Projeções nas Paredes
Na Rede Cognata
(veja Livro 2, A Construção da Rede e da
Grade Signalíticas), paredes = PROGRAMAS = PROJETOS = PROJEÇÕES = INDUÇÕES
= FILMES = PIRÂMIDES, etc.
Como tenho grade
satisfação em ver filmes, vão aqui algumas idéias para realização deles.
PROJETANDO
NAS PAREDES DAS CAVERNAS
(= CINEMAS)
·
PINTANDO O SET: com base naquela cena de Matrix relativa à Dama de Vermelho (que
parece uma constante no imaginário americano), a vida comum de todo dia vai se
passando e de repente vindo do nada surge uma figura “muito avançada” (essas
coisas de “seres de luz”), um espírito que entra em cena para alterar as roupas
ou os adereços ou o corpo, ou tirar completamente um (uns) e colocar outro (s),
mudando o cenário e dando nova direção e sentido à cena, tudo transcorrendo
normalmente depois, sem que de dentro se saiba nada, aceitando-se as novas
situações normalmente, daí seguindo-se a nova composição em novo rumo;
·
A MULHER DOS SEUS SONHOS: um homem sonha e de repente, numa
viagem qualquer, depara com a mulher com a qual sonhou nitidamente; começa a
cortejá-la, mas ela, obviamente, tem compromissos. Ele acredita que foi uma
mensagem e não algo fortuito e passa a desejar ardentemente estar com ela, a
cooptá-la para o seu lado, a tentar a todo custo atraí-la. Acontece que ela não
quer, está bem na situação onde se encaixou, mas o homem insiste e atrapalha a
mulher, a família, o grupo, a empresa e assim por diante, todos à volta dela;
·
ONDE ESTÁ TOCHIBA? das varandinhas do apartamento que nos
foi alugado se vê o muro do prédio em frente, onde está escrito esse nome (e
não Toshiba, a marca japonesa). É um grafiteiro qualquer que emporcalhou a
propriedade alheia. Acontece de ser oferecido um novo produto que segue o
rastro eletrônico subluminoso, infravermelho, mostrando em 3D (três dimensões)
num cubo por onde seguiu Tochiba, agora considerado um psicopata; e vai dar na
casa do rapaz, para constrangimento dos pais. Claro, imediatamente param de
pixar os muros, mas em compensação se instala o terror, de todos serem vigiados
a respeito de tudo. Se ganha algo e se perde algo, a pergunta sendo: vale a
pena?
·
REGRESSÃO: essas bobagens (mesmo que verdadeiras)
de regressão psicológica à infância, só que aqui o candidato vai ao psicólogo e
COMEÇA A SE LEMBRAR DO AMANHÃ. Primeiro do dia de amanhã que, quando acorda e
segue a vida, pode comprovar ser exatamente aquele; e depois semanas, meses,
anos, séculos do futuro, com toda uma trama correlata, os governos tornando-o
prisioneiro e extraindo dele informações sobre pessoas e ambientes inimigas,
mas impedindo de revelar informações sobre si mesmos;
·
INDÚSTRIA DO SER: uma empresa com esse nome mesmo,
aonde as pessoas vão para “mudar de vida” e mudam mesmo, literalmente, são
completamente reconstruídas, dos pés à cabeça, adquirindo outras imagens e
colocações, conservando a personalidade. Livram-se dos problemas antigos, mas
associam-se a novos. Deu um episódio assim em No Limite da Realidade. Só que aqui seria uma indústria vista de
dentro, ou seja, das preocupações dos executivos com as ações, o crescimento da
indústria induzindo muitos a alterarem suas expectativas (o que explicaria o
sumiço de tantos). Mas essas pessoas devem pagar o preço, nada espetaculoso, em
300 sufocantes prestações durante a sua vida futura mudada (é claro que a
empresa guarda elementos da vida passada, como fotografias, documentos, etc.,
que indiciariam o recalcitrante, e daí vem a trama, quando alguém se revolta).
Vitória, quinta-feira, 29 de julho de
2004.