domingo, 15 de janeiro de 2017


GASBRAS

 

A PETROBRAS administra atualmente o negócio de gás, que é gigantesco, mas submerso dentro da empresa – não aparece como consistência própria. E há o infeliz gás boliviano a que Luladrão e sua tropa nos sujeitaram amargamente.

MAPA DO GÁS

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Sujeição inconveniente à Bolívia, é preciso cortar a linha.
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Por enquanto parece só isso.
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Promessas de gás de xisto.
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É fundamental unir todos esses tenentes sob comandante único.

O gás é muito diferente do petróleo, que é pesado, difícil de conduzir, necessita desdobramento em refinarias, demanda bombear, deve ser transportado por navios, cujos derrames podem comprometer o mar, oleodutos necessitam complexas operações capazes de nas falhas comprometer a terra, e comporta outras dificuldades, que os tecnocientistas podem (e devem, publicando livro) manifestar com competência enormemente maior que a minha, que quase nada sei.

Já o gás é leve, fácil de tirar do solo (ele vem sozinho para cima), pode ser usado diretamente, flui por gasodutos longas distâncias com custo mínimo e tem reservas muito maiores. Se vazar causa danos, mas vai para a atmosfera, não compromete os biomas marinhos e terrestres. O gás vai diretamente às casas, empresas, governos, é entregue na porta a qualquer hora do dia ou da noite, 24/7, como dizem, 365,25 dias por ano.

Em suma, o gás é a energia da hora.

Daí a companhia separada, com planejamento distinto e operações diversas, embora próximas das fontes do óleo. A expansão do gás deve ser grandemente favorecida, em relação ao esgotamento do petróleo.

Vitória, domingo, 15 de janeiro de 2017.

GAVA.

Renovando a Ficção Científica

 

                            Vez em quando fico pensando em novos temas de FC, como já coloquei alguns nestes livros. Abaixo vai mais uma lista:

1)       ALIEN ZERO: quando, no começo de Alien, O Oitavo Passageiro, eles encontram a nave alienígena no planeta, descem e vão até ela, lá encontram o esqueleto de um gigante, com o peito perfurado, sentado ainda no console de direção da astronave. Bom, ficamos nos perguntando qual teria sido a aventura da tripulação até chegar ali. Onde recolheram os ovos que depois são vistos num compartimento? Como viviam os gigantes? Qual teria sido sua sociedade? O fato é que os filmes são em geral sobre seres humanos, acreditam os autores que jamais nos interessaríamos por coletividades de outros planetas. Pelo contrário, pesquisadores e adultos ficariam cativados. Como são os prédios de lá, o que fazem, como se acasalam? Alguns filmes seriados mais recentes estão desenvolvendo o tema, mas em geral são humanóides (cinco dedos, sendo um opositor, nariz, boca, orelhas, quase tudo igual, menos um ou outro detalhe).

2)      PORTO SOLAR: em lugar do Porto Estelar, que já sugeri no Livro 15, este outro, que se situaria um tempo antes daquele. Uma verdadeira doca de construção de navios celestes, com armadores, com estaleiros, com atracação de naves velhas para conserto e novas saindo, com gente atarefadíssima entrando e saindo, várias companhias competindo, projetistas, trabalhadores, psicólogos, emissários dos governos, uma série de situações charmosas e atrativas, para cativar mesmo e preparar o caminho para fora do planeta.

3)      EMISSÁRIOS: de repente deparamos com a chegada de uma embaixada alienígena. Fora o choque de nos encontrarmos com uma civilização alienígena, como tratar seus embaixadores? Ademais, eles são todos pretíssimos, azulões, e avançadíssimos (depois se revela que em cada civilização eles fazem uma brincadeira, travestindo-se dos que são espezinhados). A tremenda curiosidade sobre uma nave estelar, o deslumbramento com uma segunda espécie racional, a falta de traquejo de província, a briga e o ciúme dos nossos representantes, a urgência de tratar pretos e mestiços da Terra com deferência, a curiosidade sobre seu Dicionárienciclopédico Planetário, todo o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia e Ciência/Técnica, e Matemática) geral colando neles, as 6,5 mil profissões interessadíssimas.

4)      OS CELESTIAIS: uma das revistas em quadrinhos mostra uns seres imensos, digamos de dez andares de altura, em torno de 30 metros, que ficam impassíveis fora do planeta, parados no espaço. Acontece que celestiais = AUGUSTOS = CRISTOS = CENTRAIS = ATLANTES = GOVERNADORES = GIGANTES = GRANDES, etc., na Rede Cognata. Aí podemos ver os seres humanos enviando naves espaciais, como se os celestiais fossem uns Kings Kongs contemporâneos, até os gigantes, que ficam indiferentes a elas. Toda tentativa de comunicação é inútil, eles ficam apenas olhando, enquanto as discussões “comem soltas” na Terra, como diz o povo. Quando finalmente eles vão embora deixam um instrumento qualquer que aos poucos vai liberando informações e é como se fosse um objeto vigiando as criações domésticas, para acompanhar seu ritmo de desenvolvimento e reportar.

5)      CAIXA PRETA: uma caixa realmente preta (já houve um conto semelhante) é descoberta por qualquer um (faça-se sorteio se homem ou mulher, qualquer raça, etc.), que a leva para casa. Lá, posta sobre a mesa, dela sai um pseudópode que toca toda noite a cabeça do indivíduo, ensinando em hipnopédia, durante o sono. Pela manhã o (a) camarada vai se tornando cada vez mais esperto/a (o que será motivo para ensinar um punhado de assuntos aos espectadores; como alguém sempre desconhece a área dos outros todos, há muito espaço para criação, cada cientistas sendo chamado a expor a linha de frente de suas pesquisas). A psicologia dessa nova superioridade.

6)      REFUGIADOS: chegam naves alienígenas de um planeta que orbitava em volta de uma nova ou supernova que explodiu. São muitas, os seres humanos não poderiam fazer frente militarmente a elas, devem aquiescer e receber esse número maciço de aliens. Em quais países? Como têm tecnociência e Conhecimento geral mais amplo, todos querem uma beiradinha. Com isso poderemos expor a questão dos refugiados dos países da Terra e falar de astronomia, embutida num filme com comédia e tragédia. Não é o equivalente daquele filme de alienígenas pintados. Onde vão pousar? Diferentemente dos refugiados (isso mostrará que as pessoas são interesseiras) terrestres, todos disputam esses, mas eles causam problemas, são arruaceiros, são de Bandeira elementar (ar, água, terra/solo e fogo/energia) diferente, de uma Vida diferente, que querem introduzir e vai competir com a terrestre, de uma racionalidade distinta, que choca com a nossa. Sugerem a ocupação de Marte, da Lua, de Vênus, mas eles querem mesmo a Terra. Nada é escondido, tudo é direto, debates intensos.

7)      O VASO DA ARCA: nas posteridades falei do Vaso de Warka, sobre um vaso que foi datado de 3,5 mil anos antes de Cristo na Suméria e onde vi um casal de alienígenas altos e seu filhote. Bem, a Arca de Noé supostamente é daquela região e poderiam ser os dois Adão e Eva vindos do Paraíso alienígena, carregando sua carga de pares, de que os seres humanos, chocantemente, seriam só um a mais. A Nave Arca é realmente descoberta, mas diferentemente de Martin Mystère, uma revista em quadrinhos muito legal, ela é apresentada ao mundo, causando (tanto na tela quanto fora dela) debates profundos.

8)      SUBMISSÃO: já que Islã significa “submissão”, ALÁ (ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele) envia uma delegação de anjos, chefiada pelo Arcanjo Gabriel (que deu a Maomé o Al-Corão, O Livro). Naturalmente os maometanos vão pensar que apenas sua visão de Deus é coerente, enquanto outros pregarão a rebelião. Como tratar este tema? A Terra deve mesmo se submeter, ou não? Há partidários dos dois lados. O argumento para NÃO é que não se sabe se são realmente anjos ou meramente uma raça alienígena invasora.

9)      ANJO: um anjo, realmente anjo em todo seu terrificante esplendor, segundo as lendas, chega casualmente a Terra, vindo de suas andanças pelo universo, da vigilância galática. Como tratar com um anjo? O que dizemos? De repente toda a tecnociência humana parece apenas presunção, alguns querem desistir, outros resistem, criam-se facções que se chocam. O anjo paira sobre os mares, suprime montanhas, é largamente indiferente aos destinos humanos. Qual terá sido o motivo de sua vinda?

10)    PERCIVAL: passaria a ser o novo nome de Marte, sobre o qual Percival Lowell (1855 a 1916, 61 anos entre datas), o astrônomo americano que sofreu muitos deboches por conta de sua idéia de que os “canali” seriam canais artificialmente construídos por uma desesperada civilização em desaparecimento, tentando sobreviver. Depois descobrem, numa expedição casual, que realmente são canais, que a mente dele teria projetado como certa lembrança. Escavando, os arqueólogos descobririam muitos artefatos. Com isso dá para passar mensagens sobre arqueologia, sobre astronomia, sobre economia, sobre sociologia, toda a Psicologia, uma quantidade de temas atuais. E chamaria a atenção sobre Marte, que com os devidos cuidados (Marte = MORTE, na Rede Cognata) deve ser visitado, mesmo se nada encontrarmos lá.

Veja só que através de temas de FC podemos abordar muitas questões candentes da vida terrestre, como a série Jornada nas Estrelas vem fazendo desde a década dos 1960, introduzindo sutilmente muitos debates externos ou internos às mentes dos espectadores. É emocionante demais, porque de fato as tecnartes podem ajudar os governempresas a politicadministrar as pessoambientes.

Vitória, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002.

Rejuvenescimento

 

                            Diferentemente do artigo deste Livro 16, Pelo Contrário, neste seria tomada uma mulher (porque as mulheres são, nesta conjuntura socioeconômica, mais sensíveis ao envelhecimento), que começaria velha, enrugada, sábia e constituída e iria remoçando a cada dia, aceleradamente.

                            Primeiro, em uma quarta parte do filme ela é mostrada como matriarca da família, com uma série de prerrogativas e direitos firmemente estabelecidos, com todo mundo em volta venerando-a. Certo dia ela começa a perceber que as rugas, pintas e pelancas da idade estão começando a desaparecer. Com isso também várias coisas que estavam na casa (o que só o espectador vai perceber, frisando-se antes, como se faz usualmente), ninguém em volta dando pela falta.

                            Um dia um neto desaparece, a filha ou nora fica grávida, perde a barriga, um dia sai de casa, separa do genro ou do filho. Sem perceber nada a satisfação da antigamente velha senhora só faz aumentar, na medida em que ela pode andar com mais celeridade, tira os óculos dos olhos antes míopes, compra vestidos mais ousados (como são de seu futuro não seriam necessariamente rococós), passa baton, os filhos e filhas vão remoçando, des-nascem, ela mesma descasa, volta para a casa do pai e da mãe. No fim os espectadores compreenderão quanto esse supostamente desejado remoçamento pode ser prejudicial.

                            Como a soma é zero, com as verrugas, pelancas, pintas e demais dificuldades vem o outro lado, a sabedoria, o maior alcance da visão mental, a compreensão alargada. Com as dores do parto contínuo da Vida racional vem os prêmios, de ter criado uma família, de ter feito um esforço nobre de ajudar o próximo, e assim por diante.

                            Vitória, terça-feira, 10 de dezembro de 2002.

Reconstrução Psicológica das Socioeconomias

 

                            Com base no artigo deste mesmo Livro 16, Reconstrução das Almas, sendo sua seqüência, podemos falar agora disso que seria GOVERNAR, fazer política, e ADMINISTRAR, empresariar, pelo falar comum (porque na Rede Cognata administrar = GERENCIAR = CONTAR = GOVERNADOR = CENTRO, etc.).

                            Como reunir um grupo de psicólogos (psicanalistas, psico-sintetizadores, economistas, sociólogos e geo-historiadores) capazes de RE-CONSTRUIR as coletividades, as comunidades? Pegamos de um certo modo (CM), pensamos no que queremos (NQQ) e construímos a linha que leva de CM a NQQ, CM i NQQ.

                            Alguém sabe como fazer isso?

                            Os economistas, indigentes infelizes, vão levando porrada e respondendo futurologisticamente ao passado, prevendo as crises de antigamente, pobrezinhos. Os sociólogos estão mais perdidos que cachorro caído de mudança. Estou falando tão rudemente para ver se as pessoas acordam de seus modos orgulhosos de ser para as novas realidades necessitadas de suplantação, de superação.

                            Qual é a via de suplantação, de ultrapassamento, de substituição do modo antigo pelo novo? Como é que haveremos de migrar do que não nos satisfaz para segura aventura de mudança? Naturalmente o que nós já temos não nos satisfaz, mas seria pior migrarmos do que temos a algo menor do que já dispomos, pois como disse um jardineiro japonês num filme, “talvez o que já temos seja melhor do que o que queremos ter”. Nem porisso deixaremos de ir. A novidade é que não queremos aventuras sujeitas a perdas totais, como antes, nem sequer parciais, como ainda agora.

                            Quem é ou quem são o (os) guia (as) seguro (os)?

                            Os psicólogos gerais podem nos dizer como sair da situação em que estamos para aquela bem melhor a que queremos chegar? Mal analisam indivíduos, que dizer de famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações e mundo? E quanto sintetizar objetivos, criar objetivos novos que reconfigurem os conjuntos?

                            A coisa é periclitante mesmo. Eles estão na punhetação freudiana já faz 100 anos e nada de fazer filho. Deficiente, deficiente. Não sabem ajudar a governempresariar, a politicadministrar os conjuntos.

                            Vitória, terça-feira, 10 de dezembro de 2002.

Reconstrução das Almas

 

                            No filme italiano O Quarto do Filho, zombam com muita sutileza dos psicanalistas e da psicanálise, com muita justeza, também. Muito engraçado.

                            Acontece que no modelo as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) podem ser objeto da Psicologia (psicanálise de figuras, psico-síntese de objetivos, economia de produções, sociologia de organizações e geo-história de espaçotempos), reconduzindo-as (sempre provisoriamente, os conjuntos mudam diferencialmente, interferem uns com os outros, trocam informação-controle ou comunicação, info-controle, IC de saúde e de doenças). O mundo é uma soma zero de ∑ = 0 = C + O = CRISE + OPORTUNIDADE.

                            Então, os psicólogos deveriam relocar as pessoas nos seus ambientes, numa das 6,5 mil profissões, numa das classes do TER (ricos, médios-altos, pobres e miseráveis), numa das classes do labor (operários, intelectuais, financistas e militares, e burocratas pelo centro), numa das classes da Economia (agropecuaristas/extrativistas, industriais, comerciantes e de serviços, e bancários), estudando a melhor Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo e fogo/energia, e no centro Vida, no centro do centro Vida racional) e a melhor Bandeira da Proteção (lar, armazenamento, saúde e segurança e transporte).

                            Um psicólogo não pode ser essa criatura simplista e simplificadora até a exaustão que existe agora, esse deficientíssimo PROGRAMADOR DE ALMAS que sabe só essas teorias que emergiram desde 100 anos atrás, através de Freud e outros. Isso é muito pouco, é pouco demais.

                            Será adequado aquele espaço em que vive a pessoa? É o bairro apropriado, é a luz certa, a aeração correta, o DESENHO DE PROTEÇÃO é próprio, ela se situa no mais produtivo dos grupos, a sua família a potencializa ou seria melhor ela se afastar? Qual é o melhor DESENHO DE ALMA de determinada pessoa? Veja, os psicólogos não são PSICOPLANEJADORES (até porque a palavra não existia, criei-a agoraqui), eles não esboçam vidas novas, apenas vão levando com a boca, soltando as amarras, até que a alma ferida se cure por si mesma. Sentado ou deitado o indivíduo vai falando continuamente, enquanto o psicanalista vai puxando este ou aquele fio. Até simularam um computador “falando” com um paciente e ficou muito parecido.

                            Como pegar essa alma doente e orientá-la a outro espaçotempo, a outra produção, a outra organização, de modo que mudada sua figura, virando-se a outros objetivos dali venha ela a emergir como que uma borboleta maravilhosa donde antes só havia feia lagarta?

                            Os governempresas têm o maior interesse, fundamental necessidade de estimular a Psicologia a novos saltos REATIVOS e PROSPECTIVOS às novíssimas realidades mundiais que estão aparecendo, diante das quais são exigidas competências muito mais largas. A políticadministração não pode quedar-se ao abrigo das expectativas antigas, que não servem mais, que seriam intoleráveis diante dos imperativos novíssimos de modelação do futuro.

                            Se chegar a um consultório de psicólogo (dos ricos e médios-altos) ou de psiquiatra (dos pobres e miseráveis) qualquer esperança de cura, como esses profissionais farão para a satisfazer, delineando-lhe novos cenários cheios de pulsação, de vibração, de fogo, de alegria, de entusiasmo que não apenas nos devolvam sadio o antigo doente, como uma saúde que some, que multiplique, em vez de diminuir e dividir?

                            Evidentemente poucos podem pagar os altos custos dos psicanalistas, e pobres e miseráveis raramente são atendidos por eles, a menos de custeio governamental ou empresarial em raras situações. Eles não têm grande utilidade.

                            No entanto, poderiam ser de extrema serventia, desde que renovada a profissão para ser a de um re-programador das almas e de sua nova inserção na produçãorganização mundial.

                            Vitória, terça-feira, 10 de dezembro de 2002.

Quadro de Avisos

 

                            Certo dia aparece um primeiro desenho de certa pessoa na porta da casa ou na entrada do prédio, com uma data, em que ela efetivamente morre.

                            Isso dá um filme.

                            A seguir, pelo mundo inteiro começam a aparecer os avisos, alguns para logo, outros para bem adiante, anos na frente. Isso para responder ao desejo de alguns de saber de sua morte, porque parece uma coisa boa. Aqueles que recebem o aviso com anos de antecedência começam a ser atacados pelos que vão morrer logo: “por quê essa preferência? ” Ao passo que inicialmente livres os que vão morrer bem adiante acham bom poder organizar os negócios. Entrementes, principia um movimento de tentar evitar a morte de todo modo, o que, pela dialética, só acaba por levar a ela.

                            Também acontece de as pessoas pressionarem o governo pelo fim das fotos com datas, o governo se mostrando impotente para tal. Começa um lento processo de desobediência civil e corrosão da autoridade – quem mais quer trabalhar? Debates intensos se dão. A mídia divulga amplamente, não há notícia mais importante de início. As empresas de seguros vão a pique, há toda uma série de desdobramentos, o roteirista pode pensar.

                            Vitória, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002.

Propósito e Matriz de Condições

 

                            Nos filmes de FC (nos “reais”, sobre o momento atual ou passado seria mais difícil) muitas vezes não sabemos o propósito de tal ou qual objeto. Para quê serve? Porque o cenário comportaria uma coisa inservível, que não tivesse propósito lógico?

                            Então, uma prova de maturidade do filme e de todas as pessoas que ele envolve seria perguntar sempre “para que serve? ” Creio que a durabilidade do filme 2001, Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, com roteiro de Arthur Clarke, se deve a que tudo nele é consistente. Foi o filme que mais assisti, dez vezes pelo menos, nunca me cansando. Não se pode, nem de longe, dizer o mesmo de outros filmes. Num desses vi uma “bombona”, um tambor de plástico de transportar óleo para postos de gasolina, colocada no século XXIII, digamos. Tudo pode acontecer, mas seria plausível que 300 anos de evolução ainda nos dessem os mesmos objetos?

                            Enfim, façamos a pergunta. Com isso evitaremos painéis malucos, roupas feitas com pneus de caminhão, as vestimentas esquisitas dos romulanos de Jornada nas Estrelas e tantas aberrações.

                            Por outro lado, há isso que chamei de “matriz de condições”.

                            Quais são as condições da pontescada tecnocientífica, em particular da científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6)? Nos filmes sobre a realidade presente e passada não precisamos perguntar nada disso, eles são consideravelmente mais simples PORQUE quase tudo está definido nos cenários. Nos de FC e Fantasia (em maiúscula conjunto ou família ou grupo de fantasias), não, definitivamente não, tudo deve ser ainda estabelecido. Os cenários devem ser construídos ponto-por-ponto, literalmente – nada pode ficar de fora. Se o cenário é o de um cometa, quais as condições de existência dele? Qual é a sua essência? De onde vem, para onde vai? Se a cena se passa numa nave espacial, quais as condições de funcionamento dela?

                            Ter cuidado com isso significa tornar o filme duradouro, capaz de vencer as décadas, sem precisar de refilmagem 30 anos depois. Quem ousaria refilmar 2001? A excelência dos filmes é garantida por observações muito atentas na confecção. E eles durarem é um atestado de quão atenciosos foram seus criadores.

                           Vitória, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002.