sábado, 29 de abril de 2017


Banguela

 

                            Da música de Zeca Baleiro, Banguela.

                            Tudo ao contrário. Quando fale de “favela não é hotel” mostrando contraste como se o quarto-sala do barraco fosse o Hilton, com mordomos servindo as coisas. “Vida não é novela” mostraria as pessoas dias e dias diante do TV; um banguela de fraque e cartola como se fosse rico numa piscina se divertindo de montão entre a água e a churrasqueira, mas de sunga. Mulher levando porrada, vinho azedo, camelo passeando na grama, o novelo de Teseu levando para dentro da prisão, tesão virando barriga de homem, briga de foice levando à harmonia, rede de intriga sendo uma rede que faz convergir, sérvios e croatas como duas setas que levam a festa e congraçamento, ursos passeando na neve, a bomba de Hiroshima RECONSTRUINDO AS COISAS a partir dos cenários devastados.

                            Depois o contrário, tudo como na música.

                            Quando chegue em “explodirá em Angra” mostrar cenários idílicos de lá, os terrenos cediços no subsolo, a explosão fictícia da Usina de Angra espanando-se em círculos cada vez mais amplos que atingem o Rio de Janeiro e continuam, “cabelo vira trança” enforcando os governantes, “dança de pigmeu” sendo a de anões em volta de DUAS TORRES, homens representando as Duas Torres que caíram dia 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque – depois “veneno da vingança” sendo gritado aos quatro cantos, mostrando-se sucessivas imagens da destruição geral do mundo pelos que odiaram até agora.

                            Vitória, domingo, 11 de janeiro de 2004.

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