sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017


Thomas Global Register

 

                            Procurando insumos para gado deparei com essa página, esse sítio, já traduzido em português, oferecendo 500 mil fornecedores, 10,5 mil categorias de produtos, através da empresa Thomas Register of American Manufacturers.

                            Raciocinemos sobre o que possa ser isso.

                            Antes da Internet só pessoas especializadas, depois de muitos anos, décadas mesmo, possuíam catálogos preciosos, encardidos de tanto serem manipulados, rotos, rasgados, sujos de pó e graxa, para compra de produtos. Quando saía um novo, atualizando a listagem, os vendedores corriam frenéticos a oferecer, na certeza de que seria uma festa, a entrega de verdadeiras escrituras sagradas, objeto de veneração. E o velho, se fosse jogado fora, o seria com um sentimento de a pessoa estar se separando de um membro da família, num adeus quase insuportável de companheiro de tantas labutas. E era mesmo, uma alegria deparar com as cores, as novas ofertas - aqueles poucos escolhidos para partilhar os segredos se sentiam como iluminados. E esses poucos tinham sempre umas cadernetinhas ainda mais encardidas e esfrangalhadas, que carregavam ciumentamente para toda parte, na qual constavam os telefones dos gerentes remotos de fornecimento, que ninguém conhecia além da voz – não convivi com isso, mas posso imaginar a situação inteira.

                            Como é hoje?

                            A pessoa dispõe de um computador, de banda larga, de tempo para consultar os fornecedores e vai comprando através da Internet; por exemplo, o governo federal já está economizando 30 % e nem chegou à metade das compras totais. Os preços cairão continuamente nessa concorrência eletrônica IMPESSOAL, agora inteiramente ao acaso numérico. Com toda certeza um PLATÔ de ofertas se estabelecerá universalmente em todo o país e em cada estado, mas isso demandará ainda um tempo.

                            Só esse TGR americano dispõe de 500 MIL FORNECEDORES, pense você, com 10,5 mil CATEGORIAS DE PRODUTOS (não produtos, mas agrupamentos deles).

                            Só sendo muito estúpida mesmo a Academia para não estar estudando esse fenômeno com atenção focadíssima, superatenta. O que os pesquisadores universitários fazem que estão sempre atrasados nas coisas mais interessantes?

                            Vitória, segunda-feira, 28 de abril de 2003.

Saddam, o Melhor Ditador

 

                            Um idiota, entrevistado no Egito, falou isso no calor da recente Guerra do Iraque – acho que os árabes estão enlouquecendo. Onde que um ditador pode ser bom? A ditadura já é malevolente por si mesma, sendo como é a afirmação da superioridade de um sobre outro; é a desconfiança institucionalizada do direito dos demais de raciocinar. Como que uma coisa dessas pode ser boa?

                            Além disso, segundo a mídia, Saddam carreou US$ 24 bilhões (seus filhos e parentes devem ter levando um tanto a mais) para fora do país. Segundo o Almanaque Abril 2002 o país tem 434.128 km2, com 23,6 milhões de habitantes em 2001, PIB de US$ 11,5 bilhões, portanto renda percapita em torno de quinhentos dólares por ano. Isso quer dizer que cada iraquiano poderia ter uma sobre-renda de mil dólares num ano, ou a renda percapita de dois anos, se Saddam não tirasse o que roubou; fora os filhos e parentes, sabe-se lá quanto.

                            Contando o metro quadrado de escola a US$ 200, seria possível construir com os US$ 24 bilhões surrupiados 120 milhões de metros quadrados. Se cada sala tivesse 8 x 10 = 80 m2, seriam 1,5 milhão de salas; cada escola com 10 delas, 150 mil escolas. Contando em cada sala 40 alunos, 60 milhões de alunos, 2,5 vezes o número de iraquianos.

                            Enfim, Saddam roubou o passado e, pior ainda, o futuro dos iraquianos. Como uma criatura dessas pode ser boa, sob qualquer ângulo? Quantos sofreram em suas mãos, quantos irão ainda sofrer por não dispor de conhecimentos que iriam salvá-los da dor física e mental?

                            Quanto o mundo árabe sofreu nas mãos desse criminoso?

                            Os muçulmanos me irritam.

                            Vitória, terça-feira, 29 de abril de 2003.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017


Robôs

 

                            Asimov traça em seus contos as tais Três Leis da Robótica (palavra inventada por ele), que supostamente impediriam os robôs de fazer mal a um ser humano. Acaso ficamos irritados com as máquinas que decepam os dedos de pessoas nas fábricas? Não, porque não lhes imputamos vontade, determinação, desejo de assim proceder.

                            Você pode ficar irritadíssimo, como já fiquei inúmeras vezes, quando um objeto se lhe opuser resistência passiva, mas não com o objeto diretamente e sim com a resistência, que transferimos por confusão mental à coisa. Enquanto os robôs não adquirirem consciência e intencionalidade não lhes obstaremos. Quando o fizerem, como eu já disse várias vezes quando falei da terceira natureza e dos novos-seres, serão uma nova espécie, e as espécies racionais travam naturalmente guerras entre si, indefectivelmente. TODOS os seres-novos guerrearão uns contra os outros.

                            Quando, por pura estupidez, os brancos não atribuíam alma aos negros, portanto tirando-lhes sua racionalidade, sua humanidade, não os temiam tanto, porque eram julgados objetos. Quando reconheceram a alma que sempre tiveram, aí sim, temeram a igualdade, PORQUE ELA ERA POSSÍVEL; neste instante o que foi visado era a posição de inimigo potencial e aí já tínhamos, como temos enquanto não acabar a babaquice das restrições inter-humanas, guerras inter-racionais, entre os dotados de razão.

                            O mesmo se dará com relação aos robôs, de forma que as questões de Asimov não são pertinentes. Ainda assim, por motivo de trama, para fazer filmes, podemos adotá-las e desenvolvê-las, apresentando seus livros de robôs, até porque o grande tema dos novos-seres, que estão batendo à nossa porta enquanto possibilidade, e com eles o sub-tema dos robôs, será discutido.

                            Quanto a como serão, eles chegarão aos pedaços em terrenos vazios, se montarão, construirão o prédio até o último andar, farão o acabamento, robôs menores descerão as peças, eles mesmo entrarão nas  conduções e irão embora, talvez montar uma ponte completa, criando no local as partes necessárias ou recebendo-as de fora, ou fazendo um hospital, ou estabelecendo do zero uma fazendo, indo ao fundo do mar, subindo até a estratosfera, indo a Marte e Vênus, aos satélites, onde o ser humano não puder ir, até ao vácuo. Por quê haveríamos de não gostar de colaboradores assim? De fato, nós os amaremos até a paixão. A questão que se põe será outra: como nos desgarraremos deles? Você chutaria sua máquina Xerox?

                            Vitória, segunda-feira, 21 de abril de 2003.

Rede de Comércio

 

                            Existem os chamados “comércios de rede”, como antes de tudo foi a Avon (vende perfumes), a Tupperware (vende vasilhas de plástico superduradouro), a Always e outras, americanas, e a Herbalife (vende alimentos dietéticos), brasileira, e outras que vão de porta em porta, através de vendedoras e vendedores credenciados, sem ter espaço próprio em lojas.

                            São pirâmides econômicas, em que o primeiro nível de cima, o topo, o cume fica milionário mesmo, compra Mercedes e casa com piscina, e viaja para todo lugar, enquanto na ponta de baixo estão os operários-escravos do sistema que nem poderiam sobreviver se não tivessem outras atividades. Na realidade é sempre uma atividade principal, tornando-se essa pessoa empregada nas horas vagas, sem obrigações sociais, sem contribuições para o governo brasileiro. Empresas americanas que não têm obrigação alguma dentro do Brasil se apoderando de excelentes funcionários, treinados por empresas brasileiras e estrangeiras no Brasil, e por quaisquer ninharias os submetendo a um regime puxado de trabalho.

                            Nós não queremos isso, não, de modo algum.

                            Queremos formar uma REDE DE COMÉRCIO, em que os pontos estarão ligados um a todos e todos a um, cada qual comprando ações de todos que desejarem estar dentro da rede - tendo dela informações públicas e privadas -, assim vivendo pela média, em relação ao coletivo, enquanto os picos independentes de produção serão cumulativamente seus, isto é, quando ele subir muito subirá sozinho, segundo a posse de ações ou de cotas que forem suas, e não descerá nunca abaixo da média, que constituirá o esteio geral. Um novo sistema de seguridade social e econômica, embora baseado no lema dos “Três Mosqueteiros”: um por todos e todos por um. Se a empresa pontual afundar o maior pecado terá sido seu e a maior perda também. Além de um certo limite ela será deixada ir a pique, mas enquanto for razoável ficando protegida pela média.

                            Então, milhares de famílias poderão ser agregadas, formando um coletivo de informação-controle ou comunicação, com parte do IC circulando aberto a todos os seres humanos e parte sendo endereçada apenas aos de dentro. No caso de dar certo o programa mais e mais famílias irão sendo incorporadas, crescendo o número de pontos e de ligações, como um cérebro gigante operando em toda a Terra.

                            Vitória, domingo, 04 de maio de 2003.

Razão e Pensar

 

                            Da Rede Cognata (veja Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) depreendemos que razão = MULHER, o que muito surpreso me deixou, pois tanto a geo-história mostra-nos pela prática que os homens é que tem pensado, quanto pelo modelo da caverna vemos que é masculino o pensar, pois os homens tiveram de especializar sua mente em resolver problemas DO FUTURO, isto é, os que dependem de maior meditação.

                            Fiquei surpreso demais, até perceber que pensar = HOMEM.

                            O que poderíamos dizer disso?

                            Parece que razão é a coisa absoluta, a memória, não havendo sobre ela julgamento de valor. Ninguém julga o pote de doce, ele é memória, é absoluto, real, ao passo que o pensamento é virtual, está sujeito a erros de ligação de dois objetos, cuja trilha pode desviar da real. A razão é lógica, monal, direta, de formas – ao passo que o pensar é dual, dialético, relacional, indireto, de conteúdos. Juntos fariam o PENSAR A RAZÃO e a RAZÃO DO PENSAR, quer dizer, a intelectuação da memória e a memorização da inteligência, dois resguardos do acerto, como o par fundamental homulher (digo assim porque fica melhor que “mulhomem”, muito mais esquisito), a formestrutura, a formidéia, a percepção do externinterno.

                            Veja que razão = MULHER = MEMÓRIA, etc., e pensar = HOMEM = PESAR = PENAR = PRISIONEIRO, etc.; pelas sucessivas traduções poderíamos deduzir muito. Aliás, devemos pensar que a razão é dedutiva, redutiva, do maior para o menor, enquanto o pensar é indutivo, ampliativo, do menor para o maior. A razão ou memória é ortodoxa, conservadora, enquanto o pensar ou inteligência é heterodoxo, revolucionário. As fases ortodoxas, de contenção e até retrocesso (no extremo, de ditaduras) da socioeconomia são de domínio da visão da Mulher (em maiúscula conjunto ou família ou grupo das mulheres), enquanto as de desprendimento e avanço, em situação de perigo, são as do Homem. Quando haja fase ortodoxa/conservativa dirigida por homens estes serão necessariamente afeminados, feminilizados, filhinhos da mamãe.

                            São essas coisas chocantes que a Rede Cognata mostra.

                            Vitória, segunda-feira, 05 de maio de 2003.

Quanto Há para Comentar

 

                            Eis coisas que eu poderia transformar em artigos:

1.       Quem te Usa Não te Ama: décadas atrás, lá pela década dos 1970, apareceu nos muros de Vitória essa frase, que achei genial: “Brasil, quem tem ama não te USA” (sigla para United States of América, Estados Unidos da América, EUA). Agora, por ocasião da Guerra do Iraque, picharam “Mundo, quem de USA não te ama”, com o S marcado como suástica”, indicando o fascismo de Bush, o chamado Frankenstein Jr. Está certo que ele é mesmo, mas a frase ficou velha, perdeu a graça, caducou, mostrou o envelhecimento da Esquerda (em maiúscula conjunto ou grupo ou família de esquerdas), a falta de originalidade, o requentamento dos conceitos, a falta de aprofundamento em relação à realidade, o ultrapassamento dela pela direita;

2.      Picaretas Ecológicos: vi hoje mesmo na TV, programa do Pequenas Empresas Grandes Negócios, creio, um sujeito falando de usar os motivos do Pantanal para “agregar valor”, como previmos que fariam mesmo, usando a ecologia com vis propósitos mercantilistas. Não se trata apenas de ganhar, o que é tolerável, vista a sobreafirmação do lucro, mas de “agregar”, somar valor, meramente usando o que antes era luta digna;

3.      A Função de Mãe: veja que desde a primeira menstruação até a última, após a menopausa, a mulher é sobrecarregada com a função de ser mãe, de dar continuidade à montagem da espécie. Sua psicologia (assim como a do homem motor maior da existência humana) é-lhe parcialmente retirada, é abrutalhada, em razão de a biologia/p.2 pesar tanto, porque o cuidado maior é o de fazer sobreviver os rebentos. A Natureza joga com força nessa direção e sentido. Assim sendo, digamos dos 13 aos 43 ou mais, enquanto estão cuidando de ser mães, por 30 anos as mulheres deveriam receber um reforço psicológico da coletividade de produção, PORQUE a sobrecarga é grande, no sentido de que a Natureza não pode tolerar veleidades psíquicas, vontades da alma feminina. É preciso estabelecer algum gênero de compensação;

4.     O Treinamento dos Predadores: remontando para trás do primeiro filme O Predador, com Arnold S., deveríamos ver um filme em que, numa socioeconomia completa, os predadores fossem treinados para sair caçando pelo universo. Isso dá lugar a muita variação, esse filme piloto permitindo uma série autônoma, em algum ponto se ligando aos dois filmes do tema, depois admitindo seqüências, quando tudo tivesse ficado mais encorpado;

5.      Um Mundo Pequeno: a Selma Hayek, atriz mexicana de vários filmes americanos, notou que viu em Disneyworld ou Disneylândia, não me lembro, uma seção com esse nome, onde os países eram representados por bonecas com trajes típicos, mas todas cantando música em inglês. Seria preciso investigar qual a extensão da diminuição do mundo nos EUA.

E assim poderíamos discorrer sobre uma quantidade de temas interessantes, a coisa é praticamente ilimitada. Como minhas forças são pequenas, venho justamente pedir que outros se juntem à tarefa de redimensionar o devir humano, alargando as abordagens.

Vitória, domingo, 04 de maio de 2003.

Produtos que Detestamos

 

                            Uma vez o Steve Martin deu num filme como índice da presença e da existência do Demônio aqueles envoltórios de celofane nos estojos de CD e que são completamente intratáveis, a grande custo de tempo e raiva conseguindo-se abrir. É preciso usar uma chave de casa ou ponta de tesoura ou o que quer de pontudo que tenhamos para forçar.

                            E há um punhado de coisas demoníacas, que os capetinhas inventaram só para nos enraivecer e nos ver espumar.

                            Bem, à parte os eventos pontuais, é certo que a Vida psicológica humana geral depende de pequenos gestos de amor e cuidado com o próximo, que não está tão distante quanto se pensa, somos nós mesmos. Assim, cuidar dos outros é cuidar de nós mesmos, em círculo, porque tudo, de um modo ou de outro, volta.

                            Os governos poderiam colocar um sítio real ou virtual para acolher reclamações, com delicadeza indo até as empresas e reformando os produtos no que eles tivessem de detestável. Por exemplo, no caso em tela, bastaria colocar uma fita que, puxada, abrisse o pacote, o envelope de plástico. Ou em envelopes de remédios, de pílulas, permitisse a retirada delas sem ser com o emprego dos dentes. Ou em sacolas de salgadinhos tipo cheetos viabilizasse a saída deles sem o tremendo esforço que é agora (exceto que os adolescentes descobriram como fazer, puxando contra a emenda).

                            Enfim, será que não há ninguém que cuide disso?

                            Mais largamente é questão de harmonização, de humanização, de aprimoramento da humanidade para além da barbárie das vontades isoladas e isolantes.
                            Vitória, segunda-feira, 05 de maio de 2003.