Cristo de Jeans
Em filmes como Jesus Cristo Superstar, de Norman
Jewinson, 1973, e em várias iniciativas desde a década dos 1960 tentaram
contemporanizar Jesus, aproximando-o do público mundial atual, desvestindo-o
dos mantos e tornando-o contemporâneo. Uns quiseram vê-lo negro, outros o
colocaram tentado por Madalena (A Última
Tentação de Cristo, Martin Scorcese, 1988), outros disseram isso e aquilo.
Creio que não se deve ir nem muito à esquerda nem muito à direita, ficando-se
na média; nem exagerar a aproximação, a intimidade, porque afinal de contas
Jesus é tido como Deus-Filho, nem mantê-lo exageradamente distante,
inidentificado com seus seguidores.
Rabo de cavalo e
tiara, piercing e tatuagens, brincos nas orelhas, anéis e relógios, todas essas
coisas seriam abusivas e estranhas demais, mas colocá-lo de jeans talvez fosse
proveitoso, desde quando tantos trabalhadores sofredores os usam.
Contemporanizá-lo assim iria atualizar sua causa junto aos sofredores.
Paralelamente seria preciso verter suas falas em linguagem coloquial recente
num TESTAMENTO POPULAR, até colocando em imagens contemporâneas sua vida como a
de um trabalhador que é crucificado pelas riquezas atuais, esse exagero de
acumulação, sem qualquer consideração por amizade e proximidade. Pode-se
construir um enredo muito conveniente, maduro, sem os excessos dos
contestadores abusados, mostrando como as elites (e o povo também) continuam a
crucificar Jesus a cada geração. E as igrejas mais avançadas poderiam colocar
um Jesus de Jeans na cruz, simbolizando a crucificação desde mundo de agoraqui.
Vitória,
segunda-feira, 12 de janeiro de 2004.
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