O DESGOVERNO JIF
José Ignácio
Ferreira veio logo gritando que quem mandava era ele e sua tropa, entre os
quais sua esposa, Maria Helena Ferreira, depois denominada Sopelena, em razão da malfadada Fábrica de Sopas, de tristíssima
memória. Ele mesmo ficou conhecido como Propinácio,
em razão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Propinas. Formaram uma
dupla dinâmica, Sopelena e Propinácio. Dizem que ela foi mandada para a
Alemanha. Em todo caso ela e ele raramente foram vistos em público, depois dos
escândalos. O Gentil Ruy, irmão da Maria Helena, ficou conhecido como Gente Ruim. Vários de seus secretários
estão sendo mostrados no final do mandado em 2002 como envolvidos em
escândalos, junto com o Robson Neves, ainda deputado neste final de ano. Nas
fitas se ouve: “vamos rapar o tacho”.
Ele entrou retendo
20 % dos salários do Executivo (não se sabe se também os dele mesmo e dos
secretários) e mesmo quando perdeu na Justiça continuou a reter até não poder
mais. Então começou a devolver em 36 parcelas, sem juros nem correção
monetária. Dos nossos salários de outubro e novembro, que Vítor Buaiz não
pagou, e o de dezembro, que JIP não pagou, ele fez acordo com o BANESTES para
nos repassar os de outubro e novembro. Por exemplo, peguei (sem as pensões respectivas)
R$ 4,2 mil e estou pagando 36 x R$ 295 = 10.620, dos quais ele devolveria R$ 45
por mês a título de ressarcimento de parte dos juros (no total R$ 45 x 36 =
1.620 – foram-me tirados 4.800 a título de juros), o que há um ano não vemos.
Justificando que as partes de Vítor não eram dele (embora tudo seja governo),
parou de pagar R$ 1,22 mil em maio/2002 e retomou com R$ 550 em agosto.
Se com Eurico
Rezende a dívida era, em dólares, US$ 20 milhões, com Gérson Camata passou a
US$ 220, com Max Mauro não se sabe quanto, com Albuíno Azeredo dizem que US$
320, com Vítor Buaiz mais de um bilhão, com JIF chega a anunciados R$ 4,7
bilhões, pela cotação de 3,6/1,0 nada menos que US$ 1,31 bilhão – não creio que
tenha subido muito, em relação a Vítor, podem ter sido uns 100 a 300 milhões de
dólares, “pouco”.
Cometia JIF o
barbarismo de dizer que estava “pagando em dia”, de 15 a 20 de cada mês
seguinte, quando no meu entender deveria ser dia primeiro, tolerando até 05 ou
10, a constituição faz o favor de dizer 10º dia útil. Agora diz que está
pagando “dentro do mês”, ou seja, começa no dia 29 e termina no dia 11 seguinte,
mais de 40 dias depois do final do mês trabalhado.
É preciso, eu creio,
que os pesquisadores (mestres, doutores e pós-doutores) da Academia universitária
geral façam o rastreamento dos governos municipais/urbanos, estaduais,
nacionais e mundial, quando houver, publicando na Internet, ressaltando detalhes
para que o povo possa perceber e interpretar. Tanto de governos quanto de
empresas, em toda parte do mundo, desventrar essas podridões, essas traições,
vigiar de perto e deixar a punição ser a indiferença do povo, por um lado, e a
ação dos tribunais, por outro.
Seria preciso varrer
os últimos 32 anos (oito governos, 8 x 4), tanto nos governos estaduais
capixabas quanto os municipais/urbanos. O povelite precisa saber. É fundamental
que os pesquisadores se pronunciem, estudando as contas, as obras, se
pronunciando, mostrando os escândalos. É fundamentalíssimo!
Vitória, domingo, 22
de dezembro de 2002.