S1972
e S2002
Reassisti o lento, lentíssimo, quase parando Solaris
de 1972, bem com o de 2002, 30 anos ou uma geração de diferença. O
texto é de Stanislaw Lem (Lwów, então Polônia, agora Ucrânia, 1921-2006, vendeu
mais de 45 milhões de exemplares – naqueles tempos - em 57 idiomas; é também
autor de Stalker, que li e foi filmado, você pode obter pelo Torrent
ou pelo Youtube), de 1961, tenho o exemplar de 1984, Rio de Janeiro,
Francisco Alves.
TRÊS
SOLARIS
Livro.
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1961.
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Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1984.
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É completamente diferente dos filmes, nele
somos capazes de entender, pois o autor situa a novidade.
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1º filme.
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S1972.
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Soviético, “artístico”, uma porcaria
indizível.
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Há uma cena de carro sem motorista
(previsto em 1961) passando em túnel, que dura vários minutos, uma das
lentidões mais longas que presenciei. Termina numa ilha falsa criada pelo
planeta-mente, com o protagonista ajoelhado aos pés do pai construído –
melancólico.
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2º filme.
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S2002.
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Americano, comercial, altamente assistível,
equilibrado.
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É muito mais bem feito, pós-contemporâneo
(depois de 1991), com mais recursos, parece mais com estação espacial
possível. Termina com os dois, ele e ela, casal de novo na Terra (a
implicação é que o planeta se apaixonou ele,r pelo personagem),
descobrindo-se como cria de Solaris (como o planeta pode manipular
materenergia com tantos anos-luz não mencionados?).
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Enfim e como diz o povo, o segundo (evidente,
teve a vantagem de 30 anos de tecnociência, de Conhecimento geral e de efeitos
especiais que não existiam em 1972, mal havia computadores, os televisores eram
de tubo e resistores, tela P&B, a de 40 polegadas nem na proporção de 1.000/1
se compararia com as mais avançadas de agora) “dá de 10 a zero” no primeiro.
Para comparar, a filmagem de Encouraçado Potemkin, de Eisenstein,
não foi tentada, continua portentoso no original russo).
Você precisa viver as três experiências, ler o
livro e ver os filmes (o de 2032 deverá ser ainda mais expressivo), é como Caçador
de Androides (Blade Runner, Fugitivo da Lâmina,
diz minha filha: seria muito mais cortante terem traduzido assim, mas o título
dado ficou bom), o livro dá de 10 a zero no filme (aliás, muito bom, excelente –
S2002 aproveita o Noir deste filme).
Em resumo, não perca, até para derrotar essa visão
miserável de filme “artístico” de S1972, esse experimentalismo segundo o qual
os diálogos minimalistas são prova de inteligência e as citações à francesa
experiência necessária ao mundo, eles tinham isso de ensinar ao mundo, coisa
deplorável (agora melhoraram). Quer experimentar, coloque um chiqueiro; nem os
porcos, criaturinhas de Deus que infelizmente devoramos, merecem essas coisas.
Arre!
Vitória, quinta-feira, 5 de abril de 2018.
GAVA.