O Que Vemos em
Calçadas
Gabriel reparou que
em Jardim da Penha, bairro de Vitória, os prédios mais antigos têm árvores nas
calçadas em frente, ao passo que os mais novos nunca tiveram ou as arrancaram,
a conclusão sendo que para novos proprietários a preservação das fachadas livres
de empecilhos e a valorização dos apartamentos é fundamental, por comparação
com os donos mais antigos, mais interessados na vida.
Há aqui perto uma
calçada que foi cortada ao meio no sentido da largura pelo proprietário do terreno,
levando as pessoas a caminhar pela rua quando deparam com os postes
obstaculizando a outra metade nas duas pontas, correndo o risco de serem
atropeladas. Há calçadas com o piso levantado por raízes de árvores e que não
foram restauradas, mostrando desleixo dos moradores defronte. Há calçadas em
que as árvores com essas raízes estufadoras foram cortadas, porque se prefere a
calçada que a vida representada pelas plantas.
Há tanto, mas tanto
mesmo que podemos ver em calçadas!
É surpreendente o
que podemos aprender com elas. Há edifícios mais recuados, que colocaram uma
certa porção de grama para embelezar e com isso beneficiam quem vai passando.
Há calçadas em que as prefeituras colocam vasos de flores, revelando na
retaguarda gente mais cuidadosa com o prazer alheio. Há calçadas com quadrados
ou retângulos de cimento, sem ou com grama intersticial, entre as placas, para
evitar que nossos pés afundem no vazio, dificultando o andar.
Das mínimas coisas
podemos tirar grandes observações. Experimente especializar-se nisso, em olhar
o mundo mais agudamente, com maior atenção, e você terá grandes alegrias, pois
o mundo está cheio de notícias, nós é que em geral não vemos. Se andássemos com
um caderninho anotando, acho que poderíamos com o tempo fazer um livro de
coisas muito interessantes, se você estivesse disposto a tentar (infelizmente
já estou fazendo tantas coisas que não posso me dedicar a tal).
Vitória,
quarta-feira, 26 de novembro de 2003.
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