da Técnica usássemos palavras, em lugar de números. Seria o melhor, mas as pessoas não vão resistir. Uma alternativa seria de usar símbolos diferentes, o que é complicado. Outra seria deixar tudo como estar e arcar com os prejuízos de compreensão, quem não entende ficando com as dúvidas e quem entende sabendo distinguir. O comodismo nos indicaria essa saída.

                            Porém, algumas pessoas são aproveitadoras e usam os números para dar indevida idéia de inexistente precisão, penso que a questão bem vale um programa cuidadoso que rode nos países todos, o sendo este um vestibular para a introdução na questão mais ampla da precisão, daquele aprofundamento que não desejo fazer agoraqui. Vale bem um documentário.
                            Vitória, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002.

Plateia


 

                            No filme Rua Paraíso, que assisti aos pedaços num dos canais Telecine, o personagem Azad, autor teatral, fala de estrear uma peça tendo Deus como platéia. Usando a Rede Cognata traduzi platéia como PIRÂMIDE. Não pode ser uma com o vértice para cima porque as pessoas não conseguiriam todas ver a encenação, de modo que deve ser com o vértice para baixo.

                            Se for escavada no chão os degraus constituirão a pirâmide. Como vértice teríamos o último patamar e este seria um plano destacado do resto acima, pelas laterais embaixo entrando os atores e as atrizes desde os camarins e áreas de preparação. Imagine uma pirâmide pelo lado de dentro, emborcada, as pessoas sentando nos degraus reversos. As luzes dos holofotes estariam presas no penúltimo degrau.

                            Os atores não se apresentariam para uma “boca de cena”, um plano ideal, e sim para o espaço acima, sendo vistos como criaturas o seriam por deuses situados acima. Talvez seja possível à frente de cada espectador haver um TV que mostre todas os lados da peça. E também microfones como headfones. As cadeiras mais caras seriam as dos degraus mais baixos e próximos do palco (=PLATÉIA) espacial, quase cara-a-cara.

                            Sujeita a adição de engenhos, eis uma modificação que pode ter enorme significado para a renovação teatral.

                            Vitória, quarta-feira, 25 de dezembro de 2002.

Perigos Embutidos


 

                            Peguei pelas metades o filme americano Hit Man (nem foi traduzido), que é sobre um livro com esse nome, escrito pelo que no final ficamos sabendo ser uma mulher de identidade protegida e usado por um homem contratado em 1993 para matar um garoto entrevado, sua enfermeira e sua mãe, divorciada do contratante.

                            A Primeira Emenda da Constituição americana protege a transferência de informação e o advogado da editora que publicou o livro apela a ela para defender seu cliente. O contratante foi julgado e condenado em 1996. Depois o caso contra a editora foi finalmente aceito e em 1999 ela fez um acordo de pagamento de vultosas quantias às famílias das vítimas.

                            Observe que se ela não tivesse feito isso e o julgamento fosse a termo, de duas uma: 1) ou a defesa ganharia, abrindo espaço para novas contestações à PE, cerceando a liberdade de imprensa onde ela fosse mesmo imperativa, 2) ou a PE protegeria a editora e isso abriria espaço para alguém nascido nos EUA, sob proteção da dela, publicar livros de terrorismo, ensinando como matar americanos, fazer bombas, seqüestrar, etc., com os agentes da autoridade manietados. Sinuca de bico, verdadeiramente. Ora, a editora recuou, talvez aconselhada, mas em algum momento a coisa vai vir à tona, quem sabe até de forma provocada, para testar os representantes da autoridade ou a liberdade americana.

                            Agora, de passagem, o que nada tem a ver com a discussão acima, que será acirrada mais cedo ou mais tarde, no filme o contratante diz, falando ao contratado por paráfrases sobre ganhar na loteria: “você só vai acertar se apostar” = VOCÊ SÓ VAI TER (o dinheiro) SE MATAR, na Rede Cognata. É muito interessante fazer as traduções.
                            Vitória, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002.

O Professor Bussola

 

                            Carlo Bussola é (ou era, talvez tenha se aposentado) professor de filosofia na UFES, Universidade Federal do ES. Dizem que foi padre, largou a batina, casou-se, veio da Itália, não sei em que ordem se deu isso tudo. É co-autor com vários do livro Introdução ao Pensamento Filosófico, São Paulo, Loyola, 1990, tenho a 4ª Edição

                            Desde faz algum tempo, pelas mãos do editor Eustáquio Palhares, vem escrevendo uma coluna semanal em A Tribuna, Vitória, ES. Não assino esse jornal, raramente o compro, mas quando leio de outros posso ver seu trabalho, que tem sido de levantar a vida dos papas da Igreja, de falar de vários tópicos, uma coisa admirável mesmo. A Tribuna tem metade do tamanho dum jornal, é um tablóide, mas os artigos ocupam a página inteira.

                            Como é na província não dão o devido valor, não editam em livro nem nada, é uma tremenda sacanagem. Ali passa o professor Bussola na rua, tendo feito esses levantamentos formidáveis sem que o louvem por isso, como deveriam. A província é uma coisa detestável, voltando sua admiração só para as superficialidades. É deplorável mesmo.

                            Isso nos faz lembrar que nas províncias do mundo inteiro podem estar perdidos numerosos talentos, feito o do professor Bussola. E nos faz pensar como o ser humano é tolo, só louvando aquilo que vem das metrópoles, e porque, também, os cérebros fogem para as metrópoles e vão alargar sua fama, riqueza, respeitabilidade. É como disse Jesus: que adianta servir pérolas aos porcos?

                            Vitória, sábado, 28 de dezembro de 2002.

O Grande Lighthill

 

                            Por não ter anotado a página não sei em que parte do livro Freeman Dyson fala do Grande Lightill. Procurei na Barsa eletrônica, não há nada, mas na Encyclopaedia Britannica eletrônica 2000 há um certo Sir (Michael) James Lightill. Lá diz, se consegui ler certo, que era matemático britânico, considerado um dos grandes do século XX, Paris 1924 a Sark, Ilhas do Canal 1998, 74 anos entre datas.

                            Grande para quem, cara-pálida?

                            Como em tudo, não há isenção na avaliação da grandeza.

                            Da época dos romanos quantos germânicos, britânicos, francos, hispânicos (os portugueses sequer eram conhecidos como tais, só iriam aparecer no cenário lá por volta de 1200) são citados? Eles não sabiam, mas nós sim, de modo que para nós o etnocentrismo não tem desculpa.

                            Um dicionárienciclopédico ISENTO, feito por deputados e senadores do desenvolvimento & da pesquisa, prática & teórica, respectivamente, quatro dos primeiros para um dos segundos, deveria ser montado com gente de todo o mundo, e não só dos EUA e da Europa. É irritante ver apenas aquela gente, sempre, mesmo se agora é ela que está na linha de frente da P&D do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral.

                             Há uma GRANDEZA GERAL, universal, e uma GRANDEZA LOCAL, particular, - nacional, estadual, municipal/urbana. O que é grande para a América do Sul não é exatamente o que é grande para o resto do mundo. Assim sendo, dois D/E deveriam ser construídos, a saber, um D/E UNIVERSAL e vários D/E REGIONAIS.

                            Se Freeman Dyson diz devemos aceitar sem questionamento? Dizem que fulano é grande na Noruega e nós devemos aceitar? Essa superdependência é apanágio da insignificância mental das elites daqui e d’agora. Isso não nos serve, completamente. Claro que não vamos rechear uma enciclopédia de idiotas, só para dizer que somos revoltados e independentes – seria estupidez. Porém um mínimo de autoestima é esperado, dignificação das culturas não-centrais, ditas periféricas.

                            Talvez Lightill seja grande, mesmo, e tenha feito grandes coisas pela humanidade – palmas estridentes para ele. Entrementes, outros contam, que trabalharam localmente pela gente do mundo, o que só vai aparecer depois.

                            Vitória, domingo, 29 de dezembro de 2002.

O Futuro do Cérebro

 

                            Num programa de TV ouvi a pessoa perguntando para quê o cérebro humano foi projetado com tanta folga (de memória, inteligência e controle, nos termos do modelo).

                            Bom, eu digo, é para enfrentar o futuro.

                            Aliás, poderíamos estabelecer um índice de racionalidade com base na capacidade de previsão do ser racional. Quanto mais “futurível” (futurabilidade, capacidade de prever o futuro. Não aquela coisa do Instituto Hudson e de Herman Kahn, que é a futurologia, estudos práticos, supostamente teóricos, sobre o futuro, mas essa capacidade artificial que todos temos de projetar, de induzir sobre o amanhã) é um conjunto mais apto ele está a chegar ao futuro e a assumir frações crescentes do cenário para si e para os seus parasitas.

                            Podemos prever que o Sol continuará aí, que o pai e mãe não fugirão (quando mães se ausentam crianças pequenas ficam enlouquecidas), podemos prever uma quantidade incrível de coisas, com maior ou menor precisão. Claro que os economistas erram, não se foi Samuelson que disse que eles tinham previsto NOVE das últimas DUAS crises americanas. Os economistas erram com uma freqüência incrível, mas é porque a Psicologia (outra coisa não é a Economia) de que eles tratam é complexa demais.

                            Então, o cérebro se tornou racional não apenas quando começou a estabelecer laços comunitários crescentes, mas também quando foi capaz de prever um punhado de coisas sobre o amanhã ou o depois de amanhã. Podemos prever que por mais que as roupas mudem elas não serão abandonadas por bastante tempo.

                            O cérebro mais racional é o mais preditivo. Foi, é e continuará a ser assim, quanto mais embrenhemos na terceira natureza, a informacional/p.4. O cérebro humano não parou de evoluir 200 mil ou 50 mil anos atrás – ele continua a evoluir.

                            Só não é mais evolução natural, biológica/p.2, e sim artificial, psicológica/p.3, nas PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo). Empresas mais preditivas suplantarão as demais. Os conjuntos que conseguem se antecipar avançam mais rapidamente no jogo-de-papéis (com ações), no empréstimo de dinheiro, na construção de casas à beira-mar (mas não tão perto que uma onda ou ressaca de maré venha e destrua tudo) ou em encostas travadas com árvores e grama para não haver deslizamentos de terra nas enchentes. E assim por diante, tanto para pessoas quanto para ambientes.

                            QUÃO LONGE consegue mirar a memória/inteligência/controle é que nos diz do potencial de sobrevivência e seleção de um qualquer conjunto, sendo isso que a Natureza mira.

                            Então, olhe à sua volta e liste a capacidade preditiva de cada conjunto, seja pessoal seja ambiental, desde universidades a farmácias, de jornais a agropecuárias, de feirantes a casais que vão ter filhos, de nações a produtores de filmes, e veja que a Natureza premia os cérebros capazes de MAIOR INDUÇÃO, que, prevendo, produzem os maiores acertos. Com isso deixam descendência de vetores para o futuro. Ou seja, resumindo tudo, a competição e a seleção artificial psicológica é pela sobrevivência do previsor mais hábil, mais apto, com a conseqüente doação de futuro à sua prole, seja de qual conjunto for.

                            Enfim, busca-se o futuro mais apto.

                            Vitória, domingo, 29 de dezembro de 2002.