segunda-feira, 7 de agosto de 2017


Mar como Anti-Lagoa e Anti-Rio

 

                            Em relação a rios, por maiores que sejam você vê o outro lado ou diretamente ou subindo nalgum morro ou montanha das redondezas, de modo que o rio FINDA EM FRENTE, ele termina nalgum ponto do horizonte. Se você subir bastante ele acaba, inapelavelmente ele finda mesmo.

                            Quanto aos lagos, você pode rodeá-los. Se andar bastante, com afinco, você pode rodeá-los. Numa primeira visita pode até não ver a outra margem, pois ela pode estar abaixo do horizonte e você pensar que é o mar, mas seguindo adiante você voltará ao ponto de partida em algumas horas, dias, semanas, meses.

                            Não tem jeito.

                            Entretanto, mares não, mares não terminam nunca. Nas costas brasileiras você poderia começar na Lagoa dos Patos e um dia chegar à fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Poderia prosseguir e andando muito, ou indo de avião, daria a volta nas três Américas e voltaria pela Patagônia Argentina ao Rio Grande do Sul. Veria que as Américas estão contidas no mar e não o contrário. Os oceanos não estão contidos em coisa alguma, sobrepõe-se à Terra, ficam na sua superfície, dando para fora, dando para a atmosfera e daí para o espaço.

NO EXTREMO NORTE O AMAPÁ (passando rios, pântanos, o que for, um dia você chegaria)


                            A LAGOA DOS PATOS (no limite inferior do Brasil)


                            A lagoa pode ser rodeada e o rio é uma linha, de uma margem podendo-se ver o outro lado; com o mar não é assim, de modo que o mar foi um choque tremendo para os hominídeos que estavam se achando os tais, assim como o grande oceano negro externo à Terra será um choque para os racionais sapiens cro-magnons que somos nós. Está sendo, vai ser mais ainda.

                            O OCEANO PACÍFICO (maior de todos)


O oceano não podia ser atravessado e nem o outro lado, se existisse, podia ser visto; isso foi quanto bastou para assustar demais os hominídeos. E depois deles os neandertais e os cro-magnons igualmente. Como você sabe de estar aqui, eles não se deixaram vencer, prosseguiram, foram adiante, mesmo assustados, mesmo com medo, valente raça.

DEPARANDO COM O IMPOSSÍVEL (primeira dúvida filosófica terrível já nos primórdios; porém, eles venceram o medo e foram adiante para criar a Civilização da Margem Direita) – nossos parentes depararam com o Oceano Índico, mas levantaram e foram em frente


ELES SEGUIRAM POR AQUI (os que diretamente nos criaram, o Povo da Margem Direita)


Não se deixaram abater, prosseguiram. Que teria acontecido se fossem covardes, pusilânimes, frouxos, fracos, inermes, tíbios, débeis? Talvez não estivéssemos aqui. Felizmente eram fortes, lutadores.

Um desafio que não podia ser vencido; então eles puseram dentro do saco e prosseguiram por centenas de milhares de anos, até que depois de 1500 Fernão de Magalhães realizou o sonho ancestral e deu a volta ao mundo de barco. Zilhões de coisas tinham sido inventadas para que esse sonho tão remoto pudesse ter sido satisfeito. Dezenas de bilhões tinham nascido e morrido, todos descendentes de EMAY (Eva Mitocondrial + Adão Y), para tornar possível esse ultrapassamento 200 mil anos depois do nascimento dos neandertais e 80 ou 70 mil anos do aparecimento dos cro-magnons.

Depois de todo esse tempo, desde aquele dia em que nossos ancestrais ficaram pela primeira vez em pé diante do mar, eles o venceram.

Vitória, quinta-feira, 18 de novembro de 2004.

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