Mulheres
Fingidas
Brincando com as
mulheres do serviço que pintam os cabelos disse que eram “mulheres fingidas”,
por semelhança com mulheres tingidas.
Comecei a reparar.
De fato, hoje em dia
elas pintam os cabelos de amarelo, de vermelho, de azul, de roxo, de abóbora,
de qualquer cor, inclusive preto. Passam “chapinha” para alisar. Colocam
argolas nas orelhas, além de brincos; colocam-nas nos tornozelos e nos
antebraços. Inserem-nos nos lábios, como piercing, bem como no nariz, no umbigo
ou na vagina. Furam as línguas. Fazem tatuagens em toda parte do corpo.
Colocam adereços, que
são às centenas, sem falar em sapatos (são fissuradas) e sandálias de todo tipo,
roupas externas e internas. Óculos, de grau ou não. Pulseiras nos punhos, anéis
nos dedos. Pintam as unhas, raspam não somente as axilas e as pernas, desde
muito tempo, como agora raspam em volta da vagina e até do anus. Retiram parte
das sobrancelhas e raspam os pelos de dentro do nariz, além dos buços.
Pintam as unhas não
apenas de uma cor, como antes, mas com inúmeros motivos. Passam base e cor nas
faces. Colocam aparelhos para corrigir os dentes (o que é muito meritório),
“fazem os pés”, “fazem os cabelos”, injetam botox nos lábios, fazem
lipoaspiração, alteiam a bunda.
Quantos procedimentos
as mulheres realizam, em média, num mês?
Quantos num ano?
Tudo isso mais a
criação dos filhos, as relações maritais, os cuidados da casa, as tarefas no
emprego.
Como é possível ler,
estudar, desenvolver teses, conhecer aparelhos, instrumentos, máquinas,
programas?
O tempo dedicado à
alteração da aparência é grande demais.
São verdadeiras
identidades secretas.
Pois não se trata
apenas de colocar, é preciso comprar, testar, combinar roupas até achar a forma
ideal imaginária.
Pense nas
menstruações, nas limpezas, nas gravidezes.
Pense nas compras
para o lar, nos cuidados de saúde.
Ser mulher não é nada
fácil.
Serra, quinta-feira,
25 de agosto de 2011.
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