sábado, 27 de outubro de 2018


As 1001 Noites

 

O bar da Rua da Lama em Jardim da Penha, Vitória, teve iniciativa bastante interessante: em imitação de Sherazade decidiu editar as “1001 Noites”, quando ela contava estórias inacabadas ao sultão com o qual casara e que tinha o estranho e péssimo costume de matar as sucessivas esposas após ficar com cada uma apenas uma noite. Para livrar-se, ela contava essas estórias incompletas, prometendo terminá-las no dia seguinte, quando deixava outra por terminar. Assim foi dilatando o tempo até o sultão se apaixonar por ela e livrá-la do assassinato. Em todo caso, era assassino, mas os “grandes” não são julgados tais e não são julgados (nem muito menos condenados; lembra-se de Henrique VIII?)

Fizeram diferente.

Além de venderem os livros em tradução direta do árabe e as inúmeras edições deturpadas, assim como obras de comentários, fizeram palestras analisando-os e passaram filmes antigos ou mais recentes, por exemplo, Simbad, o Marujo.

FILMES DAS 1001 NOITES

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Não era “baratinho” freqüentar, porque cada qual pagava como se em cinema estivesse, pois a marcação do sindicato das salas de exibição era eficaz. Ninguém reclamava, por ser novidade nunca vista em lugar nenhum do mundo, ser oferta bem cuidada, o chope geladíssimo, os salgados perfeitos e assim por diante.

Se existia um filme antigo e um recente, remake, os dois eram passados, um mais cedo e outro depois.

Palestrantes traziam seu conhecimento.

Embaixadores dos países árabes se fizeram presentes, vindos de Brasília, bem como artistas e cientistas muçulmanos; cônsules vieram do Rio, um ou outro dignitário, afinal durariam 1.001 noites (2,74 anos). Mesmo custando 50 por pessoa/dia (com direito a couvert) e patrocínio de várias empresas árabes, inclusive petrolíferas, custou um dinheirão e capacidade logística admirável.

Não foi muita gente logo de início, as pessoas contavam fosse a iniciativa cair aos pedaços logo em seguida, mas não foi assim, seguiu fiel até o fim. Em algum momento a coisa toda estava consolidada e tão famosa a ponto de sair nos jornais brasileiros de grande circulação e nas revistas, inclusive Veja. Vitória ficou famosa, os convites eram verdadeiramente disputados a tapa. Foi preciso combinar com o governo para fazer as apresentações na área livre do IBC (Instituto Brasileiro de Café) situado no bairro.

Deu tão certo que os países árabes compraram a iniciativa, o bloco dela devendo circular por lá sem bebidas e com alguns cortes. Nos demais países houve liberdade, exceto na Índia, onde beijos em público são proibidos, e na China, onde agarração não é bem vista. Em todo caso os filmes antigamente não contavam com isso, e as passagens aonde a imoralidade dos contos vinha à tona foi abrandado.

Nunca pensei em ver uma coisa do ES dar certo, mas essa deu.

Fiquei de queixo caído.

Aplaudi.

E, claro, eu estava lá na primeira fila e no primeiro momento, afinal de contas sou fã das 1001 Noites. Custaram 50 mil no mínimo (mais, por conta das bebidas e salgadinhos, talvez o dobro, mas não falhei um dia, já estava aposentado; aproveitei para fazer os milhões de negócios que passei aos meus filhos).

Serra, quinta-feira, 03 de maio de 2012.

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