segunda-feira, 29 de outubro de 2018


Gênios Tutelares

 

Aquele homem riquíssimo e ao mesmo tempo sábio, conjunção raríssima, desejou deixar aos filhos e filhas riqueza imensa e porisso mesmo procurou em todo o mundo quem o ajudasse. O significativo era o mérito e o conhecimento, não a cor, o sexo, a altura, a largura, a profundidade, a idade e outras minudências dessas.

Contratou 21 gênios.

Como alunos colocou os seus e os filhos e filhos dos empregados e empregadas da casa, de modo que constituiu uma classe alegre e risonha, com gente muito dedicada que entrevistou pessoalmente um a um. Quando se enganou com o caráter desse ou daquela, procurou corrigir seus erros, mandando embora os aborrecidos e colocando outros no lugar.

Entregou a tutela dos alunos à genialidade.

Para os contratados era bom, porque ele proporcionou 21 chalés na propriedade e laboratórios de todos os tipos, principalmente acesso de informática, telefonia universal e tudo mais.

Estava lhes proporcionando as verdadeiras riquezas:

1)                  Aos que aprendiam a chance de acessar o melhor conhecimento sob a forma vibrante do ensino interessado;

2)                 Aos que ensinavam a chance ainda mais importante, fundamental, de falarem “o que quisessem”, dentro das margens da decência e do bom amor.

As crianças não deixavam de ir à escola regular, inclusive pública.

Esse ensinaprendizado de perguntas-respostas duplamente hábeis acabou por contaminar a escola aonde iam; a diretora e os professores procuraram se informar e foram entrevistar o ricaço, que não se fez de rogado, pediu aos gênios (sob pagamento) para elaborarem um resumo de seus métodos, publicado sob a forma de livro que fez sucesso: As Margens do Brilho, Rio de Janeiro, editoria dos autores, 2009, coletânea de 23 abordagens (21 dos autores, uma do conjunto dos alunos, uma do bilionário).

Assim como a obra de Paulo Freire, essa nova pedagogia provocou frisson internacional e a ONU enviou pessoal ao Brasil. Os gênios foram convidados a dar palestra em várias universidades dos EUA, do Canadá, da Europa, do Japão, da Austrália, do México, dos países árabes (a lista é grande).

Em 2015 a ONU tinha uma minuta, que os países membros assinaram como carta de intenções: Sob a Ótica do Amor o Ensinaprendizado. Em 2017 o processo foi encampado pelo Conselho de Segurança (de que o Brasil fazia parte) e em 2018 foi finalmente sancionado pelos estados-membros.

Na década seguinte foi amplamente disseminado.

Serra, terça-feira, 24 de abril de 2012.

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