sábado, 1 de abril de 2017


Vita Sergis

 

                            Sérgio Roberto Vieira da Motta, o Serjão, ministro das telecomunicações do ex-governo Fernando Henrique Cardoso, nasceu em São Paulo em 1940 e morreu em 1998. Era conhecido como “trator”, não só como referência à grande obesidade como principalmente ao fato de que pretendia “tratorar” (passar por cima, arrancando as raízes e arrasando tudo – na nova gíria adotada pelos petistas, do PT, Partido dos Trabalhadores) os opositores da reeleição de FHC. Já era e ficou mais amigo deste.

                            Fiquei como raiva dele e escrevi um artigo defendendo o grande arquiteto Jaime Lerner (curitibano, 1937 -), prefeito de Curitiba, Paraná, em três ocasiões diferentes (1971 a 1974 e 1979 a 1983, durante a ditadura, e de 1989 a 1992), depois governador do estado (1995 a 1999, reeleito 1999 a 2003).

                            Como mérito conjunto de FHC e de Serjão está o terem aberto a telefonia brasileira em relação ao monopólio estatal que nos agrilhoava e submetia a vexames continuados, de modo que no Espírito Santo a VIVO (ex-Telefonica) anunciou hoje que há dela para 3,2 milhões de habitantes 500 mil celulares, ou seja, um para cada seis pessoas; só dela, fora a CLARO (ex-ATL), a TIM e outras, e fora os aparelhos de linha ou convencionais, não-móveis, de modo que qualquer empregada doméstica (não por ser empregada e sim por ganhar pouco, 240 reais ou uns 80 dólares de salário mínimo) pode ter e pagar a mensalidade de celular, fora o telefone comum, que também tem em sua casa.

                            Toda biografia deveria ser moeda de duas faces contando o certo e o errado. Mesmo que FHC e Serjão tenham capitaneado o Capital estrangeiro e dito nacional nessa nova aventura acumulativa de longo curso e enriquecimento rápido e estrondoso, ainda foi um favor ao Brasil, onde antes não se via nada, e creio interessante a publicação de uma biografia pormenorizada de Serjão (já saiu uma, não li, mas não será qualificada assim: como ele pegou a telegonia brasileira, como a deixou, como ela é hoje e como promete ser).

                            Vitória, quinta-feira, 30 de outubro de 2003.

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