Demagógica
Constituição Cidadã
Nem foram eleitos
para isso, mas os deputados auto-intitulados “constituintes” demoraram dois
anos em discussões burguesas para ver o que deixavam ou não passar de futuro e
então a enésima Constituição Federal brasileira foi promulgada em 1988, pelo
tetrapresidente (num certo momento era presidente
do PMDB, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, presidente da Câmara de Deputados, presidente do Congresso Nacional e na ausência de Sarney,
presidente sem vice, presidente da
República) Ulisses Guimarães (paulista, 1916 a 1992, quando caiu no mar num
helicóptero; uma piada dizia que Collor, então presidente, pediu: “mata o vice,
mata o vice”).
Ele fez questão de,
propagandeando as supostas virtudes da CF, dizê-la CONSTITUIÇÃO CIDADÃ, isto é,
declarar que finalmente depois de quase 500 anos implantava a cidadania no
Brasil. Em todo caso, contando de 1789, Revolução Francesa, a 1988, 199 anos,
quase 200 anos de atraso. Passados 15 anos em 2003 alguém chamou de
CONSTITUIÇÃO DEMAGÓGICA, daí o título.
Devemos entender que
era cidadã na demagógica concepção da burguesia. Demagogia é a “excitação das
paixões populares em proveito político”. Então, as burguesias, das quais fazia
parte Ulisses Guimarães, estavam fazendo propaganda com a CF, excitando o povo
para aprisioná-lo, sendo esse o proveito político. Promessas vãs, que não se
cumpriram.
SEPARANDO OS ARTIGOS (das duas constituições)
·
Artigos
da CF cidadã (os que foram
obedecidos);
·
Artigos
da CF demagógica (os que foram postos
de lado e são considerados em todos os sentidos letra morta).
Os pesquisadores podem buscar o
cumprimento da CF e das constituições estaduais, colocando isso em teses de
mestrado e doutorado. Cabe fazer um livro apontando o oportunismo político das
burguesias brasileiras desde quando, em 1988, o Brasil foi finalmente considerado
com direito a cidadania, dentro do chamado Estado de Direito, fora do Estado de
Marginalidade, que era então o preferido, e continuou a ser para tanta gente.
Vitória, segunda-feira, 01 de dezembro
de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário