terça-feira, 25 de abril de 2017


O Tanto que Belchior se Enganou...

 

                            Opondo-se à visão de Caetano Veloso (baiano de 1942) e Gilberto Gil (também baiano de 1942) na música deles Divino Maravilhoso Belchior diz na sua Apenas um Rapaz Latino Americano de um “antigo compositor baiano” (são Caetano e Gil, mas era antiguidade irreal maliciosamente atribuída por Belchior, dado que a música deste é aparentemente de 1976; por outro lado, Belchior, nascido cearence em 1946 é apenas quatro anos mais novo que Caetano e Gil, daí ter sido propositalmente ferino, o que é imperdoável) ter dito ser tudo divino e maravilhoso.

                            O modelo afirma que as coisas não são nem totalmente maravilhosas nem totalmente horríveis, são 50/50, de soma zero, preferencialmente pelo centro, raramente indo até as extremidades. Caetano e Gil não estavam certos dizendo que TUDO é divino, TUDO é maravilhoso, pois não é, a gente sabe que não é, todos e qualquer um que já viveu. Contudo, percebemos que esse falso deslumbramento de Caetano e Gil tem em si um chamamento, um encanto num certo momento muito ruim e depressivo da década dos 1960, já que a música é do quarto Festival de Música Popular Brasileira da antiga TV Record (não é essa de agora dos evangélicos; esta é uma aberração), realizado em 1968. A ditadura vinha de se instalar em 1964, por aquela época os militares estavam endurecendo muito, depois de maio de 1968 em Paris e Caetano e Gil mandaram um recado no finalzinho da música: “é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.

                            Belchior é apenas um bobo.

                            Diz com deboche: “nada, nada é maravilhoso/ nada, nada é secreto/ nada, nada é misterioso, não”. Acontece que poderíamos traduzir, com a ajuda da Rede Cognata (veja no Livro 2 Rede e Grade Signalíticas): MODELO, MODELO É MARAVILHOSO/ MODELO, MODELO É SECRETO/ MUITO, MODELO É MODELO, NÃO? E várias traduções, inclusive colocando “muito” no lugar de “modelo”. Ou MATAR, MATAR É MAU/ MATAR, MATAR É SUJO/ MATAR, MATAR É MATAR, NÃO?

                            Belchior é apenas um tolo, enquanto Caetano e Gil são grandes e entendem profundamente as coisas.

                            Vitória, domingo, 04 de janeiro de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário