quarta-feira, 26 de abril de 2017


Tributo Cultural

 

                            A Itália tem 301,2 mil km2 (6,6 vezes os 45,6 mil km2 do Espírito Santo), com população em 2001 de 57,5 milhões de habitantes (quase 20 vezes os 3,2 milhões do ES) e PIB (produto interno bruto) de US$ 1,2 trilhão em 1999. Roma existe reconhecidamente - contando da fundação de Cidade Eterna - desde lá por 750 antes de Cristo, mas as lendas dão conta de Enéias (é o que supunha Virgílio na Eneida, imitação da Ilíada de Homero – enquanto Homero mostra pelo lado dos gregos, contando a saga da conquista de Tróia, Virgílio fá-lo pelo lado dos troianos perdedores) ter ido para lá por volta de 1,2 mil antes de Cristo – porém, evidentemente, a região era ocupada desde muito antes. Em todo caso os romanos e italianos lutam há muito tempo e constituíram uma cultura ou povelite ou nação batalhadora em ambos os sentidos, no de travar batalhas em guerras e no de se empenhar a fundo.

                            Não estou, de modo algum, desconsiderando a luta dos outros povos, pelo contrário, tenho grande paixão por todos e cada um deles, mas o caso aqui é contar como os migrantes, vindo da Itália há 120 anos - o que já falei de outras vezes - se empenharam em educar os filhos. Nisso vou citar o exemplo que conheço, esperando ver os pesquisadores indo adiante, fazendo pesquisa de campo. Mostro os descendentes de José Attílio Gava, meu pai, e Alvira Perim Gava, minha mãe, mesmo eles mal tendo terminado o antigo primário, que ia somente até o quinto ano.

OS FILHOS DOS FILHOS (e o que eles fizeram ou estão tentando fazer)

·        DE ARY JOSÉ:

1.       Ary José Gava Jr, administração;

2.      Rossana Arrivabeni Gava, odontologia;

3.      Érico Arrivabeni Gava, odontologia;

·        DE JOSÉ ANÍSIO (formou-se em direito):

1.       Emily Dall’Orto Gava, artes e direito;

2.      Bettina Dall’Orto Gava, direito;

·        DE JOSÉ AUGUSTO:

1.       Clara Haddad Souza Gava, cursando história;

2.      Gabriel Haddad Souza Gava, cursando engenharia mecânica;

·        DE ROGÉRIO PERIM:

1.       Carolina Duarte Gava, cursando psicologia;

2.      André Duarte Gava, cursando ciências biológicas.

Dos filhos, propriamente, embora todos tenham entrado na faculdade, somente um foi até o fim, mas dos netos, que são nove, todos terminaram ou estão indo adiante, pouco importa se chegam ao fim. O que interessa mesmo e o que quero frisar é que de semi-alfabetizados saíram treze que entraram na faculdade, o que denota o grande esforço italiano em educar-se.

E aqui vem o motivo do artigo.

Os descendentes de italianos e de europeus, quando chegam aos novos países, formam-se nas faculdades em que proporção POR GERAÇÃO (primeira, dos que chegam; segunda, dos filhos; terceira, dos netos; quarta, dos bisnetos)? E quando começam a ser governantes do Executivo, políticos do Legislativo, juizes do Judiciário? Quando começam a se miscigenar (não vai nenhuma afirmação racista; apenas desejo saber a DEGENERAÇÃO CULTURAL, isto é, a taxa de decaimento do interesse em educação que havia no país de origem), quantos dos descendentes a partir daí já não se interessam por educação superior? Isso vale também para judeus, árabes, todos os povos antigos que vêem claramente o valor da educação. Esse levantamento precisa ser feito, no sentido de reforçar nos outros povos a necessidade de fazer cursos superiores.

Vitória, sábado, 03 de janeiro de 2004.

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