domingo, 2 de abril de 2017


Tribos da Praia

 

                            Vejo os 8,5 mil quilômetros brasileiros subaproveitados de praia como um patrimônio público do povelite/nação ou cultura que podemos re-tratar de outro modo.

                            Tenho escrito bastante sobre isso as praias, vá ler.

                            Libere sua consciência da linha recuada de urbanização, a estrada, e da linha de arrebentação e fique somente com a areia que pode ser alargada, como sugeri para Camburi, em Vitória. Assim redimensionada a areia podemos segmentar mentalmente para caber nas frações de área as frações de gente, por suas preferências, pois o mundo se tornou muito especializado e complexo, distinto, formando GRUPAMENTOS PREFERENCIAIS que não têm tido oportunidade de se manifestarem.

                            No modelo as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos) são sempre conjuntos, até mesmo os indivíduos ou corpomentes, conjuntos de órgãos. Os grupos mostram os clãs, as tribos, os coletivos de famílias. Tribos aí não precisam significar as tribos africanas ou indígenas americanas remanescentes, podem ser quaisquer ajuntamentos.

                            Podemos ter tribos de jogadores (de “games”), de internautas, de professores, de surfistas, de esqueitistas, de engenheiros, de gente que gosta de carros - um milhão de tribos. Os governempresas podem intermediar a formação delas por meio da construção de bares com espaços especiais que reflitam as preferências de uns e outros. Ainda que se tema a separação ocasionalmente estimulada, é verdade que as pessoas têm preferências, que devem ser expressas. Esconder que há separações não as tornará menores nem as fará desaparecer, pelo contrário; o modelo, o TAO e a dialética dizem que reforçará o tensor dialético e a separação se acentuará.

                            Os arquiengenheiros das prefeituras de balneários e de cidades com praias (Vitória é uma dessas, mas não pode ser considerada balneário, porque não vive da presença ocasional de banhistas) devem ser estimulados a desenvolver imagens e conteúdos adequados, que reflitam essas necessidades novas.

                            Vitória, segunda-feira, 10 de novembro de 2003.

Substantivos do TER, Adjetivos do SER

 

                            Há duas riquezas (e duas pobrezas) gerais, a saber:

                            AS DUAS RIQUEZAS RACIONAIS

·       Riqueza do TER

·       Riqueza do SER

Conforme já vimos, a riqueza é relativa e aumenta sempre, ao passo que a pobreza é não-ter e é absoluta. Ninguém é absolutamente rico, porque não tem tudo, exceto Deus; mas TODAS AS PESSOAS são pobres, porque há sempre alguma coisa que qualquer e cada pessoa não tem.

O quê as pessoas têm?

Elas possuem objetos na riqueza do TER, que é substantiva: geladeiras, cavalos, carros, piscinas, dinheiro (que é outro nome da decisão de ter), aviões, fazendas, uma lista enorme de coisas substantivas, concretas, maciças, pesadas – móveis e imóveis, sempre materiais. Tudo que é quantitativo. Acesso protegido dentro da Rede Legal geral a objetos ao real.

O que as pessoas são?

                            Elas são no virtual, na riqueza do SER, que é insubstancial, irreal, abstrata: bondade, dignidade, honestidade, coragem, valor, moral, dedicação, santidade, fidelidade – tudo que é qualitativo. O SER não pode ser pesado, posto numa balança, exceto a de Deus. Geralmente não é valorizado e sequer é considerado uma riqueza. Não se percebe que uma pessoa é rica em bondade, como Madre Teresa, mas é porisso e por outros motivos qualitativos que elas são santificadas.

                            A riqueza do TER se abre em duas: 1) RT qualitativa, que diz respeito a ter terras muito valorizadas; 2) RT quantitativa, significando, por exemplo, ter muitas terras, embora de pouco valor. A riqueza do SER também pode ser de dois tipos: 1) RS quantitativa, que é a pessoa ser muito corajosa, arrojada, aquela pessoa que se projeta, que se joga – qualidade exterior, demonstrável; 2) RS qualitativa, a pessoa honesta - qualidade interior.

Se você tem um computador com HD de 3,06 GB é rico neste instante perante uma pessoa que tem um HD de 1,3 GB. Riqueza do TER, pois podemos apalpá-la. Se ficar por dia muitas horas escrevendo, sistematicamente, isso é riqueza do SER, perseverança.

Quase todas as pessoas valorizam a riqueza do TER e é porisso que este mundo tem muito e é tão pouco perante Deus.

Vitória, quarta-feira, 12 de novembro de 2003.

Ser Terceiro

 

                            Redefini os mundos como sendo cinco, de primeiro a quinto, segundo a Curva do Sino ou de Gauss ou das Distribuições Estatísticas, da extrema pobreza, miséria na extrema esquerda, até a extrema riqueza: miseráveis, pobres (médios-baixos), médios, médios-altos e ricos, como as classes do TER: E, D, C, B e A.

                            Ser terceiro, como o Brasil, significa que TUDO é terceiro: terceiro-amor, terceira-dignidade, terceira-pontualidade (pontualmente 30 ou 40 minutos depois), terceiras-obras, terceiros-governos, tudo de terceira, terceiras famílias, terceiras telefonias. Até mesmo o que é de primeiro mundo, aquela fração de médios-altos e ricos representados pelos 20 % de Bélgica-Brasil, frente os 80 % de Índia-Brasil, é terceiro também, porque vai a reboque, é vagão puxado pelas locomotivas do mundo, primeira e segunda locomotivas. Nós não estamos na parte dinâmica, ativa do trem de ondas de mudanças terrestres, estamos na porção estática, passiva, uma das que são puxadas pelos da frente.

                            O resultado palpável é que tudo que recebemos das elites é não apenas de má vontade, mas de má vontade restritiva, porque sendo menos o que há por aqui, mais ainda é relativamente tirado do povo. E a má-vontade não se exerce apenas em relação ao TER, porém também ao Conhecimento (a Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) de terceira que nos é servido, à Chave da Proteção (lares de terceira, armazenamento de terceira, segurança de terceira, saúde de terceira e transporte de terceira) e a tudo mais. Serviço de tratamento de água e de esgoto de terceira, uma infinidade de produtos e serviços de terceira.

                            Não se pode pretender pontualidade britânica, que seria chegar às 9:00 horas, quando marcada essa hora e minuto - deve-se contar que as pessoas podem chegar às 9:30 ou 9:40 ou 9:50, se forem, porque há desculpas, com ou sem motivo mais grave.

                            Enfim, nascemos já nasce candidatos a uma terceira-vida, tendo uma terceira-alma num terceiro-corpo. É fogo! Se você é do primeiro e do segundo mundos não sabe o que é. Nem mesmo vir aqui nas férias lhe daria idéia do que é isso. Nem de longe. É preciso viver aqui para saber.

                            Vitória, quinta-feira, 06 de novembro de 2003.

Roteiros G

 

                            Mais algumas idéias para filmes.

1.       DEMISSIONÁRIO: um anjo-da-guarda que recebe aviso prévio e se vê na iminência de ter de abandonar o emprego e o superpoder que detém, de realizar tudo com um estalar de dedos, magicamente. Deve se adaptar à nova realidade, à condição de DESEMPREGADO DO CÉU, tendo de sair à cata de nova ocupação. Bem risível.

2.       O HOMEM QUE NÃO TINHA PRESENTE: um sujeito, mais ou menos como o da série John Doe (João Desconhecido, nos EUA, nome dos que não têm nome) da Fox, só que ele lembra do passado e do futuro, mas nada do presente. Amanhã lembrará o hoje e esquecerá o hoje de amanhã. Não saberá onde ficam os países, nem nada, embora consiga dirigir e fazer todas as coisas que tais. Um exercício de pensamento (como você sabe, é mais ou menos como os seres humanos, que não lembram o futuro, e quase nada do passado, precisando anotar – os geo-historiadores fazem isso oficialmente).

3.      HOMEM DE GELO: pegar o personagem do X-Men e desenvolver. Se a temperatura do nosso corpo é de 37 ºC (digamos 40, para facilitar) e podemos suportar até 70 graus positivos e com vestimentas 70 negativos, estamos do extremo frio suportável (70 + 40 =) 110 e do extremo calor tolerável (70 – 40 =) 30, ou seja, de um extremo a outro (110 + 30 =) 140 graus. Se a temperatura interna do corpo (é um problema compreender como a temperatura, devendo permanecer equilibrada sempre nos 37 iria abaixo do ponto de congelamento sem matar o sujeito) fosse de –30 ele poderia suportar entre –140 e 0, acima de zero sentido um calor insuportável. Daí só poderia viver no Ártico e na Antártica ou onde houvesse neve, inclusive nas montanhas com neve perpétua. Mas seria usado na conquista espacial, podendo consertar coisas no frio intenso do espaço. Esse filme nos permitirá compreender melhor a questão das temperaturas, sua relatividade.

4.      POUCO TEMPO ATRÁS...: um filme no futuro referindo-se a um tempo adiante do nosso como estando “pouco tempo atrás...” ou “algumas décadas atrás...”.

5.      NA HORA DA NOSSA MORTE...: como na oração católica “livrai-nos do mal agora e na hora de nossa morte”. Na hora da morte de cada um, nas mais insuspeitadas situações um anjo apareceria para conviver com o futuro morto, ainda vivo, na sua última hora, mais ou menos como no filme de Brad Pitt e Anthony Hopkins. O aparecimento da figura estranha será para o espectador, mas não para o personagem, anúncio da morte, e poderemos ver que as pessoas não têm consciência dos perigos em que se envolvem.

6.      DOIS CAMINHOS: pequenas mudanças levam a duas linhas de vida. Aqui depende de a construção ser bastante convincente para o espectador. Uma decisão focada leva a alterações, ambas sendo mostradas – dois filmes em um, com dois roteiros, ambos satisfatórios, seja do que for: drama, comédia, amor, etc. Não é como o filme com Nicholas Cage.

7.       O LIVRO DAS BRUXAS: um livro grosso, de capa dura e elaborada, mas por dentro totalmente em branco para quem é testado e não se revela com poderes, ao passo que quem os possua começa a ver todo tipo de sinais, dos mais simples aos mais complexos, assim sendo selecionadas as bruxas potenciais.

8.      A MULHER QUE VIU CRISTO: quando Cristo estava na tumba despertando para a nova vida, ao sair pede que não lhe toquem; pois acidentalmente uma mulher atravessa a aura e se torna então imortal na Terra, vagando por dois mil anos nas mais diferentes situações, a terrível condição de ser eterno ou pelo menos durar bastante tempo. Filme piloto e série, permitindo investigar a geo-história, seqüencialmente ou não, dando saltos.

9.      ERA UMA VEZ...: a geo-história real sendo contada como lendas a partir de outros tempos, futuros, para lembrar que por vezes nós nos referimos ao que pode ter sido passado nosso, embora travestido, como se fosse mito.

Vitória, domingo, 09 de novembro de 2003.

Repressão Ambiental e Pessoal

 

                            Freud falou do superego, o controle da gente pelos entes exteriores, pelas presenças introjetadas deles, mas é preciso ir mais longe, o modelo tendo proporcionado as linhas de dilatação.

                            AS VÁRIAS REPRESSÕES

·       REPRESSÕES PESSOAIS

1.       Repressões dos outros indivíduos

2.       Repressões das famílias

3.      Repressões dos grupos

4.      Repressões das empresas

·       REPRESSÕES AMBIENTAIS

1.       Repressões municipais/urbanas

2.       Repressões estaduais

3.      Repressões nacionais

4.      Repressões mundiais

Enfim, à nossa volta estão a cada instante dúzias e dúzias de repressões. Dentro de casa ou nas ruas, onde quer que estejamos, há um punhado de presenças evidentes ou ocultas que nos reprimem, que nos comprimem, que nos limitam e porisso mesmo nos agonizam.

DOIS MODOS DE REPRIMIR

·       Repressão pelos costumes (populares)

·       Repressão pelas leis (das elites)

AS REPRESSÕES LEGAIS (sem falar no executor, o Judiciário e seu aparato)

·       REPRESSÕES LEGISLATIVAS

1.       Constituições

2.       Leis complementares

3.      Leis ordinárias

·       REPRESSÕES EXECUTIVAS

1.       Decretos

2.       Portarias

3.      Ordens de serviços

Na realidade é um emaranhado de barbantes que impedem a circulação de nossas mentes, aprisionando-as, e conseqüentemente aos nossos corpos: “não pode isso”, “não pode aquilo”. Tudo é traduzido pela nossa mente, que internaliza sob a forma de SUPERCONSCIÊNCIA, a qual se sobrepõe à nossa consciência ou compreensão ou razão das coisas. É um superaparato psicológico que trava nosso andar mental. Quando mais conhecemos das leis e dos costumes tanto mais travados ficamos. Enquanto os costumes populares são flexíveis e amigavelmente violáveis, as leis das elites são inflexíveis e hostilmente invioláveis, razão pelas quais as pessoas procuram não saber muito das leis.

Desse modo, há SETE SUPEREGOS, sete supertravas de fora para dentro, que nos comprimem, que obstaculizam a expansão do EGO. Podemos ver esses sete como um só, mas seria melhor estudar detalhadamente, ou seja, com detalhes, com distinção, identificando como, quando, onde, por quê, com que cada um deles nos atinge, quer dizer, de que modo se dão as INTRUSÕES ESTADUAIS?

Só estudando os psicólogos poderão nos ajudar a superar esses superobstáculos que a expansão socioeconômica foi inventando. Os governempresas precisam se pronunciar, porque o peso sobre o indivíduo é muito grande e ele não foi preparado pela evolução biológica/p.2 para respostas defensivas a essas mudanças introduzidas recentemente, nos últimos 50 mil anos sapiens. Sendo o peso tão grande ele está esmagando os indivíduos, cujas reações se manifestam como psicopatias e sociopatias, doenças que agem para dentro e para fora, com os resultados divulgados na imprensa.

Vitória, segunda-feira, 10 de novembro de 2003.

Rede de Contatos

 

                            O que as grandes empresas estão pagando com salários de um milhão de dólares por ano (só para facilitar as contas, se for 1,2 milhão dá 100 mil por mês, coisas de 300 mil reais ou 1.250 salários mínimos brasileiros de 240 reais ou 80 dólares – e 700 reais é mais do que ganham 60 % dos habitantes desta pátria desalmada; quer dizer, só um salário assim já seria o equivalente à remuneração de 15 mil operários no Brasil num mês)? Não é nenhuma das tarefas de baixo, como limpar as salas, fazer cafezinho, pregar botões, conduzir carros, claro que não é, qualquer um veria isso. Mas o que seria, afinal de contas?

                            Vem à mente aquela imagem da antiga secretária que tinha o máximo antigo de tecnologia organizativa, o fichário (sempre desejei ter um, nem que fosse como prazer de falso status) rotativo, com uma base e as fichas que podiam ser giradas. Aquele desenho estilizado poderia ser o símbolo do secretariado, mesmo em tempos muito mais avançados – para sempre, mesmo.

                            O que o grande gerente tem que o distingue da secretária dita “executiva”? Ele tem contatos, como ela, mas os dela são quantitativos ou passivos e os dele são qualitativos ou ativos, que podem acionar as coisas. A secretária é popular e obedece, ele é das elites e manda.

                            Ele tem uma REDE DE CONTATOS ATIVOS, acionadores, que fazem acontecer. Ele consegue que as pessoas façam as coisas, apenas com o poder de sua voz reconhecida. É isso que vale ouro. Contatos com os pesquisadores do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) tem significado, mas tem ainda maior significado as linhas estabelecidas com homens e mulheres do Governo (governantes do Executivo, políticos do Legislativo, juizes do Judiciário – nos três níveis, federal, estadual e municipal/urbano) geral e da Empresa geral. Se você quer avaliar quanto receberia, pergunte-se pelos seus contatos, sua ÁRVORE DE CONTATOS, até onde ela chega e quanto ela pode imprimir em termos de realização, de transformar idéias em realidades.

                            Ninguém está pagando o fato de se estabelecer uma ligação telefônica e sim o que, depois que ela foi feita, será conseguido. As grandes empresas pagam DOMINÂNCIA, a capacidade de dominar. Elas não estão pagando eficácia nem sabedoria, que podem ser contratadas, elas estão definitivamente pagando o PODER DA VOZ DE COMANDO, de gerenciar, de controlar, de governar.

                            Assim, é inútil se formar em Yale, em Harvard, em Cambridge, em Campinas, onde for. É completamente irrelevante ter conhecimentos altíssimos disso e daquilo, se a voz não consegue comandar. Você poderia ter o primeiro grau ou ser um analfabeto, mas se fosse capaz de conseguir as coisas teria toda chance de conseguir um salário daqueles. Quem não daria tudo para ter do seu lado a capacidade de persuasão de Júlio César, de Napoleão, de Alexandre Magno, de Jesus e de tantos outros? Aos 20 anos Alexandre já fazia milhares morrerem por ele.

                            Os grandes ganhos vão para essas vozes de comando e são elas que empresariam, que levam as pessoas “no bico”, como se diz. Porisso gerentes de bancos, vendedores de seguro, todo tipo de pretendente deve ser medido pela capacidade de convencimento – ESTE É O TESTE definitivo. O resto é porcaria. A RC é estabelecida por esse comando de voz. A RC por si só é apenas uma árvore sem seiva dentro. Entregue-se a RC de um verdadeiro comandante a um boboca e veremos essa rede se esfacelar num átimo, tornando-se em seguida apenas um esqueleto vazio, uma árvore morta.

                            Vitória, domingo, 09 de novembro de 2003.

Quem Está no Centro?

 

                            Com a divisão do mundo em cinco, de primeiro a quinto, há cinco grupos: A para ricos, B para médios-altos, C para médios, D para pobres (médios-baixos) e E para miseráveis, conforme a Curva do Sino ou de Gauss ou das Distribuições Estatísticas.

                            Há dois modos de ver o centro: 1) modo quantitativo, em que estão no centro os médios acima; 2) modo qualitativo, em que estão no centro os que produzem mais e melhor. O Brasil, por exemplo, é de terceiro mundo, tanto quantitativo quanto qualitativo.

                            Obviamente os EUA e Canadá (que é virtualmente um estado americano), a Europa e o Japão estão no centro qualitativo, porque quase tudo no mundo depende do que pesquisam & desenvolvem teórica & praticamente. Digamos o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática): para onde você se virará se precisar de algo novo ou de algo de grande qualidade e profundidade? Só eventualmente será produzido no terceiro, no quarto e no quinto mundos algo de interessante ou surpreendente. Qual a chance de no Brasil surgir algo que não tenha sido feito primeiro e melhor noutro desses lugares? Eu mesmo tenho feito muita coisa que não está em nenhum lugar e certamente existem vários que estão na mesma condição, mas isso é efetivamente raro.

                            Ao passo que a Coréia do Sul (99,2 mil km2, 2,2 vezes a área do ES; 47,1 milhões de habitantes em 2002, 14,7 vezes a nossa população; PIB de 407 bilhões de dólares em 1999) fez surgir a Samsung e a Hyundai, que são agora potências mundiais. Ora, por quê o Brasil não consegue colocar uma fábrica competente na montagem de carros, como a Hyundai, ou um conglomerado que se expanda em tantas áreas e produza essa telefonia da frente de ondas, que compete de igual para igual com as dos países de primeiro mundo, se não está adiante?

A Coréia do Sul certamente está no centro, ninguém pode a essas alturas negar. Já o Brasil, não, definitivamente não, porque não há nada aqui que desponte, que se projete à vista de todo o mundo, exceto o futebol e as mulatas, especialmente as mulatas prostitutas.

                            Quem está no centro vai à frente, enquanto os outros vão atrás, tentando copiar e com isso pagando altos preços em direitos de cópia, direitos de macaquear, de imitar, de dizer com relativa satisfação que vão atrás, mas não TÃO ATRÁS quanto os demais, que vão mais atrás ainda, pobres coitados.

                            Quem está no centro entre os AMBIENTES (nações, estados ou províncias, municípios/cidades) e entre as PESSOAS (empresas, grupos, famílias e indivíduos)? Quem faz e quem copia? Os que fazem estão no centro e os que copiam na periferia. Os que estão no centro, por razões óbvias, só dão atenção aos outros que também estão no centro. Só eventualmente, quando o tempo está sobrando, esburrando, saindo pelo ladrão, quando nada mais há a fazer e o remorso bate com força é que eles dedicam pingos de atenção aos periféricos (que não integram a unidade central de processamento), aos suburbanos nacionais, aos pouco refinados, aos cafonas, aos bregas, aos bocós, aos jacus. Quem faz não tem tempo para os que copiam, que ficam pedindo um tiquinho, uma nesga de atenção, e nada recebem senão desprezo.

                            Ora, precisamos de um livro com esse título: QUEM ESTÁ NO CENTRO? Ele deve investigar profusamente, profundamente, os que fazem, em que setores, com que eficácia, e às elites que de fora buscam maneiras de copiar para continuar assombrando e explorando seus povos, como as elites brasileiras fazem com nosso povo, os ridículos “primeiros das províncias” que esgrimem aqui o que já está caducando lá.

                            Precisamos objetivamente ver quem está no centro em cada setor da produçãorganização humana. Essa objetividade é que nos dará clareza de visão com relação às nossas próprias metas de P/O.

                            Vitória, sábado, 08 de novembro de 2003.