quarta-feira, 14 de dezembro de 2016


Atratividade das Órbitas

 

                            Os cortes espaciais são quatro: ponto, linha, plano e espaço, e devemos considerá-los todos na modelação dos sistemas estelares.

                            Na formação do sistema solar e de toda a nossa constelação a partir da esferoidal Nébula de Formação primordial, do pó e do gás gerados pela explosão local de uma supernova (que fabrica os elementos a partir do hélio), a agregação sucessiva produziu os vários objetos.

                            A Terra e a Lua não tinham o tamanho que têm hoje. Foram crescendo desmesuradamente com a queda contínua de meteoritos. A prova disso são os satélites de Marte, Fobos (diâmetro maior do elipsóide de 27,0 km) e Deimos (idem, 15,0 km), que são meteoritos capturados, e nem dos maiores. Quando um meteorito cai na Terra a cratera que abre tem dez vezes o seu diâmetro maior, portanto Fobos e Deimos abririam buracos de 270 e 150 km. Para se ter uma idéia, o tamanho estimado do meteorito que caiu na península de Iucatã é de 16 km (portanto abriu uma cratera de 160 km, o que bastou para extinguir 70 % da vida terrestre há 65 milhões de anos, arrasando quase tudo e terminando a era dos dinossauros). Graças a Marte escapamos de dois, bem maiores.

                            O quanto devemos agradecer a Marte e à Lua podemos estimar olhando as crateras de um e da outra, e são milhares. Não foi só o tectonismo ou orogenia (formação das montanhas), vulcanismo ou atividade dos vulcões, a degradação ambiental pelos ventos (erosão eólica) ou pelas chuvas (erosão pluvial), ou, mais recentemente, a degradação ambiental pelos seres humanos que ocultaram as crateras, é que os corpos celestes do sistema solar detiveram a maior parte dos objetos incidentes, em particular Marte e a Lua, porque nada, é claro, vem de dentro, da parte interna do SS abaixo da órbita terrestre.

                            Podemos imaginar a pseudo-esfera primordial se aglomerando em volta do que é hoje a eclíptica, o círculo de dominação gravitacional do Sol. Pó e gás caíam de cima, o que é raro hoje em dia. Tudo que venha de cima vai encontrar enormes buracos. Para se ter uma idéia, se o Sol fosse uma bola abraçável de um metro de diâmetro (na realidade 1.396.000 km), a Terra teria só 9,1 mm (diâmetro real de 12.744 km), menos de um centímetro, e estaria situada a 107,5 metros de distância. E as outras distâncias SÃO GRANDES, maiores ainda quando se vá para fora. Plutão (diâmetro estimado de 3 mil km) teria, presumidamente, 2,2 mm e se colocaria a 4.226,4 metros.

                            Agora, como os objetos estão todos no mesmo plano, denominado eclíptica, resulta que eles formam guarda-chuvas (guarda-meteoritos) bastante significativos. Repare que a Terra tem um diâmetro de 12.744 km e a Lua de 3.480 km, situando-se esta entre o máximo de 450 e o mínimo de 300 mil, média de 380 mil km, ou seja, entre 35,5 e 23,5, média de 29,8 diâmetros terrestres. A Lua cerca muita coisa do espaço, que de outro modo seria endereçada a nós. Dizem que Terra e Lua são planetas irmãos, e são mesmo, em mais de um sentido. A Lua leva as pedradas.

                            Ela gira em torno da Terra, período de translação, em aproximadamente 28 dias, e o seu período de rotação é o mesmo, de forma que ela mostra sempre a mesma face para nós, ficando uma escondida, a Face Escura da Lua. Em metade desse tempo ela fica formando um semicírculo em volta da Terra, ou seja, durante 14 dias temos maior proteção, justamente do lado donde viriam os meteoritos, o de fora, enquanto os outros 14 dias ela está para dentro, de onde não vem meteorito algum. Nesse tempo estamos desguarnecidos. E também de tudo que passar fora da influência gravitacional (ou gravinercial) da Lua.

                            E mais distante, a 228 milhões de km contando do Sol, Marte também nos defende. Não do mesmo modo que a Lua, mas mesmo assim ajuda. Situando-se a 150 milhões de km do Sol, a Terra dista em aproximação mínima de Marte 78 milhões de km.

                            Além de Marte está o Cinturão de Asteróides, que é para o Sol o que os anéis são para Júpiter, Saturno (os maiores que há), Urano e Netuno. Aí mora o perigo. Os meteoritos ou asteróides (“forma de estrelas”) são milhares, desde o maior deles, Ceres, com 1.020 km (se caísse na Terra abriria uma cratera de 10.200 km, quase todo o diâmetro planetário – despedaçaria nosso mundo), havendo 93 com mais de 200 km e 96 com diâmetros que vão de 80 a 200 km, sem falar nos milhares (mais de 500 mil, dos quais mais de dois mil estão catalogados e nomeados) de médios e “pequenos”, de 200 metros, por exemplo, mas que já causariam um estrago significativo.

                            Devido à presença do gigante gasoso Júpiter, formam-se dois grupos fora do Cinturão, chamados Troianos (dos quais foram descobertos só 2 a 3 %), situados a distâncias iguais daquele planeta (nos Pontos de Lagrange), em sua órbita em torno da estrela, formando triângulos, com os troianos situados nos vértices, à esquerda e à direita, onde se dá o empate gravitacional lateral na disputa entre o dominante central, o Sol, e seu filho que é seu maior contentor, Júpiter, que o detém em três pontos, esses dois e mais um, situado para dentro.

                            A distância de Júpiter ao Sol é de 778 milhões de km, a relação da massa do Sol (m s) e da massa de Júpiter (m j) é de 1.046 = m s / m j = k. Na fórmula F = G m1.m2 /d2 (onde G é a constante gravitacional), sendo s 2 a distância do Sol ao zero gravitacional entre ambos e j 2 a distância de Júpiter, obtemos  que J = S √ 1/k = S √ 1/1.046 = 24,1 milhões km, contando de Júpiter, ou 754 milhões de km, contando do Sol, mais de 97 % da distância total entre ambos, desconsiderados os raios, relativamente não-significativos. Júpiter é grande, mas o Sol é imensamente maior, e o gigante gasoso fica só com 3 % da luta.

                            Além disso, existem os Hilda (como Apolo, Adonis, Ícaro), que se supõe serem antigos troianos que foram capturados pela atração/repulsão gravinercial do Sol, e precipitam-se rumo a ele.

                            O que vem de mais longe de Júpiter é em parte detido pelos planetas exteriores. Júpiter segura muito mais (lembre-se do cometa S-L, que caiu faz alguns anos naquele planeta em 21 pedaços).

                            O Cinturão de Asteróides forma uma faixa situada entre 2,17 e 3,67 UA (Unidade Astronômica, que é a distância média Terra-Sol, de 150 milhões de km), portanto de 300 a 550 milhões de km. Outros estão além (1 %) ou aquém (3 %). Como, para o lado do Sol, Júpiter só vai até 24,1 milhões de km, o Cinturão de Asteróides é prisioneiro do Sol, que vai até 754 milhões de km, mais de 200 milhões de km além dos limites do CA. Nisso Júpiter não pode enfrentar seu pai.

                            Usando a mesma fórmula, achamos que o empate gravitacional da Terra com o Sol se dá a apenas 260,0 mil km do nosso planeta (o Sol fica com 99,83 %), ou 20,4 diâmetros terrestres. A dupla Sol-Terra também tem o equivalente de troianos nos pontos lagrangeanos equivalentes, no enxame de meteoritos que nos rodeia. Isso nos mostra que a Lua passa sempre entre o Sol e o empate gravinercial S/T. Se a Terra tivesse um cinturão, ele ficaria dentro da órbita da Lua. Pode ter tido, porém se teve todos os meteoritos já caíram na Terra logo nos primórdios, porque, lembre-se, no caso de Júpiter o Cinturão fica aquém do empate, e não além; ele não fica dentro da curva definida pelo ponto de empate. Se Júpiter tinha um cinturão tudo já foi absorvido, restando alguns exemplares como satélites não-circulares.

                            O empate gravinercial de Marte situa-se a 129,3 mil km do centro daquele planeta (o Sol fica com 99,94 %), ou 19,0 dos seus diâmetros (6.790 km). Numa área de metade do círculo, o semicírculo voltado para o Sol é de 18,1 milhões de km2, onde Marte vence o Sol, e puxa tudo para ele. Pode parecer pouco, mas através dos bilhões de anos teve grande significado.

                             Quanto à Lua, seu raio é de 1.740 km. O empate gravinercial dela com a Terra se dá em L = T √ 1/k = T √ 1/ 81,3 = 4,7 mil km (pela média de 380 mil km para a órbita da Lua) de seu centro, portanto apenas 3,0 mil km além da superfície dela. Tudo que estiver aquém disso a Terra puxa para si. Apesar de pouco, pense nos bilhões de anos. O semicírculo é de 4,8 milhões de km 2. É um guarda-chuva relativamente grande. Tudo que o Sol capturar e ficar dentro dele a Lua puxa para si, e nela cai. Foram muitos milhares de meteoritos grandes e pequenos, seria preciso fazer a conta a partir das crateras que restaram, pois existem milhares delas que foram ocultadas pelas seguintes e mais recentes.

                            Veja o que Marte e a Lua fizeram por nós! Contando as crateras poderemos estimar melhor.

                            E seria preciso ver que, da órbita da Terra, de 942,5 milhões de km, esta ocupa 1,35/1.000 % com seu diâmetro, ou 0,00135. Caso o Sol atraia um meteorito ou cometa, a chance de ele passar longe da Terra é de 74,0 mil para um. A chance favorável de Júpiter é de um para 34,2 mil (diâmetro dele dividido pela circunferência da órbita), menos de metade daquela da Terra. Segue-se que Júpiter (seria o caso de fazer as outras contas) está mais de duas vezes mais sujeito a receber meteoritos que a Terra, se levássemos em conta só esse indicador.

                            Veja só, a isso chamei de “atratividade das órbitas” – a sujeição dos objetos ao bombardeio de outros objetos do sistema.

                            A Terra está muito sujeita, mas outros planetas e satélites estão mais. A chance favorável de Vênus é de um para 56,1 mil, menor que a do nosso mundo. A de Marte é um para 211,0 mil, maior, e a de Mercúrio é de um para 74,6 mil, quase igual à da Terra. A da Lua é um para 686,1, em relação aos puxões da Terra, enormemente menor, na base de quase 108 vezes para um, em favor da Terra.

                            Enfim, a situação parece bem favorável, o que reforça o chamado “princípio antrópico”, de que tudo foi preparado para nossa felicidade. Foi, pela Natureza, mas tudo é parcialmente o contrário, também, pois estamos aqui PORQUE os meteoritos não caem com tanta freqüência. Os dois lados, direto e inverso, valem. Como será em outros sistemas estelares? A existência da Lua foi uma “mão da roda”, como diz o povo. Se ela não estivesse lá, estaríamos MUITO MAIS sujeitos aos choques. E quanto aos outros mundos terrestróides noutros sistemas estelares, eles têm ou não satélites que façam essa “limpeza”? Não os ter vai significar um bocado de aborrecimento, porém a Vida geral, enquanto princípio ou conceito, é bem resistente, e deve ter encontrado soluções variadas para subsistir. Vai ser interessante ver.

                            Vitória, quarta-feira, 22 de maio de 2002.

Atlântida

 

                            Um Marc André R. Keppe publicou o livro A Origem da Terra (Geologia – História – Biologia), São Paulo, Próton, 1986, onde, entre outras coisas, fala de Atlântida no Capítulo 2, Queda de Civilizações Imponentes, 4, Atlântida, página 103 e seguintes. Todos os grifos e negritos meus.

                            A primeira linha já diz assim: “Foram inúmeras as interpretações sobre esta civilização (...)”, o que dá a entender QUE HOUVE uma civilização. Primeiro é preciso que haja para só depois perguntarmos se têm características de civilização. Acontece que é justamente a existência, preliminar, que está sendo posta em dúvida.

                            Também a Barsa eletrônica coloca: “Sede de antiga civilização que supostamente existiu (...)” e “(...) essa ilha do continente lendário (...)”. Primeiro coloca a afirmação, “antiga civilização”, e só depois a negação dela, “supostamente”, ou “essa ilha do continente” e a seguir “lendário”. Primeiro a mente toma contato com o positivo e só depois com o negativo.

                            Por quê essa gente não tem o mínimo de correção?

                            O autor citado acima, Marc Keppe, coloca em seu livro os diálogos platônicos Crítias e Timeu, nos quais o mito de Atlântida é relatado, no primeiro por Crítias, neto de Sólon, legislador ateniense que foi ao Egito de então (já com três mil anos de civilização), como algum americano de agora vai à Europa. Naturalmente Sólon contou aos filhos e netos, e Crítias repassou a Sócrates, que a contou a Platão, que a colocou no papel, na época papiro. Se Sólon já tinha alguma idade e se Crítias era um garotinho, algo pode ter se perdido na passagem.

                            Sócrates já tinha alguma idade quando recebeu o jovem Platão como discípulo. Nem ele nem Sólon eram caducos, porém a coisa não veio diretamente dos sacerdotes egípcios, nem houve pesquisa de fonte.

                            O Keppe cita extensamente, mas como não há espaço para tanto, vou destacar passagens e interpretá-las:

                            1) “Esta ilha era maior que a Líbia e a Ásia reunidas (...)”. A “Líbia” de que se fala aqui não é a mesma de agora, área de 1.775.500 km2, população em 2001 de 5,4 milhões, ditadura militar do coronel Muammar Kadafi, PIB indeterminado, indo de US$ 16,2 a US$ 50,0 bilhões. Era então o nome genérico da África. E Ásia era todo o Oriente depois do Crescente Fértil, quer dizer, depois da Suméria, da Mesopotâmia. A África tem 30,3 e a Ásia 44,3 milhões de km2, somando 74,6 milhões de km2. Veja que diz ILHA, portanto cercada de água por todos os lados. Para dizer que era maior tinha que conhecer, ou desconhecer (querendo dizer “muito grande”) ou estar de pilhéria com um estrangeiro crédulo (embora Sólon fosse legislador respeitado).

                            2) “(...) e todos os que se encontram deste lado do estreito”. Um estreito significa uma língua de mar entre duas porções de terra, como o Estreito de Magalhães, situado no extremo sul da América do Sul, onde esta se separa da Ilha Grande, na Terra do Fogo. Onde haveria um estreito nas proximidades de Europa e África, de onde o sacerdote e Sólon conversavam, exceto onde depois foi escavado o Canal de Suez? Por conseguinte estavam separados os dois continentes da África e da Ásia nove mil anos antes de Sócrates, ou 11,5 mil anos de agora, o que pode ser testado pela Geologia – é um pedido direto de prova. Como a África migrou para o nordeste (e a América do Sul para sudoeste) desde a separação de ambas mais de 900 km, pelos meus cálculos, seguramente houve uma passagem. Mas não vale ter sido 70 milhões de anos atrás, quando não existiam seres humanos, e sim tão perto quanto 11,5 mil anos. E Crítias, falando pela boca do sacerdote, diz: “deste lado do estreito”. Quer dizer que na época em que o sacerdote se pronuncia, por volta de 500 antes de Cristo, o estreito forçosamente deveria ainda existir, o que também pode ser testado. De fato o Egito se situa bem diante do atual Canal de Suez.

                            3) “(...) havia sobre as montanhas vastas florestas, das quais subsistem ainda traços visíveis. Pois entre essas montanhas que só podem nutrir as abelhas, as há nas quais não há muito tempo, se cortavam grandes árvores, próprias para montar as mais vastas construções, das quais os revestimentos ainda existem“. Aqui caberia datação de carbono, se tais revestimentos puderem ainda ser achados. Acontece que, na segunda metade do século passado, o XX, os cientistas descobriram com espanto que o Saara já teve água e hipopótamos, bem como grandes florestas, das quais há restos petrificados, bem como população que deixou rastros em cavernas. Segue-se que o sacerdote não estava delirando. E ele continua “(...) e a terra dava aos rebanhos pasto inesgotável. A água fecundante de Zeus que aí escorria a cada ano não escoava em vão, como hoje, para ir perder-se da terra estéril para o mar: a terra a recebia em suas entranhas e recebia do céu uma quantidade que reservava, nas suas camadas (...)”. Ou seja, CHOVIA a ponto de escorrer água que ia até o mar, quer dizer, havia rios perenes.

                            4) “(...) um dilúvio, que foi o terceiro, antes da catástrofe de Deucalião (...)”. Quando e onde os cientistas podem apontar QUATRO dilúvios, um seguido do outro, sendo que o último foi considerado uma CATÁSTROFE? Eis outro pedido de prova bem específico, a sondar nos depósitos aluviais. Catástrofe, no Houaiss, 651, é “acontecimento desastroso de grandes proporções”. Veja que des/astre significa desalinhamento dos astros, quer dizer, abalo provocado por realinhamento planetário, e DE GRANDES PROPORÇÕES é coisa grande mesmo. Deucalião foi, na mitologia grega, filho de Prometeu (o que roubou o fogo dos deuses para dá-lo aos humanos, e foi punido por isso) e marido de Pirra. Deucalião e Pirra, como Noé e esposa e filhos, foram os únicos sobreviventes, tendo se refugiado numa barca que os levou ao Parnaso, um monte, exatamente como no mito bíblico. Um dilúvio, de proporções absolutamente arrasadoras, a ponto de sobrarem apenas duas pessoas.

                            5) Atlântida era “(...) insolente potência que invadia de um só golpe a Europa e toda a Ásia, e que sobre elas se lançava do fundo do oceano Atlântico (...)”. Se estava na Europa e na Ásia não podia invadi-las, assim como os EUA só invadem o exterior; conseqüentemente, sendo o mundo conhecido Europa, Ásia e África, só restava a África. E o sacerdote continua: “Por outra, de outro lado possuía a Líbia, até o Egito, a Europa, até a Tirrênia”. Possuía a Líbia/África até o Egito, e a Europa até Tirrênia, que deu nome ao mar Tirreno, não se sabe se pelo lado da esquerda ou da direita. E repare que é “do fundo do oceano”, o Atlântico, e não outro. Do fundo tem significado tanto de “sob a superfície”, bem para baixo, quanto “de bem longe”, distante. Observe também diz: “(...) diante daquela passagem que chamais de colunas de Hércules (...)”. Com isso as pessoas traçaram uma linha reta e imaginaram que fosse dar nas Américas. Não, absolutamente não! Diz: DIANTE, ou seja, à frente, depois de, o que pode ser em qualquer lugar.

                            E fala em ilha. Ilha é ilha mesmo, uma porção de terra cercada de água, não se pode inventar.

                            Mas na Rede Cognitiva, que a Grade Signalítica mostrou, ilha = FALHA. E, adivinhe, o oceano Atlântico tem 106,5 milhões de km2, de modo que ele é maior que a África/Líbia e a Ásia juntas. Se houvesse uma civilização SOB AS ÁGUAS (que tivesse dominado a África e a Ásia juntas), satisfaria todas as hipóteses. Isso é impossível, mas a lógica do conto o exige. Dessa impossível civilização uma ilha seria o centro emerso, motivo para FC ou fantasia, e revistas em quadrinhos.

                            Não estou advogando a existência de Atlântida. E critérios já os coloquei nos textos do modelo, PORQUE a lógica há de ser preservada em tudo.

                            O próprio Keppe diz, p. 103: “Muito antes de o homem comprovar cientificamente que a Terra fosse esférica, já havia a imagem de Atlas carregando o globo terrestre na mitologia grega”. Seria o caso de buscar um exemplar dessa escultura, para mirar o globo reproduzido, os continentes presentes, etc. Creio que uma ou mais de uma deve (m) ser buscada (s) a todo galope. Achá-la seria fundamental, por milhões de motivos. Existiu ou não existiu. Se há chances, que a procurem metodicamente, cientificamente, com rigor. Se não a acharem, depois de todo esforço sério, que parem o falatório.           Agora, ficar enrolando é que não dá pé. Uns dizendo que sim e outros dizendo que não, ambos os lados se recusando a buscar porque, para os favoráveis o não-achamento seria o cancelamento de ilusões acalentadas, e para os negativistas o achamento os faria candidatos ao deboche.

                            Há tantas coisas para pensar que não podemos nos dar ao luxo de ficar embalando fantasmagorias.

                            Vitória, quarta-feira, 22 de maio de 2002.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016


O Inferno de Dan

 

INFERNAU (nave-infernal)

O AUTOR.
LIVRO.
FILME.
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Dan Brown, americano, 1964.
Inferno
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O livro pelo menos é bem elaborado, bem construído, se você não quiser pensar pode até se deixar enganar: quer dizer, se você trabalhar contra si mesmo, se fizer o esforço, acreditará no autor. Vá ler, vá sofrer, não vou poupa-lo.

O mesmo não podemos dizer do filme, a quem Tom Hanks – nos mais recentes tempos decaído – empresta sua competência.

Para quê gastar tempo e esforço em algo deplorável?

Bem, como já disse e repito, em tudo pode vir uma chave preciosa, algo de absolutamente relevante e é isto (não lembrava do livro, agora seria complicado buscar a página), no filme está quase no final, 5/6 do tempo, o bilionário assassino diz: “o amor acorda a alma para agir”.

Como vimos, O Amor é Deus, o Sumo Bem de Platão. Também enxergamos que apenas 50 % têm alma, ao contrário do que tendi a crer. Se for como está dito, em algum momento Deus dispara algo nas pessoas e elas começam a operar (mas não nos anjos, nem nos demônios). Não é interessantíssimo? Achei admirável.

Vitória, terça-feira, 13 de dezembro de 2016.

GAVA.

Os Motoqueiros Fantasmas da Máfia Contra os Zumbis Vampiros da Yakuza

 

Meu filho viu filme e resumiu de modo que não recorda: encompridei para o título, visando retratar o livro de Fábio M. Barreto, Filhos do Fim do Mundo, Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2013.

Não acredito no lema “se não tem nada de bom para dizer, não diga nada” porque, fosse assim, não poderíamos comentar os livros malignos ofensivos às famílias e às crianças ou as tramas perversas de Hellwood, que visam implantar costumes sórdidos (já listei isso, vá ler). Contudo, procuro ardentemente algo de bom e significativo em tudo e neste livro encontrei isto:

1.       Não foi escrito em ideogramas, teria sido muito mais difícil ler;

2.      Não é em língua estrangeira, poderia ter sido traduzido.

O LIVRO.
                            O AUTOR.
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O tema é espantoso: todos com menos de um ano de idade morrem (crianças, primatas, animais, plantas, fungos, arquea) e os que vão nascendo morrem também, até certo dia no fim do livro em que nasce o primeiro vivo, filho do jornalista. Também é notável o jornalista ser chamado de Jornalista, o médico de Médico e assim por diante. Não sei se alguém pensou que sem fungos e bactérias (boas e más, existem 100 trilhões em 2,0 kg em nosso trato intestinal, nossa flora bacteriana fundamental; tem ciclo vital curtíssimo, reproduzem-se a velocidades extraordinárias) morreríamos, não teríamos mais queijos e cervejas e nada fermentado; sem as abelhas (desapareceram em parte, veja na Web que os EUA fizeram do sumiço de 40 % delas questão de Estado) sumiriam as amêndoas e as flores, com estas inúmeros produtos; moscas e mosquitos (em parte seria bom, mas isso levaria ao sumiço de sapos e vários outros). Enfim, a Rede Vital que nos ampara entraria em colapso. Na realidade, o livro dele é excelente exercício para os biólogos-p.2 e mostra como podemos ser tolos em nossas hipóteses. Não há explicação nenhuma de porque todos os de menos de um ano morreram e porque recomeçam os nascimentos.

Poderia ficar horas aqui escrevendo detalhes.

O estilo é truncado, com muitos pontos, diferentemente dos grandes autores (escrevo assim, mas são artigos curtinhos, uma página, porque se trata de escrever e sair, deixar a ideia sem alongamentos e floreios).

Lá pelas tantas, aparecem zumbis, que ficamos sabendo não serem realmente zumbis e sim um casal presente em batida de carro, donde saiu carregando um braço ensanguentado (talvez na expectativa de recolocação, não diz). Muitos tiroteios, muitas mortes.

Arre! Li até o fim, foi doloroso.

Vitória, terça-feira, 13 de dezembro de 2016.

GAVA.

O Mundo que Estava em Mim Quando Eu Estava no Mundo

 

O magnífico livro de Alberto Villas, O Mundo Acabou! São Paulo, Globo, 2006, conta coisas da infância dele, que é mineiro e nasceu em 1950.

O LIVRO.
O AUTOR.
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O best-seller apresenta um bem-humorado inventário de hábitos, produtos, marcas e objetos. Desperte sua memória afetiva.
Livro de memórias do jornalista Alberto Villas, retrata a infância e a juventude do autor em um Brasil mais inocente e cordial.

Sendo de 1954, ele é mais velho quatro anos, porém é interessante notar que pelo menos 50 % do que diz foi quase igualmente vivido no ES, 30 % era muito semelhante e uns 20 % podem ter destoado bastante (mas a gente ouvia falar – a família dele parece ter sido classe média, nós éramos pobres, mas não miseráveis, papai e mamãe trabalhavam duramente). Fico pensando que naquela época (em que as coisas demoravam mais em ir embora, conviviam conosco mais tempo) uns de mesma idade poderiam ser trocados pelos outros e pais e mães nem notariam.

Que prazer reviver nas memórias dele as coisas da infância, primeiro em Cachoeiro, Sul, depois em Linhares, Norte, como está retratado em Deixe a Vida Me levar (tivesse lido o livro dele antes, poderia ter apurado muito mais minha contagem).

O MUNDO TEM VÁRIAS CAMADAS QUE ESTÃO EM NÓS (tudo isso deixa marcas, as vidas são interessantíssimas, porém poucos recordam – Fellini e outros). Quase ninguém repara, a maioria só faz chorar e reclamar.

OS AMBIENTES INTERFEREM EM NÓS.
Mundo.
Nações.
Estados.
Cidades-municípios.
AS PESSOAS TOCAM NA GENTE.
Empresas.
Grupos.
Famílias.
Indivíduos.

Muito bom, parabéns.

Vitória, terça-feira, 13 de dezembro de 2016.

GAVA.

Ourives

 

Da coleção As Maravilhas do Conhecimento Humano, o IIº Volume (literatura, arte, natureza, filosofia), de Henry Thomas, é o livro que tenho em mãos, Porto Alegre, Globo, 1957.

Nas páginas 108 a 112 fala de Oliver Goldsmith (não sei inglês, seria talvez ferreiro do ouro):

1.       Páginas 108 e 109: “Oliver Goldsmith era um homem sem lar que, no seu Vigário de Wakefield, pintou ‘o mais deleitoso quadro do lar, em toda a literatura’. Essa citação, vinda da pena de Washington Irving, representa o consenso da opinião crítica sobre o trabalho de ‘Noll’ Goldsmith”;

2.      Página 109: “Goldsmith começou a vida com coisa nenhuma. E terminou-a com menos de nada”.

Com muito custo formou-se em medicina em Pádua, medicava de graça, dava tudo que tinha.

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Irlandês, 1728-1774, 46 anos entre datas.
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No Brasil há biografia de Xuxa e até do Cabo Anselmo, que quase ninguém sabe quem foi, mas não de matemáticos e de gente significativa que validou nossa espécie perante Deus, os ourives de nossa existência.

É assustador.

Vitória, terça-feira, 13 de dezembro de 2016.

GAVA.

Balzac

 

Da coleção As Maravilhas do Conhecimento Humano, o IIº Volume (literatura, arte, natureza, filosofia), de Henry Thomas, é o livro que tenho em mãos, Porto Alegre, Globo, 1957 (comprado em sebo, R$ 15, quase minha idade, a lapiseira afunda no papel ao marcar). Não conhecendo os outros volumes, este posso dizer que deveria ser reeditado, ensinaria coisas muito significativas, de modo nenhum perdeu atualidade.

As Maravilhas Do Conhecimento Humano

Nas páginas 82 e 83, fala de Honoré de Balzac, francês, 1799-1850, apenas 51 anos entre datas, autor da Comédia Humana e do livro que inaugurou o termo balzaquiana, a mulher com mais de 30 anos, de formas definidas.

BALZAC E SUAS OBRAS COMPLETAS

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Henry Thomaz diz da intensidade do trabalho de Balzac: “Balzac foi um dos mais árduos trabalhadores de sua geração. Desejava criar um mundo de ficção quase tão imenso quanto o mundo da realidade. Afim de executar essa sobrehumana [assim no original], dormia seis horas por dia e frequentemente trabalhava as outras dezoito horas”.

E acima: Na galeria de retratos que criou há nada menos de dois mil caracteres, e cada um deles é uma obra-prima”.

Duas mil personalidades ou psicologias, veja só!

Proponho então que algum desses bilionários que estão por aí assuma a causa de dotar a humanidade de visão geral desse panorama mental, ajuntando um grupo de economistas, advogados, administradores, contadores e arquiengenheiros para produzir filmes que visem o lucro no sentido de manter o projeto, não o deixando sucumbir, criando um bloco de auto sustentação, algo realmente belo, cada personagem desenhado com sua capacidade, altura, peso, trabalho, tudo operativo, misturando-os então nas geo-histórias.

Algo realmente estonteante, um presente à humanidade.

Outros representarão os demais autores relevantes.

Vitória, terça-feira, 13 de dezembro de 2016.

GAVA.