domingo, 1 de janeiro de 2017


Conhecimento Alexandrino

 

                            Os modos políticadministrativos são o Escravismo, o Feudalismo, o Capitalismo, o Socialismo, o Comunismo e o Anarquismo, cada um com quatro ondas, a quarta de um sendo a primeira de outro; estamos na terceira onda do Capitalismo geral, quase passando à quarta, quer dizer, a primeira do Socialismo.

                            Os modos do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) são seis também, com a Geometria e a Álgebra sendo o quinto e o sexto, ou vice-versa. Cada modo políticadministrativo transita nos modos de conhecer, a dominância plena do conhecer tecnocientífico se dando apenas no Socialismo mais profundo.

                            Na Antiguidade também transitaram de uma antiguidade mágica a uma antiguidade científica, esta expressa em Alexandria, fundada por Alexandre Magno (356 a 323 a.C.) em 332 a.C a 208 km do Cairo. Ela foi capital dos Ptolomeus, depois se mantendo como a segunda cidade do Império Romano, de acordo com a Barsa eletrônica, tendo sobrevivido até o século IV, quando a biblioteca foi novamente incendiada. Com a chegada dos árabes houve novo retrocesso, até um certo e desprezível sultão (que seu nome seja esquecido) queimá-la mais adiante. Chegou a contar com 700 mil volumes, segundo alguns, e muito mais, segundo outros.

                            Acontece que os cientistas sonham com Alexandria e suspiram por sua perda. De fato, que grande tragédia acontece sempre que os idiotas queimam as fontes de conhecimento! Porém os cientistas suspiram muito, eles de fato soluçam e choram essa perda. Embora ela tenha sido terrível, não devemos esquecer que nem os greco-romanos nem a dinastia han, na China, nem os gupta na Índia, que iniciaram um movimento tecnocientífico de peso, fizeram-no prosperar PORQUE, como já mostrei, as bases a que destinavam o conhecimento não era bastante ampla.

                            Eles não tinham povo, tinham escravos, e escravos não tendo alma não têm também atenção, daí não possuem máquinas, porque não é errado, para quem pensa assim, submeter os seres humanos a maus tratos. Pelo contrário, pessoas respeitáveis, cristianizadas, devem ser cuidadas o máximo possível.

                            Então, o conhecimento alexandrino foi uma perda irreparável, mas ele não estava mesmo levando a nada, porque reservado apenas aos sábios, aos pesquisadores, não tendo sido vertido ao desenvolvimento de produtos, não servindo ao crescimento do povo. Se acontecer de novo esse distanciamento podemos esperar, infelizmente, novas perdas.
                            Vitória, sexta-feira, 11 de outubro de 2002.

Congresso Representativo

 

                            Congresso significa uma reunião de pessoas que estudam e discutem assuntos comuns, segundo o Michaelis eletrônico, e ato de conversar, de dialogar, entrevista, conversação, conferência, segundo o Houaiss eletrônico; fora ser o órgão bilateral – Câmara de Deputados e Senado.

                            Mas, quando dizemos REPRESENTATIVO, o que desejamos dizer? Por um lado, falamos de representação, o ato permanente de representar. De re-presentar, tornar presente de novo. Lembrar (do povo, das elites, do povelite/nação) de todos que são representados. Gosto de dizer que represent/ação é o ato permanente de representar. É ação, necessariamente, e não inação, porque quem fica dormindo em casa não pode estar representando ninguém, POR DEFINIÇÃO. E represent/ativo significa essa atividade, ser ATIVO, tendo sempre presente essa pareação entre povo e elites, representando a economia ou produção (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos), produtores e não produtores.

                            Há que representar a primeira natureza, a dos outros seres, não-humanos (fungos, plantas e animais, especialmente os ameaçados de extinção). Há que representar o Conhecimento (magos/artistas, teólogos/religiosos, filósofos/ideólogos, cientistas/técnicos e matemáticos), sem falar nas 6,5 mil profissões.

                            Os nossos representantes deveriam se perguntar: o que estou representando? É um representante legislativo ou um artista de circo?

                            Como o mundo se tornou TÃO COMPLEXO, os representantes deveriam ter uma Escola de Representantes, um Livro dos Representantes (aliás, toda uma mídia de representantes: TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet – no sentido de ampliar suas possibilidades). Como custa tão caro, precisamos fazer render cada centavo, em patamares muito mais elevados que os de agora. Perguntar sempre: quão representativo é este Congresso?

                            Creio que posso dizer que por enquanto muito pouco, nos termos propostos acima.

                            Vitória, sexta-feira, 11 de outubro de 2002.

Congresso do Conhecimento

 

                            Para o Conhecimento inteiro (Alto: Magia, Teologia, Filosofia e Ciência, e Baixo: Arte, Religião, Ideologia e Técnica) penso que pode ser construído um monumento-símbolo semelhante àquele do Congresso Nacional brasileiro em Brasília. Com o Senado do Conhecimento (alto) de um lado e a Câmara do Conhecimento (baixo) do outro, no centro ficando o cilindro símbolo da reunião, para a Matemática, representando efetivamente o Congresso, a união das duas casas.

                            Metade deve estar acima e metade abaixo do solo.

                            Cada Casa do Conhecimento deve ser circular, para representar a perfeita integração de tudo, o conhecimento verdadeiro de todas as coisas, apenas pretendido. O lado de cima é a aspiração de chegar a compreender, o lado de baixo é rendição, a certeza de que tal não será totalmente possível.

                            O Senado do Conhecimento deve ser separado por cores, quatro delas, para representar cada uma um setor do Conhecimento geral, começando da mais extrema intuição, com a Magia, até a mais extrema razão, com a Ciência. Na Câmara os tons logo abaixo das cores.

                            Tais casas devem ser representativas de todos os países do mesmo mundo, depois em cada país dos estados, nestes dos municípios/cidades, por grupos, de tal modo que todos tenham sempre bem presente do que se trata, e todos possam participar. Desejavelmente haverá uma mídia associada (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet do Congresso).

Evidentemente tal Congresso não pode e não deve substituir o Congresso políticadministrativo, pois existe muita coisa que não está representada nos interesses dos pesquisadores & desenvolvedores teóricos & práticos, na P&D T&P, por exemplo, as 6,5 mil profissões, as crianças que estão estudando, os deficientes que, todavia, são cidadãos respeitáveis, e assim por diante. Mas, é claro, o Congresso políticadministrativo consultará freqüentemente o Congresso do Conhecimento.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Complexidade do Concorde

 

                            Vi uma reportagem contando o fracasso de vendas que se tornou o Concorde, o consórcio anglo-francês que pretendeu destronar a Boeing e sua liderança mundial.

                            Por fora o Concorde tinha aquela forma aparentemente aerodinâmica, com o nariz inclinando-se, como uma agressiva águia. Portanto, agradaria, em princípio, um dos dois pólos do par polar oposto/complementar formestrutural – o lado da forma. Era “ocidental”, reto, agressivo, enquanto os 747 são bojudos, arredondados, com uma crista em cima, dando sentido de poder contido, de uma enorme massa bruta.

                            Por falta de planejamento a audácia do lançamento, com aquele furor de voar acima da barreira do som e o aparente atrevimento conceitual, planejou vender 600 ou mais unidades, depois baixou a expectativa para 100 e finalmente vendeu algumas dezenas.

                            Na prática gastava tremenda quantidade de combustível, fazia um barulho terrível e a falta de manutenção das poucas unidades vendidas acabou por derrubar vários. Fracasso extraordinário, cuja geo-história ainda não está bem contada. Que sirva de lição a todos.

                            Depois, mostraram que por dentro a aviônica não era de última geração, era da década dos 1960 cheirando a avanços da década dos 1940. Onde os aviões americanos tinham muita computação embarcada, os Concorde tinha centenas de botões, sobrecarregando a memória dos pilotos, cansando-os tremendamente.

                            Toda firma deveria ler não apenas as GH de sucessos, mas principalmente as dos fracassos, porquanto isso nos prevenirá contra esse orgulho, essa tolice exposta ou sutil que faz avançar contra a corrente da GH mais rápida e potencialmente lucrativa, o minimax (máximo com o mínimo), o sentido de enxugamento socioeconômico total. Não ter procurado simplificar ao máximo, dentro do conceito de simplexo (o máximo de simplicidade possível requerida pela complexidade mais extremamente útil) derrotou o Concorde e todo um modo europeu de ser e estar. Como os americanos se colocaram na frente neste particular, foram depois derrotados provisoriamente pelos japoneses na questão dos carros, dos televisores, das máquinas fotográficas e de filmar, dos walkman, etc.

                            Na realidade essas geo-histórias de fracassos acabam por ser valiosas lições para toda a humanidade. Acho-as maravilhosas. Deveriam estar sendo repetidas até a náusea nas salas de aula, desde o pré-primário até o pós-doutorado. Ouvi-las talvez evite que façamos outros Concordes no futuro, que cheguemos a esses tremendamente vistosos fracassos.

                            Por outro lado, podemos procurar enquadrar os sucessos sob a ótica daquele enxugamento socioeconômico da maior potência, aquela espantosa vivacidade e integridade de fazer com todos os mínimos possíveis render o máximo. É disso que a humanidade precisa sempre.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Ciência sem Pensamento

 

                            Michio Kaku, em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, diz na página 196: “Anderson gosta de comparar as artes marciais à pesquisa dos mecanismos genéticos básicos da célula. A ciência ‘é algo que se faz melhor sem pensar, algo transcendente e intuitivo’, afirma. Em contraste com outras ciências, cujas leis básicas estão bem estabelecidas, a terapia genética é um campo novo, que está tateando, e que, como o tae kwon do, requer coragem, inovação e criatividade, bem como trabalho árduo”.        

                            Como está no modelo, o Conhecimento é composto de uma parte alta (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência) e de uma parte baixa correspondente (Arte, Religião, Ideologia e Técnica), e da Matemática, centro de tudo. Por natureza a seção alta é a que trata dos conceitos, enquanto a baixa refere-se às formas. DE DEFINIÇÃO conceitualizar é pensar, não é nada mais que isso, é fundamentalmente isso. Então, pelo lado do conhecimento alto não pode haver descoberta sem pensamento. E o conhecimento baixo é o reflexo daquele, portanto, é pensamento também.

                            Além disso, TUDO no ser humano é pensamento, mesmo quando disso estamos inconscientes. Uma pedra não pensa, nem nossas células pensam. Aquilo que denominamos INCONSCIENTE é também pensamento, sobre o qual não temos condições de estabelecer as trilhas, enquanto na racionalidade, NO PENSAMENTO EXPOSTO, no pensamento-de-vigília, nós vemos as coisas seqüenciarem, embora no outro não. Mesmo se não vemos a seqüência, se não podemos estabelecer o caminho, ele está lá, e é plenamente pensamento. NÃO EXISTEM DESCOBERTAS SEM PENSAMENTO. Talvez ele devesse ter dito que se faz melhor ciência inconscientemente. Isso é contestável, dado que, como se sabe, todos os grandes e até os pequenos cientistas pensam vigorosamente, para conseguir qualquer resultado, ficando nisso décadas a fio. Aliás, TODOS OS SERES HUMANOS pensam com vigor. Alguns, é evidente, não sabem esgotar os assuntos, não se organizam suficientemente, não estabelecem escaninhos para as conclusões provisórias, não têm método, científico ou outro. Mas, sem dúvida alguma, ser humano é pensar.

                            Essa tal “ciência sem pensamento” que o rapaz deseja está mais para as revelações religiosas (que viriam da Ciência lá de Deus). Mas, sob a ótica humana de descoberta, isso não seria ciência, seria doação.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Causa Final

 

                            No livro de Giovanni Reale e Dario Antiseri, História da Filosofia, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990, p. 621, os autores dizem: “E o que se diz da causa eficiente vale também para a causa final. Quem afirma que ela atua enquanto querida e desejada está falando metaforicamente, porque o desejo e o amor não implicam uma ação efetiva. Ademais, não é possível demonstrar que um evento qualquer tenha uma causa final. Não tem sentido dizer que o fogo queima em função de um fim, posto que não é necessário postular um fim para que se tenha tal efeito”, coloridos meus.         

                            Pela propriedade do não-finito TODAS as coisas opostas são complementares, isto é, no diâmetro da esfera os opostos são definidos pelo mesmo centro. Assim sendo, JÁ HÁ um Deus e já há uma Tela Final, onde está a Equação do Mundo, a plena compreensão terminal de todos os elementos do Desenho de Mundo, mesmo que o ser humano não saiba ver isso e até ache impossível conciliar.

                            Não basta explicar sucessivamente as coisas em quatro ou cinco níveis, o penúltimo sendo o da Ciência e o último e definitivo sendo o da Matemática, fechada em todas as soluções mutuamente compatíveis, exatamente aquela EM.      Não basta dizer COMO as coisas funcionam, isto é, seus processos de consecução; é preciso dizer POR QUE elas funcionam, explicar realmente.

                            Ademais, estando já ELI, Ela/Ele, Natureza/Deus Insconsciente/Consciente desde sempre presente, resulta que é da total liberdade de Deus, um dos seus não-finitos atributos, conceder liberdade transitória ao desenho de mundo. Havendo dois espaçotempos, um não-finito, onde cabem todos os outros, e vários finitos, que são os transitórios, esses em transição, todos e cada um, recebem liberdade, inclusive de compreender, que é sempre parcial e não-fechada na solução final, a qual está unicamente na Tela Final.

                            Por conseguinte a Causa Final é a mesma Causa Inicial.

                            Não é um evento só que tem causa final; TODOS têm, pois a Causa Final foi a que criou a Causa Inicial, e vice-versa – ouroboros, a cobra que engole o rabo.

                            E é efetivamente necessário postular um fim, pois de outro modo não se saberia como completar o par polar Natureza/Deus, que nos diz que o Acaso da Natureza deve ser completado pela Necessidade de Deus. Todos os acasos da natureza juntos perfazem ou refazem o único necessário de Deus.

                            Não há senão aquilo que chamei de “apelo teleológico” ou chamamento teleológico, desde o fim até o começo; as coisas convergirão NECESSARIAMENTE para a Causa Final, que reinicia ou redispara os universos do Pluriverso geral do espaçotempo de configuração.

                            PORTANTO, se segue que a Causa Final existe, e é a mesma Causa Inicial. Ademais, todas as causas intermediárias e todos os efeitos convergem ENQUANTO EXPLICAÇÃO, enquanto fechamento de todas as soluções; de tal modo que do ponto único da Causa Inicial, passando pela árvore de causefeitos mediadores e chegando à Causa Final, tudo é uma e a mesma Causa e um e o mesmo Efeito. Para explicar totalmente o fogo deve-se recorrer à plenitude da Tela Final, isto é, como a Causa Finalinicial explica e realiza o fogo, desde as origens.

                            Daí que ela não só existe de fato como é a causa de todas as causas intermediárias.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Caçadores de Cabeças

 

                            No livro As Profissões do Futuro, São Paulo, Publifolha, 2000, p. 57 o autor Gilson Schwartz diz: “Essas questões estão presentes no cotidiano das empresas de recrutamento (headhunting, ou caçadores de cabeças) e recolocação (outplacement, que ajudam um trabalhador a encontrar uma empresa mais adequada a seu perfil) ”.

                            O que vem a nossa mente quando ouvimos a expressão “caçadores de cabeças” é também o encolhimento delas. E deve bem ser isso que ocorre nas empresas, porquanto, ao entrar numa delas o que se espera é rendimento PARA O LUCRO do coletivo de trabalho, especialmente o dos patrões, visando então as empresas e seus grupos, nunca as famílias e os indivíduos. A vida deste par (dito “pessoa física”) é anulada, visando o favorecimento do outro par (dito “pessoa jurídica”).

                            Os indivíduos e famílias devem “SE ENQUADRAR’, isto é, virar quadro (grupal, empresarial), quadrado, limitado, angular, reto, 90º de certeza, segundo as convenções. Não é para serem imaginativos além dos marcos do lucro que os indivíduos (e suas famílias) são contratados.

                            Eles devem aceitar com resignação, pelo salário e outras vantagens, quer dizer, pela sobrevivência, à qual tudo mais deve se subordinar, as sujeições e as reduções, com resultados palpáveis e desastrosos para a humanidade, em termos de contenção do potencial inventivo geral da humanidade. Tudo é focado num ponto, o desejo grupal ou empresarial de prosperar nos termos mensuráveis de produção e organização.

                            Ninguém pensa em ampliar os indivíduos e suas famílias. Isso é deixado a cargo deles e delas, SE NÃO ATRAPALHAR . Acontece que todos esses indivíduos e famílias estão mergulhados no coletivo, restando em soma zero para este os danos de personalidade tolhida, que são tantos, como podemos ver nas psicopatias e nas sociopatias.

                            Por parte dos governempresas deveria haver, então, um departamento conjunto de ampliação das cabeças, das perspectivas das cabeças que são caçadas pelas empresas e pelos governos para as tarefas internas e externas de umas e de outros. O que corresponderia a gente que se preocupasse em investir na diversificação de atividades dentro dos governempresas, em salas de debates, em escolas, em museus, em bibliotecas, em fitotecas, no que fosse de diversificação mental.
                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.