Os Guerreiros
Inventam os Dentes Longos
Se os homens (machos
e pseudofêmeas) detinham apenas 10 a 20 % do contingente, contra 80 a 90 % de
domínio feminino (50 % de mulheres, 25 % de garotos, velhos, aleijados,
doentes, anões e anãs), se estavam sempre fora caçando e não contavam na vida
tribal inicial, como é que se apoderaram do poder da coletividade?
Vários elementos
contribuíram, como tenho mostrado, mas um elemento inicial favoreceu a
autoconfiança dos homens.
Esse elemento
começou a ser inventado com o arremesso de pedras, o ponto; depois disso,
galhos e ramos de árvores, a pedra-linha; a seguir a pedra-orientada, o ponto
com linha, a lança; depois, creio, o arco-e-flecha, uma das mais importantes
invenções, porque mandava a vontade longe. Claro que a lança e o arco-e-flecha
levaram ao escudo, defesa conexa, mas tal só começou quando principiaram as
guerras de predação psicológica que foram além das guerras de caça iniciais.
Enquanto só existiram estas o escudo não foi inventado. Então, durante a maior
parte da seqüência temporal dos hominídeos e dos sapiens não existiu o escudo,
porque não havia do quê se defender. Animais (inclusive primatas) e plantas não
atiram coisas na gente. Só gente ataca outra gente.
SEQÜÊNCIA PROVÁVEL
·
Machado
(podem ter sido os primeiros a serem arremessados);
·
Lanças;
·
Arco-e-flechas;
·
Escudos.
Na medida em que os guerreiros
inventaram para caça os “dentes longos”, perceberam que a Natureza toda se
tornava submissa a eles pela morte; então ousaram suplantar o poder coletivo
feminino. Tornaram-se cada vez mais autoconfiantes e daí a desafiar as mulheres
foi um pulo. Quando perceberam que podiam matar à distância perderam todo
receio, todo pavor da Natureza; e assim se elevaram diante do colegiado das
mulheres. Não só as mulheres não inventaram essas coisas (não havia motivo para
tal) como devem ter sido proibidas de tocar nos instrumentos, sujo segredo de
fabricação deve ter ficado em poder exclusivo dos homens durante milênios. A
ousadia de penetrar tais segredos devia ser frequentemente punida com a morte.
Vitória, sexta-feira, 12 de novembro
de 2004.
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