Rede de Contatos
O que as grandes
empresas estão pagando com salários de um milhão de dólares por ano (só para
facilitar as contas, se for 1,2 milhão dá 100 mil por mês, coisas de 300 mil
reais ou 1.250 salários mínimos brasileiros de 240 reais ou 80 dólares – e 700
reais é mais do que ganham 60 % dos habitantes desta pátria desalmada; quer
dizer, só um salário assim já seria o equivalente à remuneração de 15 mil
operários no Brasil num mês)? Não é nenhuma das tarefas de baixo, como limpar
as salas, fazer cafezinho, pregar botões, conduzir carros, claro que não é,
qualquer um veria isso. Mas o que seria, afinal de contas?
Vem à mente aquela
imagem da antiga secretária que tinha o máximo antigo de tecnologia
organizativa, o fichário (sempre desejei ter um, nem que fosse como prazer de
falso status) rotativo, com uma base e as fichas que podiam ser giradas. Aquele
desenho estilizado poderia ser o símbolo do secretariado, mesmo em tempos muito
mais avançados – para sempre, mesmo.
O que o grande
gerente tem que o distingue da secretária dita “executiva”? Ele tem contatos,
como ela, mas os dela são quantitativos ou passivos e os dele
são qualitativos
ou ativos, que podem acionar as coisas. A secretária é popular e
obedece, ele é das elites e manda.
Ele tem uma REDE DE
CONTATOS ATIVOS, acionadores, que fazem acontecer. Ele consegue que as pessoas
façam as coisas, apenas com o poder de sua voz reconhecida. É isso que vale
ouro. Contatos com os pesquisadores do Conhecimento (Magia/Arte,
Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) tem
significado, mas tem ainda maior significado as linhas estabelecidas com homens
e mulheres do Governo (governantes do Executivo, políticos do Legislativo,
juizes do Judiciário – nos três níveis, federal, estadual e municipal/urbano)
geral e da Empresa geral. Se você quer avaliar quanto receberia, pergunte-se
pelos seus contatos, sua ÁRVORE DE CONTATOS, até onde ela chega e quanto ela
pode imprimir em termos de realização, de transformar idéias em realidades.
Ninguém está pagando
o fato de se estabelecer uma ligação telefônica e sim o que, depois que ela foi
feita, será conseguido. As grandes empresas pagam DOMINÂNCIA, a capacidade de
dominar. Elas não estão pagando eficácia nem sabedoria, que podem ser contratadas,
elas estão definitivamente pagando o PODER DA VOZ DE COMANDO, de gerenciar, de
controlar, de governar.
Assim, é inútil se
formar em Yale, em Harvard, em Cambridge, em Campinas, onde for. É
completamente irrelevante ter conhecimentos altíssimos disso e daquilo, se a
voz não consegue comandar. Você poderia ter o primeiro grau ou ser um
analfabeto, mas se fosse capaz de conseguir as coisas teria toda chance de
conseguir um salário daqueles. Quem não daria tudo para ter do seu lado a
capacidade de persuasão de Júlio César, de Napoleão, de Alexandre Magno, de
Jesus e de tantos outros? Aos 20 anos Alexandre já fazia milhares morrerem por
ele.
Os grandes ganhos
vão para essas vozes de comando e são elas que empresariam, que levam as
pessoas “no bico”, como se diz. Porisso gerentes de bancos, vendedores de
seguro, todo tipo de pretendente deve ser medido pela capacidade de convencimento – ESTE É O TESTE definitivo. O
resto é porcaria. A RC é estabelecida por esse comando de voz. A RC por si só é
apenas uma árvore sem seiva dentro. Entregue-se a RC de um verdadeiro
comandante a um boboca e veremos essa rede se esfacelar num átimo, tornando-se em
seguida apenas um esqueleto vazio, uma árvore morta.
Vitória, domingo, 09
de novembro de 2003.
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