Os
Solitários
Fico pensando naquela
gente que passa sozinha enquanto nós estamos em grupo aqui. Claro que há a
vantagem, para eles, de não haver ninguém cutucando, mas há a solidão.
Ficar assim, sem uma
pessoazinha do lado, deve ser penoso.
É difícil pensar numa
vida isolada dessas.
Se bem que sei de
gente daqui, dos que vivem rodeados de outros, que prefeririam estar apartados,
segmentados como se fosse únicos. Solitários. Solitários. Solitários.
Vê-los assim, longe
de todos, causa uma certa angústia. É bom para eles ou não teriam tomado essa
atitude, a pessoa só vai onde quer, pelo menos a maioria e em nossos dias.
Procuram preencher o
vazio ouvindo rádio ou ficam olhando para o tempo. Uns até carregam minúsculas
TV para quando são obrigados a parar.
Nós, os grupais,
obviamente (o próprio nome o diz) vivemos em grupo, que é por vezes
mal-humorado, por vezes briguento, por vezes insolente, mas traz calor humano.
São personalidades
distintas, sem dúvida alguma, as deles e as nossas. Uns não conseguem viver com
ninguém próximo, outros não podem dispensar a proximidade.
Eles, andando assim
sozinhos, não podem conversar, claro que não; em compensação, se nem sempre
conversamos, por vezes entabulamos papos muito bons, há até gente rindo e
contado casos, outro dia ouvi uma mentirada que fazia muitos gargalhar. E por
natureza há os palhaços que ficam contando piadas, o povo quase rebenta de
tanto rir, se dobra de rir. Se eu tivesse memória para contar tudo que já ouvi
no nosso grupo... Ou tivesse me lembrado de carregar gravador ou, já no tempo
do celular, o tivesse acionado! Que perda de tempo, ó Jesus!
Do lado de lá, falar
com quem, se estão sempre sós?
No máximo vão dois,
às vezes três, muito raro, o mais das vezes passa um só. Quando vão dois ou
três pouco falam, fico observando, só resmungam, por vezes brigam e até se
agridem. Eu, hem?
Andar de ônibus é
ruim em certos dias, mas tem seu lado bom.
Serra, sexta-feira,
20 de abril de 2012.
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