Embrulhado pelo
Presente
Papai e mamãe me deram uma bola de
presente.
Presente não é passado nem é futuro.
Nem “já vivi” nem “viverei”, é “agora
mesmo”, aqui.
Presente é uma linha fina, mais fina
que a de uma navalha, na realidade existe no tempespaço de Planck, nos
horizontes de simultaneidade.
A bola azul com nuvens está molhada de
água de forma desigual, em relação ao raio 3/6.741 (para dar contas com zeros)
= 1/2.247 = 4,5/10.000, bem pouco, 0,045 %, uma ninharia. Olhando direitinho
você pode ver umas manchas que vão crescendo lentamente no ritmo celestial e
muito rápido na vida curta.
Levou muito tempo para preparar.
Só para arranjar a fôrma foram 9,2
bilhões de anos; depois que ficou pronta primitivamente passaram-se 4,5 bilhões
de anos para a bola chegar ao agoraqui, dos quais 3,8 bilhões de anos na
incubação da Vida. Para chegar ao presente foram muitas as peripécias e
peri-peças, trabalho de ourives, ourives divino, mais cuidadoso que Fabergé.
É um sistema com subsistemas.
O Sol é o fogo central.
As bolas de fora são subsistemas, mas
o fogo central é um só.
A Terra-bola cozinha.
A bola-caldeirão cozinha.
Vivo nela.
Frente ao enorme Estádio de Coisas do
universo é um campo pequeno, mas para nós é gigantesco. É um presente
magnífico, que pela convenção começa no primeiro minuto do dia de 24 horas e
termina no último minuto, 24h00min cravadas, sendo-nos dados diariamente 1.440
minutos. Não é emocionante?
Todo dia Terra Nova e gira, Terra
Crescente, Terra Cheia e Terra Minguante, é um ciclo, que eu ciclo.
Serra, segunda-feira, 23 de abril de
2012.
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