terça-feira, 9 de outubro de 2018


Morador de Rua


 

Não gosto de usar esse tipo de construção (“frasal”, dizem os idiotas) porque denota a fragilidade da coletividade, no sentido de a doença psicológica que é a mendicagem estar sendo não apenas tolerada sem tratamento (duplo, do coletivo e do indivíduo) psicológico socioeconômico adequado, até estimulada, como também porque aponta frouxidão governamental.

Há um terceiro motivo.

Às vezes demoro muito para pensar, mas não pode existir morador de rua pelo simples motivo de não existirem moradas na rua.

MORADA NA FILOSOFIA (dicionários são psicológico-filosóficos-filosóficos: neste caso a do Houaiss eletrônico): MOROU?

Substantivo feminino
1. casa ou lugar em que se habita; moradia, moradio
2. período em que se permanece domiciliado em algum local; permanência
Ex.: durante a sua m. em Portugal, conheceu várias pessoas interessantes
3. Regionalismo: Portugal.
o endereço de residência
Ex.: escreveu a m. no envelope e entregou-o ao portador
4. Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1).
Local onde se encontra habitualmente determinada coisa
Ex.: aquele jardim era a m. dos girassóis

A primeira acepção fala de “casa... moradia”.

A segunda de “permanece domiciliado” (em domicílio).

A terceira em “endereço de residência”.

Apenas a quarta abre espaço para “local”, mas neste caso é coisa, e a menos que os “moradores de rua”, os mendigos sejam julgados COISAS (sou completamente contra isso: devem ser abrigados e tratados com decência e amor), não cabe.

Por conseguinte, não cabe em situação nenhuma.

Contudo juízes, promotores, advogados, jornalistas, pessoas quaisquer falam assim. Erradamente, é claro, mais um dos erros que frequentemente cometemos.

Devemos continuar cometendo-os, uma vez sabendo que os cometemos? Não creio, seria como continuar se arriscando numa ponte sabidamente ameaçada de ruir. Neste caso é até pior, porque esse marasmo linguístico em que nos encontramos é daninho para nossa estabilidade como nação.

Precisamos corrigir.

Uma vez que identifiquei a Língua geral com a Dialógica geral (que no modelo pirâmide está no sexto nível, dialógico-p.6), devemos dialogicamente corrigir, todos e cada um.

Serra, domingo, 04 de março de 2012.

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