terça-feira, 30 de outubro de 2018


Os Três Mosquiteiros

 

Sérgio (inicialmente chamado Filho da Tonhona, Antônia, mulher de fibra, grande e brigona, passou a ser conhecido como DATONHONA), o Serjão Datonhona era sujeito pirracento, aborrecido, nervoso demais, tudo queria levar no peito, “tratorando” como faz o PT.

Foi morar na floresta Amazônica, onde à beira da mata às 18 horas apareciam batalhões com milhares de mosquitos.

Não se contentou com os mosquiteiros comuns que cobriam apenas a cama, porque quando precisava sair para ir ao banheiro era indefectivelmente atacado pelos insetos. E os filhos e a filha não tinham sossego, mesmo com os mosquiteiros. Fumegar a casa inteira e fechar as janelas não podia, porque passado o efeito lá vinham os infelizes. Colocar veneno era proibitivo, pois os aerossóis eram caros.

Ele ficava aborrecido e sem ação ao mesmo tempo.

Até que um dia pensou num mosquiteiro tão grande que cobrisse a casa toda. Melhor, dois. Melhor ainda, três.

Foi a Manaus de voadeira e trouxe, com enorme dificuldade, material para fabricar os três mosquiteiros. A mulher costurava e ele ajudava, levaram mais de dois meses. Depois de costurada a corda de suspender, foi uma luta amarrá-la lá em cima nos galhos do alto da árvore imensa. E passar tudo por cima da casa foi um custo.

DARTANGNAN E OS TRÊS MOSQUETEIROS

Descrição: http://www.fvproducoes.com.br/site/wordpress/wp-content/uploads/2011/11/Dartagnan-e-os-tr%C3%AAs-mosqueteiros3.jpg
Descrição: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/dd/Dartagnan-musketeers.jpg/250px-Dartagnan-musketeers.jpg
Descrição: http://img.mercadolivre.com.br/jm/img?s=MLB&f=89346688_8634.jpg&v=E
Descrição: http://atrevida.uol.com.br/upload/imagens_upload/os_tres_mosqueteiros_logan_lerman.jpg

Finalmente lá estavam os três mosquiteiros.

Datonhona e os três mosquiteiros.

De fato, era obra de se admirar.

Branquinhos, imensos, perfeitamente colocados.

“Quero ver, seus cornos”.

E Serjão podia agora andar livremente pela casa.

Deu até uma festa, os convidados perfeitamente protegidos, foi um acontecimento na selva, repercutiu dezenas de quilômetros em volta, quem sabe até centenas, as pessoas queriam imitar.

Bem, isso foi a festa.

Depois caiu a primeira folha, a segunda, um galho, foi somando, os mosquiteiros foram arqueando; a chuva, caindo continuamente dia após dia no “inverno” de seis meses enfraqueceram os nós, um primeiro rompeu, depois outros e outros mais, de modo que a combinação chuva + matéria orgânica levou ao desastre. Como tinham se acumulado centenas de quilogramas de restos e água, um dia tudo caiu e aquilo desceu sobre a casa, arrebentando muitas telhas e emporcalhando a casa.

Serjão sentou no alpendre e pensou na Natureza das coisas.

Concluiu que alguma adaptação deveria haver, que ele deveria se adaptar, que ele deveria se render aos fatos.

Adaptou-se, se rendeu.

Como as terras tinham valorizado à bessa com a descoberta de manganês, vendeu tudo por um dinheirão e comprou uma cobertura em Ipanema, de frente para o mar. Hoje em dia vive administrando o ar marinho, tomando chope no calçadão, olhando as garotas de Ipanema.

Serra, terça-feira, 24 de abril de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário