Os Três Mosquiteiros
Sérgio (inicialmente chamado Filho da
Tonhona, Antônia, mulher de fibra, grande e brigona, passou a ser conhecido
como DATONHONA), o Serjão Datonhona era sujeito pirracento, aborrecido, nervoso
demais, tudo queria levar no peito, “tratorando” como faz o PT.
Foi morar na floresta Amazônica, onde
à beira da mata às 18 horas apareciam batalhões com milhares de mosquitos.
Não se contentou com os mosquiteiros
comuns que cobriam apenas a cama, porque quando precisava sair para ir ao
banheiro era indefectivelmente atacado pelos insetos. E os filhos e a filha não
tinham sossego, mesmo com os mosquiteiros. Fumegar a casa inteira e fechar as
janelas não podia, porque passado o efeito lá vinham os infelizes. Colocar
veneno era proibitivo, pois os aerossóis eram caros.
Ele ficava aborrecido e sem ação ao
mesmo tempo.
Até que um dia pensou num mosquiteiro
tão grande que cobrisse a casa toda. Melhor, dois. Melhor ainda, três.
Foi a Manaus de voadeira e trouxe, com
enorme dificuldade, material para fabricar os três mosquiteiros. A mulher
costurava e ele ajudava, levaram mais de dois meses. Depois de costurada a
corda de suspender, foi uma luta amarrá-la lá em cima nos galhos do alto da
árvore imensa. E passar tudo por cima da casa foi um custo.
DARTANGNAN
E OS TRÊS MOSQUETEIROS
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Finalmente lá estavam os três
mosquiteiros.
Datonhona e os três mosquiteiros.
De fato, era obra de se admirar.
Branquinhos, imensos, perfeitamente
colocados.
“Quero ver, seus cornos”.
E Serjão podia agora andar livremente
pela casa.
Deu até uma festa, os convidados
perfeitamente protegidos, foi um acontecimento na selva, repercutiu dezenas de
quilômetros em volta, quem sabe até centenas, as pessoas queriam imitar.
Bem, isso foi a festa.
Depois caiu a primeira folha, a segunda,
um galho, foi somando, os mosquiteiros foram arqueando; a chuva, caindo
continuamente dia após dia no “inverno” de seis meses enfraqueceram os nós, um
primeiro rompeu, depois outros e outros mais, de modo que a combinação chuva +
matéria orgânica levou ao desastre. Como tinham se acumulado centenas de
quilogramas de restos e água, um dia tudo caiu e aquilo desceu sobre a casa,
arrebentando muitas telhas e emporcalhando a casa.
Serjão sentou no alpendre e pensou na
Natureza das coisas.
Concluiu que alguma adaptação deveria
haver, que ele deveria se adaptar, que ele deveria se render aos fatos.
Adaptou-se, se rendeu.
Como as terras tinham valorizado à
bessa com a descoberta de manganês, vendeu tudo por um dinheirão e comprou uma
cobertura em Ipanema, de frente para o mar. Hoje em dia vive administrando o ar
marinho, tomando chope no calçadão, olhando as garotas de Ipanema.
Serra, terça-feira, 24 de abril de
2012.
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