Uma Guerra Projetada

 

                            Quando Timor Leste estava para se separar da Indonésia pensei no que aconteceria se os eventos empurrassem o Brasil e esta nação a uma guerra. Timor esteve sob domínio daquele país de 1975 a 1999 e o negociador da separação foi justamente o brasileiro depois morto por terroristas. É um país com apenas 14.609 km², por comparação com os 45.597 km² do Espírito Santo apenas 32 %; com população de 750 mil em 2001, tem somente pouco mais de 20 % da do nosso estado. O PIB é diminuto, US$ 228 milhões em 1999, um centésimo ou menos do nosso (é impossível saber ao certo, em virtude da falsificação de dados no Brasil).

                            Como os portugueses fixaram na Indonésia entrepostos em 1520 os malaios de lá foram cristianizados ao longo dos séculos e sendo Timor Leste de fundo português pertence ao mesmo veio civilizatório que o Brasil, motivo pela qual razões e emoções nos ligam ao novo país. A Indonésia estava dificultando bastante as negociações, de modo que pensei na ampliação das disputas como uma possibilidade, embora remota.

DUAS GRANDES ECONOMIAS (mas a brasileira é bem maior, em todos os sentidos) – faça as contas direito, pareando anos e achando as cifras corretas.

ÍNDICE	BRASIL	INDONÉSIA	RELATIVA AO BRASIL=100
Área (milhares km2)	8.514	1.949	23
População (milhões)	169 (2000)	215 (2001)	127
PIB (US$ milhões)	596 (2000)	143 (1999)	24
Forças Armadas (mil)	323 (2000)	297 (2000)	92
Orçamento de Defesataque (US$ bilhões)	7 (2001)	1,5 (1999)	21

A Indonésia é constituída de 17,5 mil ilhas, imenso arquipélago (tradicionalmente ilhas são difíceis de conquistar), o Brasil é território contíguo, inteiro, quase insignificantes as ilhas. Os dados de PIB são nitidamente falsos, constituindo uma falsificação universal. A fonte é o Almanaque Abril 2002 Mundo.

Como se pode ver, seria um conflito difícil, porque as vantagens materiais são brasileiras, mas atacar a longa distância é complicado, seria preciso constituir uma força-tarefa monstruosa, ficando vulnerável na retaguarda em razão do território contínuo, enquanto lá seriam 17,5 frações a ocupar. Tremendo exercício para os ministérios de Defesa de ambos os países, pelo quê achei que ambos podem, em comum acordo, praticar tal exercício. É do maior interesse dos governos fazê-lo, porque são potências ainda de segunda classe que aspiram crescimento. Os indonésios são 55 % muçulmanos (45 % de divergência religiosa, facilmente estimulável, porque fortemente polarizada 45/55, excentricidade de 82 %), enquanto os brasileiros são 81 % cristãos (apenas 19 % de distinção, facilmente absorvível em caso de conflito, ou podendo ser calada; relação de 19/81, excentricidade ou deslocamento de apenas 24 %, distância da comunhão total).

Jarcata, capital da Indonésia, fica a 6º 10’ S (6,17) e a 106º 49’ L (106,82), ao passo que Brasília, capital do Brasil, situa-se a 15º 47’ S (15,78) e 47º 53’ O (47,88). Uma fica acima e outra abaixo do equador, uma à direita e a outra à esquerda do meridiano zero. Na horizontal a distância é de (106,82 + 47,88 =) 154,70 graus, quase 155, enquanto de cima abaixo é de (6,17 + 15,78 =) 21,95 graus, quase 22. Como cada grau tem aproximadamente 111 km, temos (155 x 111 =) 17,2 mil km na horizontal e (22 x 111 =) 2,5 mil km na vertical. No triângulo de Pitágoras, b² + c² = a² = (17,2)² + (2,5)² aproximadamente (296 + 6 =) 302, cuja raiz é 17,4 mil quilômetros em linha reta, quase metade da circunferência do globo, que é de 20 mil.

Em resumo, a Indonésia FICA LONGE (ou vice-versa), porisso não está na mira dos poderes brasileiros atuais, razão pela qual ambos os países podem achar aceitável fazer o exercício (sem que se ofendam uns e outros).

Vitória, sábado, 22 de novembro de 2003.