A Prancheta
Ilimitada
Há lá em casa uma
prancheta dessas antigas de estudante de engenharia que é como outra qualquer,
trivial. Contudo, estava deitado meditando e pensei nas reais dimensões dela. O
aglomerado de que é feita a cobertura foi elaborado por máquinas complexas num
demorado processo, de que cuidam os trabalhadores vindos todo dia de longe,
tomando ônibus. É cortado com extrema precisão por outras máquinas também
complexas. Os trabalhadores são alimentados no restaurante da companhia, que
por sua vez é conjunto complicado de programáquinas. Os alimentos vêm de longe,
da agropecuária atual muito mecanizada que adota várias posturas avançadas. Os
canos são feitos em siderúrgicas e dobrados em metalúrgicas. A composição deles
está longe de ser simples, como era antes na Idade Média, digamos. Professores
universitários, engenheiros e técnicos os estudam quanto ao conteúdo e quanto à
dobradura de forma. A composição do metal foi demoradamente estudada para que o
cano comportasse o mínimo de material com o mínimo de energia gasto para
modelagem.
O plástico que cobre a tampa é a ponta
de uma antiga busca e poderíamos continuar a análise indefinidamente, passando
de processo a processo, de objeto a objeto, numa árvore de ilimitadas
derivações. Quanto mais fôssemos olhando mais galhos veríamos ligando-se uns a
outros, sem qualquer limite. De fato, de onde quer que partíssemos chegaríamos
sempre a ELI, Ela/Ele, Natureza/Deus, ao extremo, ao incompreensível, pois tudo
está ligado ao princípio do universo. Se partíssemos de uma vulgar borracha
retornaríamos a Deus, pois o universo inteiro deságua em cada coisa particular,
em todas e cada uma.
A prancheta é
ilimitada porque tudo é.
Tudo leva de volta
ao começo porque é um círculo de criação.
Tudo se liga ao Big
Bang.
As pessoas em geral
nem se dão conta da riqueza que está disponível para todas e cada uma delas.
Vitória,
segunda-feira, 18 de julho de 2005.
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