Que Tempo Está
Fazendo?
Lá nos textos sobre
tempo (veja no modelo Novo Relógio,
para começar) raciocinei sobre as grandes unidades de tempo, a começar do ano.
Agoraqui vamos ver as menores que ele.
Vejamos o dia.
Originalmente seria
natural (mas não em toda parte, só precisamente sobre o equador) o dia ser dividido
em duas porções, ESCURA e CLARA, não-insolada e insolada. Sem-luz e com luz. Só
podemos dizer que são duas metades, nada mais que isso. Muito mais para frente,
definiram que o ano teria 365 pares desses (chamados “dia”, que serve tanto
para designar o todo do par quanto metade dele, havendo neste caso NOITE e DIA,
para acompanhar respectivamente acima). Mas não precisamente 365, senão 365 e
um quarto, ¼, 0,25 de dia, na realidade 0,2427, mais aproximadamente.
Disseram que o dia-duplo
(dia-e-noite, chamemos de Dia, por oposição a dia = Dia/2) teria 86.400
segundos, o que quer que seja por enquanto o segundo. Na verdade o Dia tem 23
horas e 56 minutos (23,93 horas, em decimal), numa aproximação melhor, faltando
quatro minutos para fazer 24 h 00 min. Como você sabe a base de contagem é
sexagesimal, herdada dos sumérios, e não decimal, que é a base dominante nas
contagens comuns da aritmética (mas não na informática, onde é o dois, base
binária). Então o Dia tem (23 horas x 60 min/hora + 56 minutos =) 1.436 min.
Em vez de dividir o
Dia em duas porções, poderíamos fazê-lo em qualquer número par que fosse
divisor de 60.
A DIVISÃO DO DIA
PARTES
NUM DIA DE 12 HORAS
|
PARTES
E MINUTOS DELAS
|
MINUTOS
DAS
PARTES
|
Uma
|
(1 x 720) x 2
|
720
|
Duas
|
(2 x 360) x 2
|
360
|
Três (*)
|
(3 x 240) x 2
|
240
|
Quatro
|
(4 x 180) x 2
|
180
|
Seis
|
(6 x 120) x 2
|
120
|
Doze
|
(12 x 60) x 2
|
60
|
Vinte
e quatro
|
(24 x 30) x 1/2
|
30
|
(*) os padres nos mosteiros usavam um
sistema assim, dividindo o Dia em seis porções de três horas cada, 6/7/8,
depois 9/10/11, etc. Vinte e quatro não é divisor, mas 12 e 2 são.
De tudo, a melhor divisão seria termos
1.436 partes, tanto quanto os minutos, mas quem saberia do que estamos falando
se disséssemos que estamos na 783ª parte do dia? Isso é de manhã ou de noite?
Incidentalmente 718 sendo a metade, seria de noite. E não haveria como o
cérebro humano contar, as pessoas não guardam números tão grandes, diz o
modelo. Não há na Natureza essas precisões numéricas, nem a Lua tem ciclo de 28
dias, exatamente, senão mais de 29; o 28 (4 x 7) foi introduzido
artificialmente, por razões mágicas já mostradas.
E o apontamento aqui é justamente
esse. Qualquer que fosse a razão era mágica, porque não há sentido em fazer 24
horas x 60 min/hora x 60 s/min ou 86.400 segundos, porque nem dá isso: seriam
86.160 minutos (1.436 x 60). O segundo (que vem de “segundo minuto”, ou segundo
DI/MINUTO, depois do primeiro minuto ou PRIMEIRO PEQUENO; resumidamente
PRIMEIRO PEQUENO e SEGUNDO PEQUENO, menor ainda; ou primeiro MINUTO e SEGUNDO
minuto) não é melhor que o primeiro, pois ele também não se refere senão
forçadamente à batida do coração humano, acontecendo delas 70 ou mais num
minuto, enquanto de segundos num minuto temos 60.
Fazendo o caminho inverso: 1)
deveríamos adotar 70 segundos num minuto, mas adotamos 60, porque é parte do
sistema sexagesimal dos antigos; 2) contando em minutos o dia teríamos 1.436
partes num dia; 3) as horas NÃO SÃO precisamente 24 e sim 23,93 h ou 23 h 56 min.
Num ano não há 365 dias e sim 365,2427 dias (e poderíamos precisar o número
indefinidamente usando o relógio de Césio). Poderíamos ter usado o sistema
decimal e ter “horas” de (1.436/10 =) 144 minutos aproximadamente (duas horas
mais 24 minutos). Que diferença faria? As “horas” seriam simplesmente mais
compridas, demorando mais a passar. Metade do Dia teria 5 “horas” e a outra
metade outro tanto, ou seja, dia e noite de 720 minutos, igualmente. Depois das
“seis” da manhã (que poderíamos chamar de PRIMEIRA) a próxima hora seria às 8 e
44, SEGUNDA; a seguinte, TERCEIRA, às 11 e 28 e assim por diante. Acordou,
acontece uma “hora” intermediária e já é almoço, depois o meio da tarde, depois
o anoitecer e assim por diante. Poderíamos dividir em períodos de trabalho de
quatro horas: 6/10/14/18/22/2/6. Poderíamos dividir de qualquer modo. Porque o
número doze está presente em toda parte? Por que os antigos fizeram questão de
frisá-lo com tanta insistência? Doze casas do zodíaco, doze apóstolos, doze
horas no dia e na noite e assim por diante. Por quê ninguém jamais mexeu nisso?
Certamente é uma mensagem.
Foi feita para atravessar o tempo até
que alguém saiba decifrar e apontar onde essa chave cabe – que porta ela abre.
Evidentemente ainda não sei, dado que
estou fazendo a pergunta. As pessoas questionam todas as coisas, menos o
alfabeto e a contagem das horas, o que é bem estranho. Com tanta gente para
pensar pensando tudo que há para ser pensado como é que ninguém nunca
questionou a seqüência alfabética (já mostrei porque: veja os textos sobre
ordens numéricas dentro dele) e os relógios? E do mesmo modo as cartas do
baralho (lá também mostrei a razão).
Há aí qualquer coisa! Definitivamente.
Vitória, quarta-feira, 14 de janeiro
de 2004.