Gisele,
a Espiã Nua que Abalou Garis
Em vez de seguir o
caminho tradicional de circular nas altas esferas, Gisele foi para São Paulo, a
mais importante (mas não a mais populosa: a Grande Cidade do México é maior que
a Grande São Paulo) cidade da América Latina e colocou empresa de coleta de
lixo.
Inicialmente, nos
idos dos 1980 e até 1995 no Brasil, quando entrou em cena a Internet, ela
trabalhava com papéis jogados fora pelas residências dos ricos, famosos,
poderosos, belas (não se esqueça que elas convivem com eles em todos os
níveis). Comprava os papéis dos garis e para ganhar os recalcitrantes pagava
com o corpo, como prostituta mesmo; com corpo tão belo, supostamente inalcançável
por eles, fez sucesso, eles ficaram abalados, ela dizia ser ninfomaníaca, eles
não sabiam o que era.
A Espiã Nua
transitava livremente entre os garis e os postos de coleta: eles andavam por
toda a cidade patrulhando por ela. Claro que ela não dizia nada! No
recolhimento de sua empresa separava para reciclagem os materiais da coleta
incipiente, prensava-os (foi precursora disso) e vendia-os para as empresas.
Depois de 15 anos nisso, mudou de tática.
Com a entrada da
Internet em cena os computadores ganharam proeminência, inicialmente com os
ricos, médio-altos e médios, depois pobres e miseráveis.
Ora, os ricos são
tidos e havidos como perdulários (o que não são, é a lógica, pois se fossem
gastadores não seriam ricos, é ou não é? Apenas ocorre de eles precisarem da
última palavra em avanços e de terem dinheiro para gastar com ela). Quando os
computadores se tornavam ultrapassados eles simplesmente descartavam e compravam
outro muito mais avançado. Vender seria mesquinharia, dar poderia levar a
recusa pelos pobretões, que se sentiriam talvez aviltados por ganhar algo.
Então, jogavam fora.
Mirando isso, Gisele
comprava por bagatela (se oferecesse muito chamaria atenção) cada torre ou
base, sem considerar os monitores, pois estes não interessavam. O que
interessava mesmo era o hard disk, HD, e os HDs internos porventura existentes
(ou, até, os externos). Quando o antigo computador passava dos pais aos filhos
e filhas estes e estas formatavam e todos os dados eram perdidos, mas mesmo
assim algo poderia persistir.
De modo que ela
comprava as memórias.
E tinha um grupo de
gente muito esperta trabalhando na retaguarda, bem longe da empresa, num
escritório elegante da Vieira Souto. Lá eles trabalhavam com afinco e
determinação. Você não tem ideia de quanto eles mineraram nessas fontes!
Depois, como deu certo o teste no Brasil, ela colocou outros escritórios nas
principais cidades do mundo.
Foi das fontes dela
que emergiu aquele escândalo do WikiLeaks (veja o livro WikiLeaks, A Guerra de Julian
Assange contra os Segredos de Estado, Campinas, Verus, 2011).
O LIVRO
|
|
|
|
Serra, segunda-feira,
07 de maio de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário