segunda-feira, 29 de outubro de 2018


O Paraíso das Mulheres

 

As pessoas tem como certo que no Céu não há divisão nenhuma, mas se Paraíso é aquele lugar onde você se sente bem (como na casa do avô e da avó na roça), então as divisões não só existiriam como também seriam imprescindíveis.

Para mim há vários céus. Certa moça implicou comigo e na conversa disse que iria para o Céu, ao que repliquei que para “a invasão do Céu”, um daqueles bairros periféricos.

Pois bem, como seria o Paraíso das Mulheres?

No meu modo de entender teria inúmeros centros de compra (shopping centers) em todos os tons de rosa, com língua franca, cada qual deles imensidão inacreditável onde elas poderiam comprar ilimitadamente produtos de todo tipo, que caberiam no carrinho infinito e levíssimo de mão; e pagariam com cartão de crédito do tipo PLATINA ou DIAMANTE, sem qualquer limite. Suas casas teriam lugar para tudo, elas abririam os pacotes e guardariam cada coisa sem chance de ser roubada, tudo etiquetado e memorizado. No outro dia voltariam a comprar e a estocar e assim sucessivamente.

Não precisariam pagar e não haveria fatura.

As casas estariam magicamente limpas, os filhos se vestiriam sozinhos e iriam para as escolas tirar nota 10, sempre teriam amigas para as ouvirem falar mal das outras e nunca ouviriam fofocas a seu respeito. Os maridos lembrar-se-iam dos aniversários de casamento, sempre trazendo flores e buquês variados, convidando-as para viagens intermináveis.

Embora Paraíso, teriam empregadas domésticas formidáveis, limpinhas, impolutas, dignas e “bonitinhas”, sem nunca empanar o brilho das patroas.

E assim por diante, basta entrevistá-las.

E quanto ao Paraíso dos homens?

Cheiíssimo de ferramentas, todas brilhando de novas. Esportes para praticar, com toda certeza. As mulheres nunca reclamariam das roupas sujas largadas em qualquer lugar. Seria fácil comprar roupas, sempre certinhas sem precisar investigar, sem fiapos e pontas soltas, com bainhas feitas, entrar e pegar. Bares para conversar com os amigos com cervejas SEMPRE geladíssimas no pior calor, garçons atentíssimos aos pedidos, preços em conta dando para beber a noite toda, todas as noites.

Lugar para bater nos outros (e apanhar eventualmente, sem ser ferido). Poder bater de carro, que delícia! Parar de qualquer jeito, nem que fosse em cima de meio-fio. Pode bater nos governantes. Gritar com os policiais. E assim por diante. Enfim, quanto mais penso mais vejo que o Paraíso tem tantas ou mais divisões que a Vida, exceto que não seríamos responsáveis por nada.

E quem limparia tudo? Acho que é para isso que existe Inferno. E para lá vão os pobres e os desafetos. Inferno é o Paraíso dos pobres. Mais ou menos como a Terra.

Serra, quinta-feira, 03 de maio de 2012.

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