Como os Ricos Ficam
Ricos
Em primeiro lugar
riqueza é um estado de separação. Em segundo, TODOS são ricos de alguma
forma porque riqueza é ter e todos têm algo, até os primatas, os animais, as
plantas e os fungos. TER pode ser interno e externo. TER internamente é ter
capacidade, algo que os outros não tem, por exemplo, ter diploma de engenharia,
que muitos não têm. O ser humano tem capacidades que os animais não têm, mas
eles, por outro lado, têm outras que nós não temos – pássaros podem voar,
toupeiras podem escavar, baleias podem mergulhar por muito tempo e assim por
diante.
Como já visto, a pobreza
é absoluta, é não-ter, ao passo que riqueza é relativa, pois sempre se pode ter
mais e melhor. Daí que riqueza possa ser QUANTITATIVA, que se afirma plural, e qualitativa,
que se afirma singular. Pode-se ter 200 milhões, que é quantidade, e pode-se
ter uma cadeira Luis XV, que é rara, é qualidade.
Ora, como as pessoas
enriquecem?
Em primeiro lugar
devem ter o DESEJO DE ENRIQUECER, quer dizer, de estarem de alguma forma
separadas dos demais, com isso iniciando a migração. Claro, há riqueza por
doação (da parte de quem dá) ou herança (da parte de quem recebe), mas não
estamos falando dela, porque o título diz “ficam ricos”, mostrando o ímpeto.
OS CINCO MODOS DE ENRIQUECER
1. Honestamente (são os pães-duros, os
munhecas, os mão-de-vaca, como em princípio Paul Getty, que colocou um telefone
a cobrar dentro de sua mansão);
2. Desonestamente (os que roubam,
sonegam, traficam, etc.). Aqui se encaixa a grande maioria;
3. Ambos (foram honestos numa primeira
fase e desonestos noutra, ou vice-versa);
4. A quarta é a da honestidade liberal,
que produz com grande generosidade, e de que há tão poucos exemplos;
5. A quinta modalidade é a
doação/herança.
De todo modo o enriquecimento é uma
das mais interessantes lições humanas, que eu nunca me canso de estudar, embora
as descrições bibliográficas, as pseudo-autobiográficas (escritas por
fantasmas, escritores contratados) e as verdadeiramente autobiográficas sejam o
mais das vezes incompletas, porque não traçadas como pede o modelo; e, depois,
porque não trazem essas minúcias do enriquecimento, especialmente o ilícito.
Seria preciso mostrar detalhes, particularmente dos desonestos, como eles
trocaram suas almas por aquelas idiotices. É muito curioso saber de todo tipo
de golpe dado em PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e em
AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo), isto é, tanto os
GOLPES PRIVADOS ou particulares quanto os GOLPES PÚBLICOS, neste caso envolvendo
superfaturamento, desvio de verbas, conluios, transferências indevidas para
paraísos fiscais, todo gênero de maracutaia e tramóia. Essas coisas são
nojentas, mas devemos saborear seus detalhes, a sordidez desses camaradinhas em
pegar o que é dos outros sem o mínimo escrúpulo, porque talvez aprendamos com
esse olhar alguma coisa sobre a capacidade de distanciamento dos seres humanos.
Enfim, há o caminho da sovinice, o
caminho do roubo, o caminho do ladrão-sovina ou do sovina-ladrão (o que vier
primeiro) e raríssimamente o daqueles que produzem uma enormidade de coisas
para a humanidade e são, não obstante, alegres e felizes; sem falar nos que
recebem heranças. Todos eles levam à separação e ao distanciamento.
RESUMINDO
1. Uma vontade enorme de se separar;
2. Estar disposto a enfrentar todo gênero
de dificuldade sem esmorecer, pensando constantemente em ampliar o
distanciamento;
3. Escolher um dos quatro caminhos (o
quinto está vedado, é uma flecha de fora para dentro);
4. Segurar tudo que amealhar, exceto no segundo
(porque os que ganham com facilidade são estranhamente pródigos – porque se
trata de dar o que é dos outros e isso qualquer um sabe fazer com grandeza
d’alma) e no quarto caminho.
Essa vontade de se separar quer dizer
sentir-se e colocar-se como maior, ou melhor, que os demais.
Se você tem essas capacidades mais
cedo ou mais tarde será rico, num dos diversos graus de riqueza.
Vitória,
quarta-feira, 14 de janeiro de 2004.
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