Carros dos Homens
Olhando através da
lente do Modelo da Caverna vi como duas as pernas e os transportes de homens
caçadores e de mulheres coletoras. Primeiro, cavalos, depois carroças,
carruagens, carros e todo transporte contemporâneo pelo ar, água, terra/solo e
até fogo/energia (via eletrônica), foi e é diferente para uns e outras.
O TRANSPORTE FEMININO
·
Espaçoso,
para levar objetos em profusão e crianças. Seriam de preferências van’s e
peruas;
·
Assemelhar-se-á
a caverna e deve até poder fazer fogo para cozinhar em algum momento de
necessidade (não é brincadeira);
·
Deve
ser bem protegido dos lados e nos fundos (mas não na frente, onde está mulher
cuidadosa e atenta, indo devagar);
·
É
para MUITA GENTE, várias mulheres e diversas crianças, com todo tipo de tralha;
·
Não
importa muito a velocidade, sim a capacidade de acomodar coisas, por exemplo,
malas, abundantemente;
·
No
estacionamento, que será coletivo também, os carros devem ficar DENTRO de um
galpão qualquer;
·
Necessariamente
colorido, com motivos, com flores;
·
Mais
coisas que os psicólogos verão.
O
CARRO DOS HOMENS
·
É
ofensivo, agressivo, um escudo poderoso na guerra de caça e de conquista;
·
Deve
ser velocíssimo, pesado, monstruoso, prova de status de macho destrutivo,
avassalador;
·
A
frente será rompedora, arrombadora, e as laterais à prova de ataque dos outros
machos e das feras;
·
Por
dentro não precisa ter muito espaço – não faz sentido na caça levar muitas
coisas (nem perto de si – os machos não toleramos que as pessoas se aproximem
demais), pois os homens não estão preocupados com os outros homens nem com as
crianças e mulheres;
·
Deve
ter carroceria (o equivalente de costas largas) para trazer o produto da
caçada;
·
Os
pneus (que são os pés do carro) devem ser fortes e largos, dando idéia de
estabilidade na corrida;
·
Não
faz sentido ter qualquer cor, elas não são necessárias (cor chamaria atenção de
outros predadores; assim como cheiros – carros de homens devem ser
completamente isentos deles);
·
Mais
coisas a pensar.
Com isso ficam desenhados dois
veículos diferentes. O da mulher é utilitário, familiar ou cessionário,
coletivo; o do homem é egoísta, autoafirmativo, individual, é do tipo picape,
caminhonete (que os americanos chamam de “truck”) fortona, expressando
violência e brutalidade, demonstração diária diante da fogueira (que o bar
representa). Os homens estão se pavoneando diante de outros homens (no sentido
de conseguir maiores presas ou partes maiores delas) e para as mulheres (no
sentido de conseguir seu favor sexual), enquanto as mulheres pensam em utilidade,
em trabalho a realizar, em sustentação da casa, em transporte curtinho de
coleta em supermercados, farmácias, etc. Sejam carros ou motos, navios ou
aviões, submarinos ou destróieres, trens ou jet sky, os homens querem coisas
parrudas, possantes, arrombadoras, intimidadoras (para impor medo aos outros
antes que o próprio se manifeste).
Então, ambas as vertentes devem ser
redesenhadas, especialmente porque os carros que as mulheres compram hoje ainda
são desenhados para os homens – elas não têm tido outra opção.
Vitória, terça-feira, 06 de janeiro de
2004.
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