terça-feira, 17 de janeiro de 2017


Endurecimento do Ser

 

                            Podemos comparar a árvore em seu estágio jovem às crianças e aos adolescentes, e as árvores velhas aos adultos e aos velhos, enrugados, de casca grossa. As árvores jovens têm poucas folhas, como poucas experiências, todas tenras e macias, ao passo que as árvores velhas possuem muitas folhas enrijecidas.

                            Por quê o ser endurece assim?

                            As experiências de vida levam a isso e poderíamos até sugerir que se trata da sobrevivência do endurecimento mais apto, com seleção natural (artificial, psicológica, racional, humana) dos mais hábeis em dar respostas duras. Será que a Natureza não admitiria mais brandura? Claro, como no caso de pobreza, que é absoluta, e riqueza, que é relativa, brandura também é relativa, é uma riqueza do ser, ao passo que a falta dela é pobreza. Duros, rígidos, azedos é como nascemos. Pode parecer que é o contrário, mas é a vida coletiva que nos amacia, que nos torna doces, ternos. Pense que ao nascermos não temos experiência nenhuma, porisso é fácil ser macio. Biologicamente macios, ou com a dureza característica de nossa espécie, que não é grande coisa. Contra a tendência natural de endurecimento é que age a civilização psicológica.

                           Em outras pessoas, pelo contrário, ela não age, de forma que à medida do envelhecimento tais pessoas vão se deixando ficar enrijecidas, curtidas, calejadas, vão NÃO ADQUIRINDO A DOÇURA, que é a verdadeira riqueza. Alguns se deixar encrespar pelas experiências da vida racional (ou irracional) que levamos. Pois a riqueza é algo a adquirir e deve melhorar a vida das pessoas. Como o enrijecimento não melhora em nada o ser humano não pode ser riqueza, é pobreza, é falta. Falta do quê? Falta justamente de brandura, de candura, de ternura. Enriquecer, em termos de qualidades humanas, seria permanecer sempre árvore macia, que dá frutos, que dá flores, que dá sombra, que é favorável, e não se tornar árvore encrespada, irada, soberba, furiosa. E aí podemos ver os vários tipos de árvores que existem, pois, o paralelo é muito bom, e pode nos ensinar bastantes coisas a respeito de nós mesmos.

                            Vitória, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002.

Em Que Negócio Estamos?

 

                            Em seu livro A Empresa na Velocidade do Pensamento (com um sistema nervoso digital), São Paulo, Cia. das Letras, 1999, p. 23, Bill Gates diz: “Diz uma velha piada do mundo dos negócios que se as ferrovias tivessem entendido que estavam no negócio de transportes, em vez de no negócio de aço e trilhos, estaríamos todos voando pela Union Pacific Airlines”, colorido meu.

                            Em Decifrando o Genoma (a corrida para desvendar o DNA humano), São Paulo, Cia. das Letras, 2001, Kevin Davies fala de J. Craig Venter, um dos criadores da Celera Genomics e dos processos que aceleraram tremendamente a tradução do ADRN. Tendo se tornado vitorioso e muito aplaudido por alguns (e detestado por outros, invejosos ou não), Venter foi indagado sobre que tipo de negócio ele estava montando e ele muito claramente respondeu: DE INFORMAÇÕES, quer dizer, de compra e venda de informação-controle ou comunicação, de info-controle, de IC. Não era uma companhia de biologia, dedicada a pesquisas & desenvolvimentos etéreos, lunáticos.

                            Com toda certeza o empresário precisa identificar corretamente o que está fazendo. Parece trivial, dado que ao estabelecer a firma é preciso dar o ramo ou o sub-ramo em que ela pretende operar, segundo uma tabela, de modo que parece mesmo a primeira identificação. Entrementes, muitos confundem, desde antes de entrar, logo depois ou mais à frente e desviam-se de sua tarefa principal.

                            No caso da Union Pacific, recentemente pensei nas patentes uma série de modificações nos trens que os fariam extremamente rentáveis. Eles poderiam literalmente voar, sendo presos ao solo por ganchos, com grandes asas eliminando o atrito e motores potentes impelindo-os a grandes velocidades relativas, até Mach um, pelo menos, ou mais. É uma discussão à parte.

                            Não há, por parte dos governempresas, preocupação (pré-ocupação, ocup/ação antes, ato permanente de pensar antes o que é necessário – antecipação) em fornecer aos iniciantes, através de um escritório próprio, constituído para tal, um banco de dados, sempre em ampliação. Carecemos disso. Precisamos com urgência.

                            Vitória, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002.

Doçura Oriental

 

                            Em O Cheiro de Papaya Verde, em Nenhum a Menos, em Minha Concubina, em Pavilhão de Mulheres, em Lanterna Vermelha e em muitos filmes orientais da China, do Japão, da Coréia, do Vietnam, da Índia e outros países vemos uma doçura, uma brandura no trato que não temos no cinema ocidental. Os orientais não se sentem menos másculos de passar tal candura, ao passo que nos filmes ocidentais em voga atualmente só vemos porradaria, sopapos, traições, morticínio, tiroteio infindável, dráculas, lobisomens, feiticeiros em guerra, roubos, pessoas drogadas, famílias desfeitas, ruína, pobreza, miséria das relações humanas, desvio de verbas, todo tipo de coisa horrível e deplorável.

                            Os orientais são delicados. Para começar os protagonistas nunca estão isolados da coletividade, pois existem e vivem num grande cenário. Os chineses e os indianos às vezes são gordos, mas os japoneses, os coreanos e os vietnamitas nunca ou quase nunca. Sempre magrinhos e alinhados. Todos são requintados, mesmo quando em pobreza. Se vestem com uma simplicidade e elegância tocantes. Os filmes são em sua maioria edificantes.

                            Parece que no ocidente o propósito geral é deprimir a gente, quando não é claramente (como nos cinemas francês e brasileiro) o de dar lições e educar-nos. E no cinema americano, fora Lagoa Azul (EUA, 1980), de quantos você se lembra em que há algum sentimento? Claro que há, estou apenas chamando sua atenção.

                            Os filmes ocidentais são pesadões, difíceis de carregar na alma, são depressivos, angustiantes, verdadeiras calamidades. Os orientais, pelo contrário, pelo menos os que chegam aqui, nos trazem sempre algum alento, alguma esperança, alguma idéia de que o futuro será melhor. Nossa alma rejubila, canta, vibra, remoça.

                            Vitória, domingo, 22 de dezembro de 2002.

Disseminação da Genética


 

                            Tomando o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia e Ciência/Técnica, e Matemática) geral, a pontescada científica é composta de: Física/química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6.

                            Tudo pode levar a guerra, no par polar oposto/complementar paz/guerra, em ciclos. As guerras podem ser de todos os tipos acima, como venho dizendo desde o modelo. Até uns 150 anos atrás tínhamos apenas as guerras físicas. Na 1ª Guerra Mundial inauguramos as guerras químicas. Desde talvez a década dos 1980, com o episódio da febre porcina em Cuba, talvez os americanos tenham inaugurado as guerras biológicas, cujos armamentos estão prosperando continuamente.

                            Evidentemente desde a pré-geo-história as guerras físicas estão em curso, desde quando alguém jogou a primeira pedra. Depois passamos a lanças, arco-e-flechas, pistolas, canhões, torpedos, bombas atômicas e nucleares únicas, mísseis intercontinentais múltiplos, Guerra nas Estrelas e o resto da parafernália.

                            Quase qualquer pessoa pode ir a uma loja e adquirir legalmente uma arma de projéteis, uma pistola, ou pode comprá-la ilegalmente por 400 ou 500 reais, não sei. Aqueles doidos americanos podem subir num telhado e matar 16 de uma vez. Uma granada pode matar muito mais, bombas de retardo ou relógio podem ser armadas, matando até 300 ou 400.

                            Entrementes, nunca tínhamos deparado com o nível seguinte: com conhecimento biológico uma pessoa rejeitada pode no porão ou no sótão de sua casa desenvolver uma bactéria perigosíssima por recombinação genética. Por pouco dinheiro, quase nada relativamente, nada que não possa ganhar em alguns meses de trabalho, uma pessoa pode fabricar uma bactéria ou um vírus que mate milhões e até eventualmente bilhões.

                            A disseminação do conhecimento biológico em genética não é do mesmo gênero que o do conhecimento físico, porque neste caso ninguém pode fazer uma bomba atômica no quintal. Se pudesse mataria alguns milhares, localmente, não milhões no mundo inteiro.

                            Enfim, a coisa mudou completamente de figura e os governempresas devem garantir novas medidas de segurança.
                            Vitória, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002.

Cruz de Caravaca

 

                            Quando eu era adolescente alguém comprou um livro com esse nome, Cruz de Caravaca (não sei onde está, seria interessante achá-lo). Tinha na capa uma cruz dupla - quase como se fosse a cruz dos ortodoxos (em que o travessão de baixo é inclinado) -, cujo símbolo eu nunca entendi. Muito depois tomei contato com o simbolismo da Cabala judaica, com suas sefirots, que são nove, número dos magos, três pares paralelos, uma acima e uma abaixo, centradas, e uma no meio. Passaram-se mais de três décadas e tudo isso veio a aparecer no modelo, de modo distinto.

                            A CC é exatamente o quadrado de base da pirâmide do modelo, mais as extremidades que unem os pares em tríades, só que sem os traços de união. Além disso, na Rede Cognata podemos ver que Cruz de Caravaca = CASA DE G = CASA DO CRIADOR. Por outro lado, já mostrei que há proximidade entre a cruz da Cabala e o modelo.

                            Ora, isso aconteceu quando eu tinha uns 15 anos, estando agoraqui com 48, portanto 33 anos atrás. O modelo só foi aparecer em 1992 e a Rede Cognata em 1994, daí mais de duas décadas adiante. Como entender que a CC = CASA DE GAVA? É tudo tão extraordinário!

                            Vitória, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002.

Criando Novas Pessoambientes

 

                            No livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, p. 259, Michio Kaku diz: “Com a revolução do DNA recombinante, no entanto, temos de reanalisar muitos desses antigos mitos de uma perspectiva inteiramente diferente. O antigo sonho de ser capaz de controlar a vida está se tornando aos poucos uma realidade por meio da revolução biomolecular. Mas isso suscita a questão: quais os limites científicos da criação de novas formas de vida? A ciência poderá um dia criar novas raças de animais, como as quimeras, ou mesmo uma nova raça de seres humanos, ‘meta-humanos’, ou ‘homo superior’, com capacidades super-humanas”.

                            Na realidade tomando as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo), já criamos o super-humano e o homo superior. Toda a nossa cultura/civilização/sociedade é um imenso corpomente superior. Entrementes, apenas no sentido de ampliar o indivíduo, também o fizemos, desde quando os óculos que uso não nasceram comigo, nem os remédios, nem as roupas.

                            Kaku também diz, página 286: “Mas o principal temor é que, uma vez que as comportas se abram plantas inteiramente novas, nunca vistas antes na Terra, possam escapar para a natureza agreste, onde podem vir a desalojar plantas nativas e tomar conta de ecossistemas inteiros, com resultados imprevisíveis. ‘Se as plantas forem cultivadas fora de casa e os novos genes penetrarem no estoque genético agreste, isso poderá ter um efeito potencialmente desestabilizador sobre o sistema ecológico’, diz Jeremy Rifkin da Foundation for Economic Trends, um dos mais destacados críticos da revolução biotecnológica”.

                            O que eles chamam de “natureza agreste” é a Natureza Um (N.1) do modelo, biológica/p.2, por comparação com esta mais avançada em que estamos, a Natureza Dois (N.2), psicológica/p.3, composta de pessoambientes, pessoas-em-ambientes. Ora, uma pessoa nunca está sozinha, ela é composta com seu ambiente. Não há jeito de uma empresa estar solta no espaçotempo, ela está em algum daqueles quatro ambientes, por seu nível de produçãorganização ou significação. Assim sendo, o conjunto de organismos ou corpomentes na Terra forma uma Rede N.1 e uma Rede N.2 que têm enormes DENSIDADES DE MALHA (de que falarei, tendo tempo). Na medida em que um novo VETOR BIOLÓGICO (ou, mais à frente, psicológico) for introduzido, ele não modificará apenas um outro vetor próximo – como as coisas se sucedem e há trânsito não fechado, não-circular, entre as espécies, ele modificará TODOS OS CORPOMENTES, num tempo mais ou menos largo. Quando VÁRIOS vetores forem introduzidos haverá exponencialização e a REDE VITAL poderá oscilar tremendamente, eventualmente desfazendo-se. Toda a rede será reprogramada, havendo ou não lugar para o ser humano nela. Ela, por si mesma, continuará existindo, a Vida é muito resistente. E nós?

                            Criar novos seres é criar novos ambientes para eles. Até ressuscitar seres (vírus, bactérias, fungos) antigos corresponde a trazer ao cenário seus antigos ambientes. Criar o corpomente-quimera é criar conjuntamente o ambiente-quimera, porque todo ser depende de um ambiente para viver (e se expandir). Tal pessoambiente-quimera competirá fatalmente com os outros P/A, combatendo-os e inclusive destronando-os de sua dominância, como a abelha africana, mais agressiva, fez com a abelha européia, mais mansa.

                            Acontece que uma planta mais agressiva que as nossas trará herbívoros mais agressivos, e estes carnívoros mais agressivos, no lugar dos que já controlamos. Então, essa coisa de re-engenharia genética parece bonitinha quando não se pensa a fundo. Quando fazemos isso, da soma zero desponta um lado tremendamente negativo.

                            Vitória, sábado, 21 de dezembro de 2002.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


Como Ouvir a Música?

 

                            Há um lado que é a melodia e outro que é letra, som e poesia, uma soma 50/50, um par oposto/complementar, a que poderíamos dar valores de um a cem, 1 a 100, desde o mais imperfeito até o mais perfeito. A Música geral tende a ser apreciada em sete níveis; povo, lideranças, profissionais, pesquisadores, estadistas, santos e sábios e iluminados, postas as diferenças. Os pesquisadores, mestres, doutores e pós-doutores em Música ainda estariam abaixo dos criadores, intuitivos que fossem estes. E há santos e sábios da música, como Dorival Caymmi e outros.

                            Não sei se um ser humano pode chegar a 100, ter o ouvido apuradíssimo, como seria percebido por um programáquina para tal preparado. Nem abranger as métricas, as mais eficazes e felizes combinações de palavras – a que nível podemos chegar, depois de muito treinamento.

                             De modo que poderíamos ir de 1 x 1 = 1 a 100 x 100 = 10.000, em termos de extrema perfeição.

                            Fora isso, há a correspondência socioeconômica da Música geral, seu acoplamento ao espaçotempo do agoraqui, em cada fase, por exemplo, nos anos 1960. Nas várias modalidades da Música, em todos os ritmos, O QUÊ ela está dizendo? Isso abre a Psicologia da Música (figuras ou psicanálises da Música, objetivos ou psico-sínteses da Música, produções ou economias da Música, organizações ou sociologias da Música e espaçotempos ou geo-histórias da Música). Quão adequada é ela ao seu contexto geo-histórico? Fazendo as perguntas dos jornalistas: Quem? Por quê? Com quê? Como? E quandonde? - respectivamente com acima.

                            De que modo as músicas (melodias e letras) refletem as preocupações de seu tempo de surgimento? Quanta preocupação socioeconômica há nela? Certa música pode estar mais perto da perfeição melódica e poética e, no entanto, ser completamente alienada das preocupações socioeconômicas. Então, eu presto atenção nisso, embora não tenha qualificação para avaliar a melodia e a letra.
                            Vitória, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002.