A Barriga Lavada do
Gigante
SE EXISTIR MESMO FICA ENTRE A CADEIA
DA COSTA NO OESTE E AS MONTANHAS ROCHOSAS NO LESTE (com esses lagos remanescentes tendo
feito parte de um gigantesco páleo-lago de uns 2,0 milhões de km2). Foi
um meteorito de 75 a 150 km no eixo menor que bateu; era parte de uma família
de quatro gigantes das Américas. O lago maior remanescente é o Grande Lago
Salgado.
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EMBORA
PAREÇA ENRUGADO ASSIM DEVE SER PENSADO COMO QUASE PLANO (as montanhas dali, se comparadas com
as do grande arco-de-frente nas Rochosas e com o grande arco-de-ré na Cadeia da
Costa, farão a Grande Bacia parecer achatada como o interior de uma bacia
mesmo)
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Neste lugar pode ter ficado a maior
massa de água em terra que já houve; possivelmente ela não era como nenhuma antes
nem depois, ou pelo menos foi uma das maiores. Choveu milênios seguidos e
acumulou mais água do que podemos imaginar, até que pelo lado do “ladrão mais
baixo” (que, imagino, ficava para o sul) os morros cederam ao peso
incomensurável desse bacião de água e tudo derramou de uma vez só, levando
somente alguns dias para chegar ao mar, arrastando e arrasando tudo no caminho.
Não só por onde essa água passou tudo
se tornou estéril, como também dentro do panelão, porque a água tem esse efeito
de arrastar as massas de terra e areia depositadas; toda a vida que ali foi
viver (deve ter sido paradisíaco, um Pantanal do Mato-Grosso em tamanho gigante;
este tem 200 mil km2, aquele tinha 10 vezes isso) se foi em questão
de dias. Essa massa inconcebível de água e lama foi arrastada para o mar, não
sei por onde; e deve estar lá ainda hoje – com as marcas de vida fóssil
soterrada nela deve ser possível dizer quando ocorreu, através das datações.
Tudo ficou absolutamente desolado.
Porque não há barreira de montanhas
que possa sustentar tal massa d’água; e ela desceu estrondando e acabando com
toda vida. Talvez por séculos ou milênios (até hoje) nada vicejou mais por ali.
Vitória, sábado, 03 de dezembro de
2005.