O
Paraíso das Mulheres
As pessoas tem como
certo que no Céu não há divisão nenhuma, mas se Paraíso é aquele lugar onde você
se sente bem (como na casa do avô e da avó na roça), então as divisões não só
existiriam como também seriam imprescindíveis.
Para mim há vários
céus. Certa moça implicou comigo e na conversa disse que iria para o Céu, ao
que repliquei que para “a invasão do Céu”, um daqueles bairros periféricos.
Pois bem, como seria
o Paraíso das Mulheres?
No meu modo de
entender teria inúmeros centros de compra (shopping centers) em todos os tons
de rosa, com língua franca, cada qual deles imensidão inacreditável onde elas
poderiam comprar ilimitadamente produtos de todo tipo, que caberiam no carrinho
infinito e levíssimo de mão; e pagariam com cartão de crédito do tipo PLATINA
ou DIAMANTE, sem qualquer limite. Suas casas teriam lugar para tudo, elas
abririam os pacotes e guardariam cada coisa sem chance de ser roubada, tudo
etiquetado e memorizado. No outro dia voltariam a comprar e a estocar e assim sucessivamente.
Não precisariam pagar
e não haveria fatura.
As casas estariam
magicamente limpas, os filhos se vestiriam sozinhos e iriam para as escolas
tirar nota 10, sempre teriam amigas para as ouvirem falar mal das outras e
nunca ouviriam fofocas a seu respeito. Os maridos lembrar-se-iam dos
aniversários de casamento, sempre trazendo flores e buquês variados,
convidando-as para viagens intermináveis.
Embora Paraíso,
teriam empregadas domésticas formidáveis, limpinhas, impolutas, dignas e
“bonitinhas”, sem nunca empanar o brilho das patroas.
E assim por diante, basta entrevistá-las.
E quanto ao Paraíso dos
homens?
Cheiíssimo de
ferramentas, todas brilhando de novas. Esportes para praticar, com toda
certeza. As mulheres nunca reclamariam das roupas sujas largadas em qualquer
lugar. Seria fácil comprar roupas, sempre certinhas sem precisar investigar,
sem fiapos e pontas soltas, com bainhas feitas, entrar e pegar. Bares para
conversar com os amigos com cervejas SEMPRE geladíssimas no pior calor, garçons
atentíssimos aos pedidos, preços em conta dando para beber a noite toda, todas
as noites.
Lugar para bater nos
outros (e apanhar eventualmente, sem ser ferido). Poder bater de carro, que
delícia! Parar de qualquer jeito, nem que fosse em cima de meio-fio. Pode bater
nos governantes. Gritar com os policiais. E assim por diante. Enfim, quanto
mais penso mais vejo que o Paraíso tem tantas ou mais divisões que a Vida,
exceto que não seríamos responsáveis por nada.
E quem limparia tudo?
Acho que é para isso que existe Inferno. E para lá vão os pobres e os
desafetos. Inferno é o Paraíso dos pobres. Mais ou menos como a Terra.
Serra, quinta-feira,
03 de maio de 2012.
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