terça-feira, 25 de abril de 2017


O Rito Masculino de Passagem

 

                            Se fosse estatisticamente produzido excesso de homens que se recusassem a emprenhar as mulheres, de modo a colocar em perigo a produção de filhos que ampliassem a tribo, ela terminaria, e já vimos como, para as mulheres, era fundamental alcançar o futuro, a quase qualquer custo, e que lhes interessava sobremaneira OS MENINOS e não as meninas; o rito de passagem das meninas, a menstruação era, com toda certeza e garantia, desprezado, visto como um incômodo a mais, a introdução de genes competidores.

                            Assim, não só as mães superprotegiam OS MENINOS como iam presenciar se ali estava garantidamente um macho, o que deve ter persistido nas simbolizações até hoje, digamos as dos judeus, bar mitzvah, o rito dos meninos judeus. Elas queriam estar seguras de que o fornecimento de esperma estava afiançado. Garotos fracos não constituíam boas notícias, de modo que acredito agora que os homens eram instados POR ELAS a endurecer barbaramente os rituais, de modo a submeter os garotos a todo tipo de vexame definidor, identificando-se e excluindo-se os pseudomachos (exceto os poucos que deviam ficar nas cavernas, para as eventualidades), que eram mortos, acho. Devia ser um desprestígio enorme, insuportável, para as mães, mais que para os pais; penso que elas vigiavam o menor sinal de desvio de conduta e reforçavam PESADAMENTE o lado masculino, hiperfavorecendo os meninos.

                            Porque não faz sentido os homens recusarem trabalhadores, ajudantes na caça. Qualquer um serve, desde que não se acovarde; com fome e com medo qualquer um é corajoso, de modo que para os homens essa prova não vale. Mas homens que se recusam a transar são desastrosos para o futuro feminino da tribo. Então, se foi assim, esses pseudomachos desenvolveram um mimetismo sexual a mais, aprendendo a fingir, tais traços sendo incorporados ao modo de ser de alguns homens, aqueles que são ditos “enrustidos”, escondidos, dissimulados, que fingiam na prova de passagem para sobreviver – ou de outro modo seriam sumariamente mortos. E aprendiam desde a infância a fingir - uma vida vem triste.

                            Muito provavelmente foram as mulheres a exigir dos garotos essas duríssimas avaliações, demonstrações públicas de masculinidade, uma segurança dada a elas de que haveria estoque de esperma.

                            Vitória, domingo, 04 de janeiro de 2004.

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