A Vantagem do
Conhecimento de uma Vida
Nesse filme, numa
das cenas finais o personagem de Delroy Lindo diz a sua namorada que não daria
o conhecimento de uma vida inteira, justamente o que me preparei para fazer,
pois acreditava na humanidade até que me perseguiram durante oito anos, abrindo
seis processos indevidos contra mim; até que tomaram o pouco que era meu e eu
devia ter dado aos meus filhos, como qualquer um deve fazer como mínimo; até
que por duas vezes o chefete JAR inconstitucionalmente me proibiu de prosseguir
o curso de matemática na UFES: então declarei que aos linharenses, aos
capixabas, aos brasileiros não dou mais nada – só vão ter se pagarem. Como não
quero impedir definitivamente que linharenses, capixabas e brasileiros tenham
acesso ao que fiz, poderão fazê-lo pagando (o que iria sair de graça e tantas
vezes saiu).
Mas, eis aí, o
conhecimento de uma vida inteira vai para onde?
Vai para as PESSOAS
(indivíduos, famílias, grupos e empresas) e para os AMBIENTES
(cidades/municípios, estados, nações e mundo). Não pode deixar de vazar ao cabo
de algum tempo – eis a sabedoria do sistema de premiação, pois se não houvesse
o estímulo de conservar para si e os seus (filhos, esposa, amigos, parentes,
colegas, pessoas de qualquer forma próximas) esse conhecimento não seria
manifestado ou mostrado. Não passa de um engodo, já que de outra forma todas as
patentes e conhecimentos ainda estariam dentro das pessoas, caso elas sequer
tivessem se disposto a pensar a fundo para condensar a informação que se
transformou em conhecimento, o conhecimento que se aglomerou como sapiência no
dizer de Edgar Morin, que seguiu outros, como já retratei.
Ainda bem que os
conhecimentos de vidas inteiras vazam, mesmo quando alguns bandidos se
interpõem no caminho de quem os cede de uma maneira ou de outra.
Vitória, julho de
2005.
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