domingo, 29 de outubro de 2017


Nossos Diamantes São Fáceis de Carregar

 

                            Por esses motivos:

a)      externamente as impertinências da vida:

b)     internamente a falta de competência ou perspicácia ou o puro desinteresse em amealhar para obter distinção em relação aos outros.

Fosse porque fosse, não acumulei as riquezas que prazam tanto a tantos. Exceto informações e os modos de transformá-los nada temos, o que por vezes angustia, em razão da presença dos filhos, a quem pouco pude dar até agoraqui. Em todo caso temos o equivalente a uns sete mil livros. Como a Rede Cognata diz que (por motivo desconhecido) textos = LIVROS = DIAMANTES (e pedras = PALAVRAS = CHAVES) podemos dizer que temos diamantes, esses textos dos outros que acumulamos e os que escrevi no modelo, posteridades, ulterioridades, idéias, patentes mais os até agora 133 livros.

OS LIVROS QUE AS PESSOAS VULGARES TANTO PREZAM


OS DIAMANTES QUE TEMOS


Quem poderia pensar que a Rede Cognata nos daria lições tão valiosas assim? Pois as pessoas juntam diamantes-pedras, já que são facilmente convertíveis em dinheiro nas fugas; ao passo que nós juntamos livros-palavras, que também são relativamente fáceis de carregar (embora, fazendo as contas, cada livro pesando 300 g, tenhamos 2,1 mil kg no mínimo para levar).

Vitória, agosto de 2005.

Modificando as Tintas

 

                            Não é à toa que Espanha, sul da Itália, Grécia, Turquia e outros países foram se desertificando: retirada a cobertura vegetal deu no hiperarco do manto. Teria de qualquer modo de desertificar, a presença humana sendo apenas acidental. De fato, a faixa não tem 2,0 a 2,4 mil km e sim de 3,2 a 3,7 mil km por 15 mil km de comprimento. É maior do que eu pensava e engloba os mares Mediterrâneo, Negro, Cáspio, Vermelho, Golfo Pérsico como meros lagos transitórios.

A FAIXA EUROPA-ÁFRICA-ÁSIA


ARCO-DE-RÉ À ESQUERDA E ARCO-DE-FRENTE À DIREITA (a faixa vai dos EUA-México na esquerda à Europa-África Oriente Médio e Ásia na direita)


Essa região é seca porque embaixo no manto está definido o arco de montanhas da frente África-Ásia e o arco-de-ré EUA-México.

Propriamente, a humanidade quase não interfere em nada. Como já disse, numa bola de 1,2744 m de diâmetro (para os 12.744 km de diâmetro da Terra) a crosta seria representada por 0,2 mm na parte mais estreita, de 2 km, enquanto na mais larga teria 6 mm referentes aos 60 km da crosta mais profunda. Cada placa é meramente uma folha de papel, uma tinta passada na superfície ou pele da bola ou Terra. Assim, a presença humana apenas modifica as tintas do planeta, as partes verdes e marrons, não afeta mesmo profundamente nada. A Espanha, a Itália do sul, a Grécia, a Turquia iria de qualquer modo desertificar PORQUE estão na faixa, no arco-de-frente. O mesmo acontecerá com os EUA-México, por estarem no arco-de-ré: a tendência toda é eles desertificarem.

ESTA REGIÃO TAMBÉM DESERTIFICARÁ


                            O MESMO ACONTECERÁ NA ÁSIA


Enfim, o motivo principal é literalmente de fundo: a presença humana é apenas acidental, geologicamente é um acidente na face do mundo; iria desertificar de qualquer modo, arrancar as cascas das tintas.

Vitória, agosto de 2005.

Jogo de Cena do Bebê

 

                            Já vimos que há um BEBÊ MAIS APTO que se desenvolveu ao longo dos milênios para ter a aparência adorável que tem, de fraqueza dependente (talvez mostre muita banha não apenas para se proteger nas quedas como principalmente porque mais carne atrairia os predadores, inclusive as mães). Também é certo que surge dos nove meses com uma quantidade incrível de programações, das quais nem fazemos idéia, porque não investigamos ainda.

                            QUE FOFINHO!


O QUE PROTEGE OS BEBÊS DOS PREDADORES? (alto para evitar insetos, acolchoado para evitar batidas, com grades para evitar garras, etc.)


A PROTEÇÃO ATUAL DOS BEBÊS

·       PROTEÇÃO PESSOAL:

1.       auxílios individuais;

2.       abrigos familiares;

3.      ajudas grupais;

4.      socorros empresariais;

·       PROTEÇÃO AMBIENTAL:

1.       amparos municipais/urbanos;

2.       guaridas estaduais;

3.      resguardos nacionais;

4.      coberturas mundiais.

Mas, dado que os pais (10 a 20 % que iam) no Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) estavam quase sempre caçando, como é que os bebês recompensavam a Caverna geral (os 80 a 90 % que ficavam), especialmente as mães?

AS RECOMPENSAS DADAS PELOS BEBÊS

·       prêmios físico-químicos (nenhuns);

·       gratificações biológicas-p.2 (não há ingestão de proteínas);

·       galardões psicológicos-p.3 (esses, sim, são significativos e é aqui que devemos buscar significado).

RECOMPENSAS PSICOLÓGICAS

·       por suas figuras ou psicanálises (como o corpo e a pele foram preparados para agradar?);

·       por seus objetivos ou psico-sínteses (para ajudarem nas caçadas ou, depois dos assentamentos, na agropecuária);

·       por suas produções ou economias (projetadas buscas e encontros de produtos);

·       por suas organizações ou sociologias (o que poderiam diminuir nos custos de produção?);

·       por pretendidas expansões espaçotemporais ou geo-históricas (novas cavernas a descobrir, novos ET para extração de riqueza e assim por diante).

Tudo isso depende de projeção, quer dizer, capacidade de imaginar o futuro, porque o bebê é um caso de investimento em longo prazo sem retorno imediato nenhum, é uma espécie de poupança – que recompensa ela traz?

INVESTIMENTOS NO BEBÊ (decrescentes, mas que se acumulam muito até a independência antiga lá pelos 13 anos e agora em termos de neotenia muito mais tarde, 21 ou 23 anos, ou até mais quando fazem mestrado ou doutorado, isto é, são treinados para serem ainda mais eficientes predadores)

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             21, 23, 25, 27, 29 anos                                                                                                   

Que cenas o bebê faz para conseguir a ATENÇÃO PROTETORA dos pais e das mães? Tudo isso está mal investigado e é em geral chamado de “amor”, um nome genérico para o inexplicado. Que cenas o bebê faz para recompensar seus protetores? Porque, por princípio, se não fosse isso veríamos apenas cocô e mijo a limpar, alimentos a fornecer, milhões de cuidados.

Vitória, agosto de 2005.

João entre Joãozinho e Janjão

 

                            Uma das grandes dificuldades de vivermos em sociedade é que cada um se julga um universo (como diz o ditado: “cada pessoa é um universo”; pode ser, mas um universo que cabe num corpo, que é mensurável e cabe num elevador). De fora somos vistos como Joãozinho, no diminutivo, de dentro nos vemos como Janjão, no aumentativo, quando somos apenas João. Isso precisava ser trabalhado pelos psicólogos não em termos individuais, porque levaria tempo demais, mas introduzindo matéria ou disciplina nas escolas de todo o mundo, colocando a discussão das dimensões reais de nossas personalidades. Todo mundo se acha o maioral, o mais bonito, o que tem mais coisas a falar, verdadeiro revelador dos mistérios, mas na prática somos pessoas comuns, uma em 6,5 bilhões.

Vitória, agosto de 2005.

 

  

Intimidades e Intimidades das Cartas

 

                            As pessoas gostam de ver novelas para bisbilhotar as vidas alheias e de certa forma é isso que se faz no cinema e nos romances, nos quadros dos pintores, nas revistas em quadrinhos – vemos as vidas alheias por dentro, consultamos as intimidades das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e até dos AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundos). É isso que enxergamos nas biografias, isto é, como viviam as pessoas em suas familiaridades.

                            A gente quase toda gosta de fuçar as vidas alheias.

                            Tem nisso certo sentimento perverso associado: se eles foram grandes pelo menos podemos observar seus podres de perto.

                            As pessoas compram a revista Caras para ver os interiores das casas dos ricos e dos famosos, e a revista Gente, da Istoé, para olhar dentro das almas dos outros, ver o que fazem e como se divertem.

                            O mundo tem sido mesmo assim.

Vitória, agosto de 2005.

 

                            INTIMIDADES DE FITZGERALD

Dom, 14 Ago - 13h05
Livro reúne cartas de Zelda e Scott Fitzgerald
Agência Estado
Se você freqüentasse a casa de Zelda e Scott Fitzgerald, nos dourados anos 1920, provavelmente seria a única pessoa da qual você nunca ouviu falar pois a residência do casal de escritores, especialmente quando eles viveram na França, tornou-se o centro de um grupo de artistas talentosos e, muitas vezes, expatriados.

                            INTIMIDADES DE EINSTEIN

  A imprensa mundial tem explorado o suposto lado perverso da personalidade de Albert Einstein. Essa abordagem, beirando o sensacionalismo, é recorrente quando se trata de mitos e gênios da Humanidade.

                            CARTAS DE DARWIN

ESCOLA & IDEOLOGIA
Criacionismo e retrocesso social
Ulisses Capozzoli
Demorou um pouco, mas reafirmando o dito popular de que desgraça pouca é bobagem, o governo do Rio de Janeiro confirmou a decisão de adotar o criacionismo na rede pública de ensino estadual (Folha de S. Paulo, 13/5, pág. A16).

Infinito Cultural

 

                            No mesmo livro de Edgar Morin Cabeça Bem-Feita citado em O Julgamento do Povo... neste Livro 134, agora na página 49 ele diz: “Como é sabido desde Shakespeare, e como diz Geneviève Mathis, ‘uma única obra literária encerra um infinito cultural que engloba ciência, história, religião, ética...’” A nota de rodapé diz que ela falou isso na palestra “’A complexidade dentro do ensino das letras’, comunicação no Congresso interlatino sobre o pensamento complexo, Rio, setembro de 1998”).

A ABERTURA DE MORIN SEGUNDO O CONHECIMENTO (neste livro citado em particular)

·       Magia/Arte de Morin;

·       Teologia/Religião de Morin;

·       Filosofia/Ideologia de Morin;

·       Ciência/Técnica de Morin;

·       Matemática de Morin.

Veja, é assim mesmo, mas só é assim porque estamos inseridos do “infinito cultural” ou nacional ou do povelite, quer dizer, porque o mundo muito vasto alhures continua sendo multiplicado indefinidamente. Um livro sozinho, sem leitores, não seria infinito senão em potência; porisso que a infinitização de um livro dependa da infinitização da cultura e da REAL INFINITIZAÇÃO pela leitura, porque se a leitura não se dá a chance de infinitização se reduz a zero. Os seres de outros mundos racionais não estão sendo infinitizados pela nossa produção cultural, nem vice-versa, nem nós pela deles. Nós no Brasil não estamos sendo infinitizados de muitas leituras de textos ainda não vertidos em português.

Vitória, agosto de 2005.

 

MORIN E A COMPLEXIDADE SUGERIDA

Edgar Nahoun (que mais tarde adotará o sobrenome "Morin") nasce em Paris no dia 8 de julho. É o filho único de um casal de judeus sefarditas (descendentes dos judeus expulsos da península ibérica em 1492/1496).
Seu pai, Vidal Nahum, nasceu em 1894 em Salônica (cidade grega, na época sob domínio otomano), tendo depois se naturalizado francês. Sua família (cujo nome em hebraico quer dizer "consolação") era originária de Livorno (Itália).

Gozação

 

                            Diamantino, que o pessoal chamava de Brilhante (porque ele ficava passando brilhantina e por causa do nome), Roberval, o Val, e o Antenor Anta eram mais ou menos da mesma idade, 38, 35 e 34 anos e gostavam de fazer brincadeiras com os outros. Todo tipo de zombaria, desde as mais mansas até as pesadonas. Por mais de uma vez quase saiu porrada, quando alguém estranhava. Mas eles eram parrudos, fortes, de compleição avantajada mesmo e ninguém se engraçava.

                            Até que um dia, de conversa em conversa chegaram à conclusão de que deviam aproveitar essa onda de “abdução”, esse negócio de ser levado por alienígenas. Que gente palerma, diziam, que asneira, vou te contar! Tem doido pra tudo. Vamos dar um jeito nessa cambada, vamos nos divertir à custa dos patetas.

                            E arranjaram tudo com muito cuidado, porque tinham formação, dois universitários e um não, mas técnico em eletricidade. Compraram o material e levaram para as matas das redondezas, com grande dificuldade levantando os holofotes até o alto das árvores de eucalipto, direcionando-os para baixo em vários ângulos, com planejamento detido, de modo a parecer que vinha mesmo do céu, de uma nave alien xereta vinda de longe. Se esses bobocas soubessem como é difícil vazar o espaço interestelar não falariam mais de xenovisitantes, visitantes de outros mundos. As distâncias são impossíveis de vazar, suas bestas! Seqüenciaram de modo tal que fosse mesmo interpretado, ainda que por inteligência mediana, como nave espacial seguindo pelo espaço, um holofote sendo aceso após o outro por controle remoto.

                            Quando a pessoa ficava apavorada e saía correndo por vezes tropeçava e desmaiava, eles já estavam correndo por perto e embebiam os lenços em clorofórmio e entorpeciam a vítima, criança ou adulto. Mas tinham a decência de só fazer com crianças de treze, quatorze anos para cima, de modo que elas não sofressem demasiado susto.

                            Como ganhavam relativamente bem para os padrões brasileiros, com o dinheiro montaram num galpão escondido uma imitação de nave, segundo a imagem quê as pessoas esperavam em razão de suas idéias passadas pelo cinema, a FC e a TV, os livros, as revistas de UFO e coisas assim. Estudaram tudo com detalhes por um tempo e fizeram com verdadeiro aprumo e na medida em que foram se acumulando os testemunhos dos idiotas a imprensa veio para noticiar. Eles iam para o mato pescar e riam de gargalhar. Qua, qua, qua, que bobos, que mongolóides. Abdução, qual o quê.

                            Ficaram nisso três anos, tudo se tornou um fenômeno estadual e até nacional, teve até uma revista americana que veio investigar e atestou que era tudo verdade mesmo. Os “abduzidos” foram chamados a dar entrevistas e quanto mais a coisa prosperava mais os três amigos se divertiam. A vida tinha ficado boa demais. Teve um dia que um engenheiro florestal da companhia exploradora derrubou uma árvore com o holofote cuidadosamente disfarçado em cima, mas felizmente eles ficaram sabendo a tempo e convidaram o dito cujo para participar da trama, com rápida adesão. Agora eram quatro.

                            E lá ia a coisa assim, plenamente satisfatória, já caindo no cansaço quando de fato eles foram abduzidos, pois a coisa é mais séria do que parece, já que abduzido é na Rede Cognata COMIDO, CONSUMIDO, COOPTADO, ALIMENTO, CAPTURADO, GOZADO no bom e no mal sentido. Foi numa tarde de domingo, os quatro tinha ido pescar e foram aprisionados. Ficaram sumidos durante dez meses, o povo pôs-se a procurar e quando as buscas tinham cessado eles voltaram. Nisso, sem pagamento o pessoal que trabalhava para eles parou de vigiar a mata e o artifício foi descoberto e desmascarado. Foi um vexame danado.

                            Quando eles voltaram e contaram ter sido abduzidos o povo não acreditou, achou que os panacas nem sabiam reconhecer que a brincadeira estúpida tinha ido longe demais, até por ter sido desmoralizada. Zombaram deles e por mais detalhes que eles dessem, ninguém acreditava. De gozadores passaram a gozados. Eles contavam que tinham ido a tal ou qual lugar, que os aliens tinham realizado esta ou aquela operação neles, ninguém acreditava, mas todos achavam muito criativo terem combinado ficar fora durante dez meses, isso é que é planejamento. Filhos da puta vão planejar assim lá longe.

                            Viraram motivo de chacota.

                            Quando escreveram um livro contando suas aventuras poucos compraram, foi pura perda de dinheiro.

                            Vitória, sábado, 12 de março de 2005.