quarta-feira, 31 de outubro de 2018


Very Nice

 

De very (em inglês, real, verdadeiro) e Nice (o célebre balneário francês) a moça e o rapaz criaram uma loja, Very Nice (que em inglês significa conjuntamente realmente bonito, brilhante, legal, bacana) e levava a Nice mesmo os grupos de ricos.

Cada sobradinho de frente para o mar custa 60 milhões de dólares.

NICE VERY GOOD

Política da boa vizinhança, vizinhança muito boa
Descrição: http://www.vacances-location.net/aluguer-ferias/map-town/alpes-maritimes/nice.png
Descrição: http://www.baixaki.com.br/imagens/wpapers/BXK238961_nice-franca800.jpg
Descrição: http://images.northrup.org/picture/xl/crap/cruise-crap/day6-nice-france/boardwalk2.jpg

Os ricos não gostam de turismo/durismo, fazem as coisas sozinhos e quando querem, são por natureza isolados e isolacionistas. Raras vezes se reúnem (exceto no Grupo Bilderberg ou no Clube de Roma ou na Trilateral para planejar como desgraçar os povos, segundo dizem) e quando o fazem é nos campos de golfe, bastante amplos para eles nunca se tocarem.

Ora, a empresa parecia fadada ao fracasso.

Ledo engano.

Ela e ele ofereciam a oportunidade de dilatação dos horizontes dos ricaços, dos multibilionários ou dos que pelo menos possuíssem mais de 100 milhões. Menos, não, pobreza, não.

Ela e ela juntaram informações sobre os ricos do passado, de imperadores e reis a Mídias, a Mecenas, a Crasso e a outros barões, marqueses, duques e aos “barões ladrões” americanos.

Elaboraram pequenas biografias dos excessos, por exemplo, de quando César deu (com o dinheiro do contribuinte romano) pérola negra a Servília no valor de seis milhões de sertécios. Ou quando certa mesa (como reportado por Will Durant) foi comprada no império romano por 800 mil dólares de 1943. Ou a casa de 100 milhões de dólares de Bill Gates ou o iate de Roberto Carlos, Lady Laura IV de U$ 25 milhões.

Tudo isso foi retratado: o tamanho atualizado das fortunas até o ano da visita. A dimensão das terras, onde ficavam, quantas cabeças de gado tinham, quantos trabalhadores. Os requintes, as torneiras de ouro de Onassis, as salas com lambris de madeira de lei e até de jacarandá. Fotos das casas, dos carros, modelos tridimensionais de tudo, inclusive jóias, os lugares nas diretorias – os ricos iam lá para se exibir, para serem aplaudidos, para serem vistos. E para invejar e competir, nada mais saudável que disputar (inclusive a tapa) algo totalmente dispensável. Quem tinha subido? Quem tinha caído? Quem perdeu posses, perdeu terrenos, perdeu coisas valiosas? Eles riam. Quem tinha comprado quadros e objetos antigos e valiosos no mercado negro? Eles riam mais ainda.

Principalmente, quem tinha golpeado quem?

Quem tinha passado a perna em quem?

Engraçadíssimo.

A agência de viagens foi um sucesso.

Impagável o riso.

Caro o passeio, mas bom.

Desopilante.

Serra, quinta-feira, 03 de maio de 2012.

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