O Tanto que Belchior
se Enganou...
Opondo-se à visão de
Caetano Veloso (baiano de 1942) e Gilberto Gil (também baiano de 1942) na música
deles Divino Maravilhoso Belchior
diz na sua Apenas um Rapaz Latino
Americano de um “antigo compositor baiano” (são Caetano e Gil, mas era
antiguidade irreal maliciosamente atribuída por Belchior, dado que a música
deste é aparentemente de 1976; por outro lado, Belchior, nascido cearence em
1946 é apenas quatro anos mais novo que Caetano e Gil, daí ter sido
propositalmente ferino, o que é imperdoável) ter dito ser tudo divino e
maravilhoso.
O modelo afirma que
as coisas não são nem totalmente maravilhosas nem totalmente horríveis, são
50/50, de soma zero, preferencialmente pelo centro, raramente indo até as
extremidades. Caetano e Gil não estavam certos dizendo que TUDO é divino, TUDO
é maravilhoso, pois não é, a gente sabe que não é, todos e qualquer um que já
viveu. Contudo, percebemos que esse falso deslumbramento de Caetano e Gil tem
em si um chamamento, um encanto num certo momento muito ruim e depressivo da
década dos 1960, já que a música é do quarto Festival de Música Popular
Brasileira da antiga TV Record (não é essa de agora dos evangélicos; esta é uma
aberração), realizado em 1968. A ditadura vinha de se instalar em 1964, por
aquela época os militares estavam endurecendo muito, depois de maio de 1968 em
Paris e Caetano e Gil mandaram um recado no finalzinho da música: “é preciso
estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.
Belchior é apenas um
bobo.
Diz com deboche:
“nada, nada é maravilhoso/ nada, nada é secreto/ nada, nada é misterioso, não”.
Acontece que poderíamos traduzir, com a ajuda da Rede Cognata (veja no Livro 2 Rede e Grade Signalíticas): MODELO,
MODELO É MARAVILHOSO/ MODELO, MODELO É SECRETO/ MUITO, MODELO É MODELO, NÃO? E
várias traduções, inclusive colocando “muito” no lugar de “modelo”. Ou MATAR,
MATAR É MAU/ MATAR, MATAR É SUJO/ MATAR, MATAR É MATAR, NÃO?
Belchior é apenas um
tolo, enquanto Caetano e Gil são grandes e entendem profundamente as coisas.
Vitória, domingo, 04
de janeiro de 2004.
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