O Crescimento Dourado
de Manaus e em Volta a Selva Extremamente Populosa
Quando a gente lê os livros de ficção
ou ficção científica tudo é mágico, não diz respeito à realidade mesmo tal como
a vemos, que tem como principal característica a lentidão: nos filmes, então,
tudo se passa numa velocidade tremenda. Anos e até décadas se passam em duas
horas. Se a sua vida (ou a minha) fosse passar no cinema 30 ou 40 anos
transcorreriam num átimo: comprimido assim tudo fica interessante. As nossas
vidinhas pacatas e nada ofegantes pareceriam glamorosas, magnéticas, atraentes
– nunca há contas a pagar no cinema, nem as coisas miudinhas e chatas do
dia-a-dia, que só vence um dia de cada vez, hora-a-hora.
Assim é também com relação às PESSOAS
(indivíduos, famílias, grupos e empresas) e aos AMBIENTES (cidades-municípios,
estados, nações e mundo). Também, quem teria tempo para assistir o desenrolar
natural das coisas no cinema? São duas horas e pronto: tudo deve ficar
comprimido ali, numa lição válida e memoriável.
Contudo, se El Dorado estiver mesmo lá
a cidade grande mais próxima é Manaus, capital do estado do Amazonas, que fica
a 750 km em linha reta. Só lá há aeroporto internacional, grandes
supermercados, indústrias eletroeletrônicas a que encomendar produtos, grandes
supermercados, conforto, embora em meio ao tremendo calor; só lá há usinas
termelétricas gerando energia elétrica para rodar tudo isso. Evidentemente uma
coisa assim seria um presente do Céu, literalmente, e os amazonenses e os
governos do Amazonas e de Manaus desejariam aproveitar o sopro da sorte, porque
pouca coisa acontece por lá, exceto que o povo brasileiro como um todo sustenta
a Zona Franca de Manaus (ZFM) para manter a Amazônia brasileira. É um custo
pequeno, mas é custo, e a gente do Amazonas se ressente de depender dos outros.
Se aparecesse algo assim eles pegariam com unhas e dentes, explorando ao
máximo.
E os prefeitos das cidades em volta do
lugar desejariam pegar “a rebarba”, o que sobrasse da festa dos ricos; cada
qual se ofereceria para acomodar os visitantes, fossem militares,
tecnocientistas, pesquisadores em geral, religiosos, toda a gente – e, é
evidente, as pessoas querem levar o “cala a boca”, a sua parte na divisão,
senão fazem baderna, bagunçam tudo, dificultam. E têm toda razão, claro, porque
de que outra forma pegariam uma parte da riqueza do mundo? Logo, logo os
prefeitos todos da região de 1,5 milhão de km2 no raio de 750 km
estariam fazendo bagunça, pedindo sua parte em investimentos. Os governos do
mundo e o governo brasileiro iriam assentir, lógico. Isso não aparece na FC,
mas deve ser levado em conta na realidade.
A FC precisa melhorar muito.
Vitória, sábado, 28 de janeiro de
2006.