domingo, 1 de janeiro de 2017


Futebol de SP v. Futebol do RJ

 

                            Nos últimos 10 anos o futebol de São Paulo tem ganhado mais, em média, que o futebol do Rio de Janeiro. Embora eu não acompanhe futebol, muito menos minuciosamente, sei disso pelas notícias que aparecem na imprensa e constituem um fundo de memória. Seria preciso fazer um levantamento apurado, detido.

                            A que se deve isso nós sabemos: à cartolagem, que é como o povo chama a atividade de bastidores dos cartolas, os dirigentes dos times, os burocratas que roubam o patrimônio dos clubes. Obviamente algo está acontecendo de grave. Quando as coisas declinam a gente sempre sabe que os corruptos estão envolvidos. Em vez de investirem na coletividade, na comunidade esportiva, eles investem em si mesmos, em suas contas em paraísos fiscais e em propriedades várias espalhadas pelo país. É como acontece nos municípios/cidades, estados, nações e mundo, ou em empresas, grupos e famílias. Um só, ou seu grupo enriquece em detrimento de todos os outros, que só pagam o preço do declínio.

                            Mas há, além disso, a falta de visão e de energia ou ímpeto dos cariocas, frente aos paulistas e os povos dos outros estados. Tendo sido durante tanto tempo capital brasileira, até 1960, o Rio de Janeiro vivia basicamente do que era extraído dos outros estados. Os fluminenses e em especial os cariocas se acostumaram às mordomias, a serem servidos sem servir, à cultura de fundo português, que era sempre extrativa.

                            Há, no entanto, algo mais: é que São Paulo tem operosos imigrantes italianos, alemães, japoneses e outros, que trabalham duro, e essa filosofia do trabalho penetrou naturalmente em tudo, com a seriedade que é exigida por quem trabalha duro e quer respostas. Ou seja, a distância e a diferença entre TRABALHO e não-trabalho. Como se diz, o trabalho tudo vence. O que se viu foi um declínio geral do futebol do RJ, agora cada vez mais acentuado.

                            Acontece que, de ser o RJ capital pessoas do país inteiro adotaram suas cores e as dos seus times, os principais sendo Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo. Por exemplo, 15 % dos brasileiros (de 170 milhões isso dá cerca de 26 milhões, que é mais que a população toda do estado do RJ) torcem pelo Flamengo, de forma que o time tem responsabilidades com todos os brasileiros. Onde quer que vá o time não precisa levar torcida, há sempre um contingente local que o ama e defende.

                            Fica a lição: os que não trabalham estão vivendo do capital do passado, e este eventualmente acaba.
                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

Franco Atirador

 

                            Na Rede Cognata franco = ÚNICO = AMIGO = SECRETO = SUJO = IMORTAL = ANTIGO e inúmeras outras traduções. Fica claro que é um só, não são dois ou três, como transparece na compreensão tradicional. Agora, veja, por ser único não precisa ser um só PORQUE é único naquele único momento e espaço, em tal pontinstante.

                            Por exemplo, nestes dias dos meses finais de 2002 um franco atirador nos EUA matou já doze pessoas na região da Capital e certamente os policiais estão procurando esse único atirador. Como existe espaço e tempo, podem ser vários no espaço e vários no tempo, bem como pode ser o mesmo em vários tempos. Se a coisa é concertada, governada por um grupo, pode até nem ser a mesma pessoa e sim várias, comandadas pelo mesmo propósito, que seria levar a guerra até dentro dos Estados Unidos.

                            Assim, o certo é não fechar a mente nos conceitos, mesmo quando estes, pelas palavras, sejam desvendados pela Rede Cognata.

                            O que impede um grupo, de muitos indivíduos, até centenas, estar operando em conjunto, cada dia indo um, partindo de e chegando a lugares diferentes? O preconceito da gente faz com que reduzamos as hipóteses de trabalho, faz com que sigamos a indução, contra a qual nos preveniu Popper. E isso em tudo.

                            Do mesmo modo rosto = RAPTO = RASTRO = MODELO = ESTÁTUA = MOLDE, etc. Se fôssemos ser rigorosos deveríamos pensar que o seqüestrador não se prenderia apenas ao rosto de quem está sendo mirado; que faria uma estátua de corpo inteiro – largura, altura e profundidade. Os tipos de roupas que o alvo usa, pois, os corpos são estátuas mecânicas, estático-dinâmicas, tanto ossos e pele quanto roupas, que são a segunda pele, trocável. Evidentemente os seqüestradores são quase sempre boçais e não vão ser cuidadosos assim. Nem os policiais.

                            Enfim, a repetição do passado, a projeção indutiva do mesmo no futuro é um contra-senso, é um erro clamoroso, inclusive nas investigações policiais.

                            Vitória, quarta-feira, 23 de outubro de 2002.

Fotografias com Arranjos de Clipes

 

                            Estava no Posto Fiscal José do Carmo, divisa com o RJ, fazendo umas brincadeiras com clipes para passar o tempo e distrair os colegas, neste caso a R, e ela usou o bordão popular “ele é maluco”, o que com a raiva derivada de resistência que tenho me fez fazer uma lista para posteriormente transformarmos em fotografias. Também ia dar a ela participação nas patentes, mas desisti.

                            Essa lista está em anexo.

                            Tal acontecimento nos ajudará a raciocinar sobre normalidade.

                            O que é normal?

                            Existe uma definição em matemática e outra de dicionário, mas não usarei nenhuma das duas. Vamos raciocinar. Normal é o que está na média, que é muito difícil de definir, porque o campo psicológico, pelos nascimentos e mortes, e pela mudança contínua nas mentes e corpos (biunivocidade corpomental ou individual ou psicossomática), está sempre em mudança. MESMO QUE tivéssemos (e não temos) plena matematização psicológica seria dificílimo estabelecer, e assim mesmo com certa margem de erro. Então, para começar, não é possível encontrar a normal de um campo na prática, quantitativamente.

Qualitativamente, enquanto conceito, normal é um julgamento, mais ou menos vago, do que é apropriado num determinado espaçotempo ou geo-história de conjunto: de pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e de ambientes (municípios/cidades, estados, nações, mundos). O que é apropriado a um conjunto de indivíduos? Seria preciso que os indivíduos conversassem, e quanto maior for o conjunto mais difícil fica os 2n diálogos (depois 3p, depois 4q, etc.) tornarem-se possíveis, e, portanto, é cada vez mais difícil a qualquer tecnociência possibilitá-lo, até porque durante a conversa cada indivíduo iria modificando seu pensamento (e seu comportamento também), até invertendo-o completamente. A coisa pulsaria tremendamente. Na teoria, também, não é possível encontrar a normalidade, porque ela deve ser, por definição, uma incerteza, como na Física o Princípio da Incerteza, de Heisenberg.

                            Normalidade é um apego dos tolos, dos que não sabem raciocinar melhor, dos que desejam sujeitar os outros à tirania de suas concepções (se não sabem raciocinar devem ter concepções erradas). Como disse Caetano, de perto ninguém é normal. Concluo que desejar julgar as pessoas normais ou anormais não é também normal, é uma imprecisão da mente de quem julga, um desejo infantil de afastar-se de presumidos perigos, taxando fulano e beltrano como de fora da roda de pertinência. Ou é desejo próprio ou é coletivo, imposto pelo ambiente, pelo quê a pessoa não saberia resistir, ter opinião própria e definida. Seria um fraco. É um complexo de Peter Pan, de quem não deseja crescer para não ter de enfrentar perigos, problemas. É julgamento de quem se acha inferior ao ambiente e a outras pessoas (e, portanto, acha outros superiores). Essa pessoa, visto que julga haver desnível entre uns e outros, será necessariamente um bajulador, incapaz de assumir suas posições. Da bajulação à entregação é um passo, minúsculo mesmo, fácil de ser dado. Se a pessoa entrega, é um dedo duro. E assim por diante. Veja só o que podemos saber das pessoas via raciocínio e com poucas palavras que ela pronuncie.
                            Vitória, domingo, 13 de outubro de 2002.  

Filmes Indígenas

 

                            O fato é que nós vemos as florestas de fora para dentro, visão de quem entra com medo do predador e, pior ainda, de quem entra como inimigo, como conquistador, como destruidor, como arrasador. Nós vemos a floresta como inimiga mortal, hostil, um perigo imediato que deve ser queimado, reduzido a cinzas. Até a década dos 1980 a Amazônia era chamada de Inferno Verde. Esse medo atávico tem feito com que os brancos e seus descendentes culturais ou nacionais processem fartamente as queimadas, até hoje, criando milhares de focos que são filmados por satélites, como grandes fogueiras que parecem cidades à noite.

                            Os índios, pelo contrário, as vêem como amigas, como residência, como companhia, como proteção, como identidade, como cobertura, como lar, como escola, como tudo de bom.

                            São duas visões contrastantes.

                            Enquanto se tratava de expansão das fronteiras agrícolas e pecuárias, do extrativismo a qualquer custo, não sei se fazia sentido ser destrutivo à ocidental, mas pelo menos foram lá e fizeram o serviço. Agora ficou claro que as florestas valem MUITÍSSIMO MAIS enquanto patrimônio genético, de onde extrair milhares de remédios e produtos moleculares ainda desconhecidos.

                            Evidentemente a postura indígena de proteção e conservação deve substituir essa outra, devastadora e cruel. Essa substituição passa por fazer filmes educativos, documentários, de desenhos animados das lendas indígenas, filmes curtos sobre suas vidas, filmes longos (romances, dramas, de aventuras, etc.), todo tipo de filme e de registro por pintura, por desenho, por escultura, por fotografia, por dança, por moda, por poesia, por prosa, todo tipo de tecnarte, de valorização dos indígenas e de seu modo de ser e estar nas florestas.

                            Chegou esse tempo novíssimo de louvar o lado bom dos índios (sem esquecer que os mochicas, os maias, os astecas realizaram milhões de detestáveis sacrifícios humanos – não existe isso de “o bom selvagem”, há neles um lado tão sacana quanto em qualquer cultura).

                            Realizem-se então essas centenas e até milhares de filmes.
                            Vitória, quarta-feira, 23 de outubro de 2002.

Escola do Ímpeto

 

                            Ímpeto (= IM0PT = ENNT = ENT = ENG) = ENERGIA, na Rede Cognata, então Escola da Energia.

                            Raciocine que há uma média, abaixo da qual estão os aproveitados e acima os aproveitadores. Por minha natureza, sendo anarco-comunista, nunca desejei ser um aproveitador, porisso nunca tive até agora (por convivência e preocupação com os filhos, terei) poupança ou qualquer posse, que significa passar ao lado “de cima”. Sendo a soma zero, estar acima é o mesmo que estar abaixo, em algo. Como sempre desejei e pratiquei a liberdade = igualdade, nunca desejei estar mais que ao nível geral, de todos e cada um. Infelizmente este mundo é muito primitivo e não há jeito de fazer a obra sem ter recursos para meus filhos.

                            Então, veja, ESCOLA já é outro nome de ELITES, ou seja, escolas formam elites. Quem faz o primeiro ano do fundamental de oito anos está acima de quem não cursou nenhum ano, pelo menos sabe ler, o que já é uma vantagem. Uma SUPERESCOLA quer dizer uma superdiferença, distanciamento apuradíssimo, estar necessariamente acima da média e até MUITO ACIMA da média.

                            A Escola da Energia significará sempre que, não estando na média materenergética, nem sendo estática, densa e pesada matéria popular, sendo dinâmica, volátil e leve energia das elites, tal energética porção ativa, diligente, esforçada, executiva prosperará mais rápido, acumulando mais, e então crescendo ainda mais rápido, exponencialmente.

                            Criando tal escola, atraindo pesquisadores, estadistas e santos/sábios, miraremos o lado estridentemente aplicado, significando superacumulação, que deve ter do outro lado um mecanismo de redistribuição. Acoplada a ela, é claro, deve existir um Escritório de Registros, um Escritório de Desenhos, uma Oficina de Patentes, toda uma série de instrumentos para aproveitar as idéias e patentes, até financiando-as através de um banco próprio coligado. Os professores ali formados irão ensinar em outras escolas dessas espalhadas pelo mundo e nas empresas.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

Escola do Futuro e Futuro da Escola

 

                            Foi tremendo erro geo-histórico (pois se deu em toda parte, em todos os tempos) as pessoas acharem que nós ensinávamos sobre o passado ou o presente. Embora seja verdade, conforme demonstrei repetidamente no modelo, que só existe o ponto, a linha, o plano e o espaço do presente, é certo que na Vida da Escola, a das elites, a da pedagogia, a da tecnociência da transferência compacta e teórica do Conhecimento (escolas mágica/artística, teológica/religiosa, filosófica/ideológica, científica/técnica e matemática), fala-se do futuro, e não do passado, como na Escola da Vida popular, prática.

                            Note que a Psicologia (figuras, objetivos, produções, organizações e espaçotempos) que é abordada pelo povo na Escola da Vida é a do passado, a que já foi referenciada, mastigada, dominada, das comodidades, das repetições (repetição das figuras, repetição dos objetivos, repetição das produções, repetição das organizações, repetição dos espaçotempos – enfim, uma vida de segunda mão). A das elites, a que é abordada na Vida da Escola, é a do futuro (figuras do futuro, objetivos do futuro, produções do futuro, organizações do futuro, espaçotempos do futuro). Como as elites poderiam continuar suplantando o povo e se superando se estudassem o já sabido, o que foi dominado até a exaustão? Na linha do presente o povo volta-se para o passado, para a conservação do que têm. As elites, sabendo que o que têm escorrerá de suas mãos rapidamente, tratam de re-inventar o futuro, pois é nele que estará a sustentação nova.

                            Então, como visão divisória, às elites interessa a Escola do Futuro, enquanto ao povo cabe viver do Futuro da Escola, isto é, do que a escola presente, virando-se para o passado, herdará das elites, como conhecimento ultrapassado, mas ainda válido para amealhar o passado. Passado e ultra-passado, obsoleto, caduco, arcaico.

                            As elites não podem viver disso, porisso a sua pedagogia característica é o ramo psicológico que denominaríamos Pedagogia do Futuro. As elites estão sempre sendo ensinadas a se futuralizar, a ver para frente, e não para trás. Nenhuma fábrica está pronta, ela está se fazendo a cada segundo, e se ela não mirar o futuro em termos de concorrência, morrerá na luta pela produção mais apta, sendo selecionada para morrer.

                            Então a locomotiva do processo é a Escola do Futuro, sendo vagões o Futuro da Escola (que é discussão pedagógica atrasada) e por último a Escola. A questão toda é que as elites devem ser DESENSINADAS do passado, a des-vestirem-se de suas roupas arcaicas, de suas consciências já formadas. E serão tanto mais elites e tanto mais aptas quanto mais se desvestirem das coisas antigas, do que foi rejeitado pelo novo. Isso não quer dizer, de modo algum, não guardar o passado (pois isso é um gesto sempre renovado).

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

Escola de Ecologia

 

                            Como tudo que diz respeito ao ser humano é Psicologia, portanto percepção ou conhecimento da alma humana, ou seja, OLHAR SOBRE O SER HUMANO e deste SOBRE A NATUREZA que rodeia cada um e todos, isso corresponde a PERCEBER AS FIGURAS ou psicanálises, PERCEBER OS OBJETIVOS ou psico-sínteses, PERCEBER AS PRODUÇÕES ou economias, PERCEBER AS ORGANIZAÇÕES ou sociologias, PERCEBER OS ESPAÇOTEMPOS ou geo-histórias.

                            Devemos nos perguntar: como as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) vêem a ecologia? Como cada ser que pensa encara a ecologia? Como vêem os fungos, as plantas, os animais e os outros seres humanos? Quais são as ligações S-E (Ser-ecologia)? Sendo os níveis sete (povo, lideranças professores, pesquisadores, estadistas, santos/sábios e iluminados), como cada patamar vê a ecologia? Como perguntam a respondem aos biomas? Como enxergam as espécies?

                            E as escolas comuns de primeiro, segundo, terceiro graus, de mestrado, de doutorado e pós-doutorado estão se adaptando com suficiente presteza às novas concepções de proteção e desenvolvimento ecológicos? Existe já uma PEDAGOGIA ECOLÓGICA? Os governos e as empresas, as políticas e as administrações, os ambientes e as pessoas estão se adequando e sendo adequadas à percepção da primeira natureza biológica/p.2? Quantos livros, documentários, filmes, reportagens foram feitos? Quais são as participações qualitativas e quantitativas, relativas e absolutas, da mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet) no projeto? Quantos partidos verdes há no mundo e qual a participação percentual nas representações? Quantas leis foram passadas de proteção ambiental?

                            Veja que a Escola de Ecologia está ainda muito atrasada, na Escola geral mesmo, quanto mais por nem existir uma escola especial onde empresários e governantes façam cursos, aonde diretores e professores de escolas cheguem a se reciclar, onde jornalistas e pesquisadores em geral estejam aprendendo.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.