quinta-feira, 27 de abril de 2017


Rosca Seca e Tókio

 

                            Meu filho Gabriel foi chamado pelo amigo Helenilson a ir à fazenda dos pais deste em Rosca Seca, Minas Gerais. Choveu, ficamos sem comunicação, inclusive por celular, porque lá não tem torre, e inquieto consultei a Internet em busca de qualquer informação. Esta respondeu com alguns sítios, inclusive o texto do anexo, no qual o autor fala dos MRS, Moradores de Rosca Seca, dizendo com outras palavras que se lá só há 500 habitantes pelo menos esses 500 são únicos no mundo. Ninguém mais é rosca-sequense, se este é o coletivo de lá.

                            Tóquio (que grafei diferente para destoar e tornar realmente distante) tem um quarto da população do Japão, que era em 2001 de 127,3 milhões, tendo tido o país em 1999 um PIB de 4,3 trilhões de dólares. Então os habitantes de Tóquio são (127,3/4 =) quase 32 milhões com, certamente, metade da riqueza nacional, mais de dois trilhões de dólares (seria preciso investigar para ter certeza), uma das maiores rendas percapita do planeta. Riquíssimos.

                            Rosca Seca é rural, fica no município de Aimorés, divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo, município que tem agora menos de 24 mil habitantes em 1,35 mil km2 (menos de 17 vezes os 80 km2 da Ilha de Vitória). Rosca Seca fica lá e lá estão os 500 MRS que são únicos no mundo, assim como em Burarama, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, Brasil, América Latina, Américas, planeta Terra não estão senão os buraramenses. Cada morador de Tóquio tem importância de 1/32.000.000, ao passo que a IMPORTÂNCIA INTIMISTA dos rosca-sequenses é de 1/500, 64 mil vezes tanto quanto a de qualquer morador de Tóquio.

                            Veja, não é para as pessoas dos lugares quantitativamente pequenos se sentirem diminuídos PORQUE todos são importantes, de um modo ou de outro – se não for quantitativamente é qualitativamente. Para os moradores de Rosca Seca, Aimorés, Minas Gerais, Brasil, América Latina, Américas, mundo, o lugarejo não fica longe nem é pequeno – apenas é.
                            Vitória, sábado, 10 de janeiro de 2004.

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