Banguela
Da música de Zeca
Baleiro, Banguela.
Tudo ao contrário.
Quando fale de “favela não é hotel” mostrando contraste como se o quarto-sala
do barraco fosse o Hilton, com mordomos servindo as coisas. “Vida não é novela”
mostraria as pessoas dias e dias diante do TV; um banguela de fraque e cartola como
se fosse rico numa piscina se divertindo de montão entre a água e a churrasqueira,
mas de sunga. Mulher levando porrada, vinho azedo, camelo passeando na grama, o
novelo de Teseu levando para dentro da prisão, tesão virando barriga de homem,
briga de foice levando à harmonia, rede de intriga sendo uma rede que faz
convergir, sérvios e croatas como duas setas que levam a festa e congraçamento,
ursos passeando na neve, a bomba de Hiroshima RECONSTRUINDO AS COISAS a partir
dos cenários devastados.
Depois o contrário,
tudo como na música.
Quando chegue em
“explodirá em Angra” mostrar cenários idílicos de lá, os terrenos cediços no
subsolo, a explosão fictícia da Usina de Angra espanando-se em círculos cada
vez mais amplos que atingem o Rio de Janeiro e continuam, “cabelo vira trança”
enforcando os governantes, “dança de pigmeu” sendo a de anões em volta de DUAS
TORRES, homens representando as Duas Torres que caíram dia 11 de setembro de
2001 em Nova Iorque – depois “veneno da vingança” sendo gritado aos quatro
cantos, mostrando-se sucessivas imagens da destruição geral do mundo pelos que
odiaram até agora.
Vitória, domingo, 11
de janeiro de 2004.
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