quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017


Descendentes de Pizarro

 

                            Vim de ver na CNN em espanhol um Pizarro falando como repórter comentarista, analisando os desdobramentos do conflito do Iraque (2003 - há sempre que marcar a data).

                            Francisco Pizarro (1475, Trujillo, Cáceres, Espanha, 1541, Lima, Peru, 66 anos entre datas) ficou sendo o mais famoso Pizarro e todos os subseqüentes vivem da fama dele. Todos os anteriores são vistos como vindo dar nele, raiz da árvore posterior, convergência de vidas anterioridades.

                            Por si só esse fato nada nos diz e não teríamos interesse em saber nada dos descendentes, pois eles nada fizeram, mas aqui o interesse todo se agudiza, perguntando-se isto:

1)      Como se instalou a decadência entre os descendentes, a partir do conteúdo de poder e riqueza do antepassado ilustre?

2)     De que modo os descendentes tentaram usufruir legitima e ilegitimamente da fama do ancestral?

3)     Que tipo de reverência e culto do patriarca foi construído e como, através dele, tentaram os de depois penetrar nos mandos e desmandos do poder institucional?

4)     Houve alguma tentativa ORGANIZADA de levantar familiarmente dados sobre aquele foco?

5)     As lendas que perpassam internamente têm utilidade geo-histórica ou são distorções de intuito socioeconômico? Se são, em que medida havia consciência da necessidade dessa deformação utilitária?

6)     Como os genes do patriarca (ou da matriarca) se espalharam em virtude da sua presença fortalecida na geo-história local e mundial?

7)     Em que medida famílias Pizarro laterais ajuntaram-se sob a sombra enlarguecida de FP para aproveitar sua proeminência?

E assim por diante, nos venha daí algum ensinamento, mais do que a pieguice do sobrestímulo do orgulho familiar.

Seria muito interessante um estudo desses, comparado, em todo o mundo, pois ele nos ensinaria a lidar com a convergência que as figuras geo-histórias de proa provocam.

Vitória, domingo, 23 de março de 2003.

Daqui até o Infinito

 

                            Eu estava deitado no piso em volta da “poça” (que alguém certamente chamará piscina, querendo valorizar) do condomínio, olhando para o céu naquele instante azul, sem nuvens, o espaço circunvizinho, quando me ocorreu que o topo do prédio não estava mais perto do não-finito que eu.

                            Aliás, essa é a propriedade central do infinito, o não finito, na realidade: nada é soma, para ele. Não está mais perto do não-finito o topo do prédio que eu, nem 10 mil quilômetros além, no espaço exterior da Terra o astronauta que o cume do edifício.

                            Conseqüentemente, infinito ou não-finito não é propriedade FORMAL, da forma, das superfícies, das coisas visíveis, dos objetos tocáveis, das substâncias palpáveis. Deve ser, por oposição/complementação, propriedade INFORMAL, não-formal, do interior, das coisas não-visíveis, dos conceitos, dos virtuais, das estruturas internas, das idéias, dos abstratos, dos centros, das leis que regem as coisas visíveis.

                            Assim sendo, não-finito ou infinito NÃO EXISTE, é conceito, é idéia, é concepção, é EXTERNO À REALIDADE, não faz parte da existência de nenhum racional. Se isso não for perfeitamente discernido as contradições em termos aparecerão, ou seja, irão manifestar-se os paradoxos, que vem das más definições, de introduzir um contraditório no escopo do argumento, afirmando a negação, como fez Zenão para chamar a atenção de todos para o perigo das definições erradas ou insuficientes.

                            Os virtuais não devem ser incluídos nas definições.

                            Verdade, como um abstrato, não pode fazer parte de definições. Se um delegado disser: “encontrarei a verdade a qualquer custo”, isso não passa de bravata, porque a verdade não pode ser encontrada (sequer uma, quanto mais a Verdade, em maiúscula família ou conjunto ou grupo de verdades, só ao alcance de Deus, na Tela Final, como resumo e cruzamento competente de todas as verdades; pois se uma verdade fosse sabida, definitivamente, como marco ou zero permitiria o encontro de todas as demais verdades – o que, por definição, só pode ser feito por Deus). É mentira. Do mesmo modo quando os políticos nos afirmam que irão acabar com a pobreza; sendo estatística e absoluta ela não pode ser terminada, dado que é percentual.

                            Ninguém está mais perto do não-finito aqui do que um bilhão de anos-luz para trás.

                            Vitória, terça-feira, 25 de março de 2003.

Cruzamento de Disciplinas

 

                            No Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral temos a pontescada tecnocientífica, de que analisaremos a pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6).        Eis os cruzamentos possíveis, sendo a Química a primeira ponte:

·        Física/Química: FÍSICO-QUÍMICA

·        Física/Biologia: BIOFÍSICA

·        Química/Biologia: BIOQUÍMICA

·        Biologia/p.2:

·        Biologia/Psicologia:

·        p.2/Psicologia:

·        Psicologia/p.3:

·        Psicologia/Informática:

·        p.3/Informática:

·        Informática/p.4:

·        Informática/Cosmologia:

·        p.4/Informática:

·        Cosmologia/p.5:

·        Cosmologia/Dialógica:

·        p.5/Dialógica:

·        Dialógica/p.6:

·        Dialógica/:

·        P.6/?:

Veja que são três conhecidas e dezoito desconhecidas. Mesmo se pudermos considerar sabidas por alguém (mas não identificadas por mim) no plano da Biologia/p.2 aquelas três, ainda sobrariam 15, e se desconsiderarmos as duas últimas de baixo, 13, o que é muito – está mais furado do que a primitiva Tabela Periódica dos Elementos, de Mendeléiev.

Ao contrário do que se poderia pensar, a Informática não existe mesmo como coisa viável, independente, PORQUE só temos a memória artificial, não a inteligência artificial, e sendo assim o SER (memória, inteligência, controle) dos seres-novos não se completou. Nem completamos o nível Psicológico/p.3, quanto mais o Informacional/p.4!

Veja só quanto trabalho está disponível, sem falar na identificação de p.2 e na descoberta de p.3, p.4, p.5 e p.6. Temos aí trabalho para 20 disciplinas, pelo menos.

Vitória, sexta-feira, 28 de março de 2003.

Comodidades

 

                            Do mesmo Juan Enriquez, p. 151, temos: ”(...) Exportação de produtos com valor agregado/Exportação de commodities. Se a taxa resultante for maior que um, o país exporta mais produtos baseados no conhecimento do que matérias-primas. Se for menor que um, a economia permanece vulnerável aos ciclos das commodities. (...) Se você não exporta conhecimento, você não fica rico”, negrito meu.

                            Por exemplo, eu produzo conhecimento (novo) e exporto, mas até pouco tempo atrás não tinha pensado em cobrar, porisso não ficava rico. Não basta produzir, nem exportar, deve-se cobrar pelo conhecimento exportado.

                            Até através da maquiagem, como fazem os tigres e dragões asiáticos, pode-se agregar valor. Acontece que tudo isso se reduz à regra clássica da oferta e da procura, que é a explicação de fundo: se TODOS estivessem oferecendo conhecimentos, quer dizer, se houvesse GRANDE OFERTA, eles se tornariam comodidades. Se houvesse baixa procura seu preço cairia. O fato de os conhecimentos serem tão lucrativos se deve a GRANDE DEMANDA ter se reunido de fato a BAIXA OFERTA relativa. Não há tantos inventores assim, no mundo, para tamanhas necessidades.

                            Oferecer ortodoxia também não resolve. Ninguém dará muita bola para quem ofereça soluções para equações quadráticas, resolvidas há 700 anos. Nem para recém-fabricados, novíssimos computadores de segunda geração.

                            Então, devemos concluir que os conhecimentos buscados são OS NOVOS, que ESTEJAM EM USO (soluções para Marte ou Vênus terão pouca procura, pois não podemos ir lá), que tenham grandes desdobramentos socioeconômicos. Até conhecimentos podem se transformar em comodidades. Evidentemente, como o mundo precisa de soluções, isso não tem acontecido. Além disso, o que seria matéria-prima? Esse conceito é como o de semi-elaborado, conceito transitivo. O conhecimento que serve de base para elaboração de outro é matéria-prima dele, de forma que matéria-prima é realmente um conceito inútil, enquanto separador. A América Latina não ganha pouco porque exporta matérias chamadas primas, primeiras, mas porque, pela grande oferta e baixa demanda relativa os preços diminuem. O petróleo é matéria-prima, mas como energético tem preços relativos altos. Quando tinha preço baixo e a OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo, promoveu a elevação artificial dos preços na década dos 1970, ele se tornou uma comodidade de preço alto. A América Latina e a África não conseguem preços altos porque não conseguem se unir para exportar preços altos, só por isso, e não porque, magicamente, classificamos este ou aquele produto como comodidade. Esse é um conceito fantasma e traiçoeiro, com o qual devemos tomar cuidado, porque isso pode nos levar a cair na acomodação mental, de aceitar “o que é, porque é”, as tautologias que suprimem o raciocínio. Se a América latina se unisse para diminuir a produção de açúcar pela metade o preço pelo total do peso exportado dobraria, não é?

                            Enfim, quando não se raciocina o perigo é fazer anúncios QUE PARECEM CERTOS para aqueles que também não raciocinam. Isso é uma comodidade, seguir as ortodoxias.
                            Vitória, sexta-feira, 28 de março de 2003. 

Círculos e Experimentos

 

                            É claro que a Ciência não é um circo, nem ninguém está pedindo que seja, mas agora que os cientistas aceitaram como nobre a divulgação científica e os documentários que servem de porta voz entre a linha de frente da produção tecnocientífica e o público leigo, não custa nada avançar palmo a palmo até obter essa configuração nova.

                            Que consistiria nisto:

1.       Preparar objetos semelhantes (de preferência muito parecidos) àqueles da experiência original para repeti-la diante de plateias sucessivas, recriando diante dos círculos espectadores as experiências;

2.      Criar com modelação computacional, a computação gráfica, moldes 3-D e em realidade virtual mostrando essa mesma experiência, só que agora com vistas explodidas das partes dos aparelhos;

3.      Expor o significado profundo para a tecnociência e os desdobramentos práticos à população de cada descoberta;

4.     Insistir muito em perguntas, até o esgotamento do assunto;

5.      Realizar retroalimentação com a presença do público, de modo que a apresentação vá se tornando cada vez mais próxima da compreensão direta;

6.     Fornecer folhetos gratuitos e vídeos, DVD’s, CD’s pagos com as experiências acumuladas a quem desejar comprar, bem como os destinando às escolas;

7.      Percorrer todos os estados, em suas principais cidades, fazendo mesmo propaganda para atrair o máximo de pessoas, combinando com as escolas a apresentação, de modo que a T/C receba o máximo de cobertura da mídia e seja efetivamente vista e debatida pelo máximo de alunos e professores;

8.     Contratar profissionais que tornem os assuntos atrativos, pois se trata mesmo de vender um produto, ainda que favorável a todos e cada um.

A tecnociência não pode manter-se recuada, esperando que todos a aceitem espontaneamente. É preciso promover ativamente, de modo que ela receba cada vez mais investimentos no Brasil e na América Latina.

Vitória, segunda-feira, 24 de março de 2003.

Cadê as Mulheres?

 

                            Podemos fazer, para cada uma das (dizem que são) 6,5 mil profissões, uma lista de participação das mulheres – evidentemente encontraremos vastas áreas de ausência, especialmente naquelas mais rudes, onde por natureza da mesma rudeza ou por oportunismo as mulheres não estarão presentes - seja lista absoluta, uma por uma, ou relativa, percentual. Grandes zonas mortas se mostrarão.

                            Podemos perguntar pelas mulheres no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), em particular na pontescada tecnocientífica, em especial na pontescada científica (Física/Química, Biologia;/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6).

                            Podemos igualmente indagar pela presença delas na políticadministração de PESSOAS (além do indivíduo, de famílias, de grupos, de empresas) e de AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo). Poderíamos esgotar esse assunto no modelo, o que seria bem interessante mesmo levantar em totalidade.

                            Entrementes, aqui e agora quero perguntar de outra forma: ONDE ESTÁ A FEMINILIDADE DAS MULHERES? Por quê um gato renunciaria à sua condição especial para se tornar um cachorro, ou vice-versa? Não é perverso, isso? Por quê as mulheres devem resignar à sua condição para se tornarem semelhantes aos homens? Por quê vestir terno e adotar atitudes masculinas se elas têm uma identidade maravilhosa, que nós amamos? É uma coisa totalmente esquisita, sob meus olhos, essa perversidade do pseudomovimento feminino, essa coisa feminista, sendo todo “ismo” doença do info-controle ou comunicação mais apto. Há aí uma falha de comunicação, de propósito. Uma falta de visão notável, uma dessas confusões do século XX, uma distorção, algo de demoníaco.

                            Para quê vir à vida se só encontrarmos homens? Para quê candidatar-se à monotonia da unidade? Unidade é bom, companhia do semelhante, mas diversidade é o que nos faz vibrar, afinal de contas.

                            Vitória, quinta-feira, 03 de abril de 2003.

Árvore do Modelo

 

                            Reportando-se ao texto Enquadramento Total do Conhecimento e a suas conseqüências, podemos montar o equivalente da árvore de Natal, vista direta ou invertida.

                            A ÁRVORE DO MODELO (incompleta)


                            Aí inserido Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática, esta mais acima, como a estrela da árvore de Natal) geral, com os pares dos vértices do quadrado sendo os galhos, nestes as pontescadas, por exemplo, a mostrado acima da tecnociência, em particular o das ciências.

                            Ao entrar com o pedido via teclado, digamos DIREITO TRIBUTÁRIO, o programáquina levaria até DIREITO, depois SOCIOLOGIA (organização psicológica), daí PSICOLOGIA, a seguir TECNOCIÊNCIA, mais concertadamente CIÊNCIA, no fim CONHECIMENTO. Entrando com ENGENHARIA HIDRÁULICA iria a ENGENHARIA, a TECNOCIÊNCIA, a TÉCNICA, ao CONHECIMENTO. E assim por diante, para todas as disciplinas listadas em qualquer arranjo, ou para os verbetes, sejam aqueles da Enciclopédia Einaudi, sejam os de qualquer dicionárienciclopédico.

                            Ou poderia clicar com o mouse, definindo uma ESFERA DE INTERESSES, que no mesmo plano se comunicaria com os demais vértices na mesma altura, na horizontal, partilhando conhecimento com as pontescadas similares, ou, descendo, na vertical, iria até as raízes ou fundamentos dialógicos (do fim para o começo) ou na árvore invertida até os fundamentos físico-químicos (do começo para o fim).

                            Quais os delineamentos ou definições naquela Esfera de Interesses? Haveria uma restrição minimax (máximo com o mínimo), como a da Navalha de Ocam? Esse depuramento seria possível? O que estaria um nível acima e um nível abaixo? Com o tempo seria possível juntar os professores, alunos, bate-papo, congressos virtuais de um mesmo tema a partir da Rede da Árvore.

                            A Árvore do Modelo daria imediatamente a VIZINHANÇA DE INTERESSES de pesquisa & desenvolvimento, PARA TODAS AS DISCIPLINAS, já conhecidas e por aparecer, visando o completamento esperado, como já aconteceu com a Tabela Periódica de Elementos, de Mendeléiev.

                            O que nós pretendemos não é meramente a construção da Árvore, o que já seria um avanço formidável, em termos de compactação visual, em termos de orientação total do Conhecimento, em termos de identificação dos propósitos semelhantes, mas também o registro dela, VIA PROGRAMA, que é registrável, embora idéias não o sejam. Queremos construir um programa que seja vendável e renovável, nos moldes da Microsoft e do Windows, atualizável permanentemente de três em três anos.
                            Vitória, quinta-feira, 03 de abril de 2003.