Sapatos Femininos
Para as mulheres
coletoras no Modelo da Caverna os sapatos constituíam um agrado, como uma
segunda pele, e é fácil pensar por quê: depois de viverem dez milhões de anos
nas cavernas os hominídeos certamente tornaram-nas um “terreiro” completamente
mapeado, varrido, cada pedrinha mapeada, com nenhuma farpa que pudesse ferir;
se as redondezas das cavernas tornaram-se brutas depois disso deve-se às
tempestades que ocorreram desde a chegada dos sapiens há 100, 50 ou 35 mil
anos, quando estes abandonaram-nas para construir residências, especialmente
desde o período histórico, que começou há 5,5 mil anos na Suméria.
O sapato feminino
era mais como uma luva de camurça para os pés, um carinho, algo de meigo, de
doce, um gesto social, exibição para as outras fêmeas e os machos. Não chegava
nem a ser proteção, mesmo, como era para os machos, para quem, como já disse,
os sapatos eram escudos, meios de defesa, barreiras, impenetráveis
revestimentos que permitiam correr entre galhos, espinhos, farpas, pedras,
coisas cortantes em geral, portanto grosseiro, rude, abrutalhado, de marmanjo –
não era frescura, não era de proteção dos docinhos. Seriam botas de exército,
como já afirmei. Não é à toa que as homossexuais femininas são chamadas de
“sapatões”, porque isso identifica o macho. Sapatos fraquinhos calçados por
machos vão provocar suspeitas. E, principalmente, só as mulheres calçariam
antigamente sandálias, coisas vazadas, que pudessem deixar os pés à mostra,
devassados, desprotegidos. Sapato masculino podia ser um só, de um tipo só, e
para sempre, ao passo que os das mulheres variarão tremendamente, pois são
códigos, são mentais, fazem parte da linguagem (que não foi estudada e muito
menos exposta).
Para as mulheres
eles variarão na forma, nas dimensões, na altura/largura/profundidade (no
volume), na composição, na cor, na cobertura, nas filigranas, em tudo, e serão
muitos, muitíssimos (Imelda Marcos, esposa do ex-ditador Ferdinando Marcos, das
Filipinas, tinha mais de três mil pares), prova de status, de condição de
dominância, de alteamento divino, até. Os homens, nos tempos antigos, se
tivessem 16 pares seriam todos quase iguais. Podem ser preparados testes
psicológicos para verificar a hipótese.
Vitória,
quarta-feira, 07 de janeiro de 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário