Na Garupa do
Cavalocleta
Não tem coisa mais triste,
melancólica, jururu, deprimente que mulher na garupa de bicicleta de pobre.
Como a Clarice Lispector disse em relação às mulheres, cujo índice de fracasso
era voltar para casa com os sapatos na mão, para os homens é carregar mulher em
garupa de bicicleta.
Antigamente ter um cavalo era
distintivo, era nobre, pois ele custava muito, poucos podiam ter; quando esse
TER muito tardiamente chegou aos pobres ainda tinha um significado do
cavaleiro-peão que levava resguardada e protegida sua amada. Mas no caso da
bicicleta, não, ela é máquina individual. Mulheres guiando são elegantes,
porque significa que foram dotadas de mobilidade em relação à restrição da
Caverna geral e ao terreirão defronte.
Por outro lado, a confissão de pobreza
(que é um gênero de absoluto, o de não-ter) é tocante; e a confiança da mulher
no homem que se não fracassou não foi muito longe em suas demonstrações de
virilidade dominante é comovedor. Lá está ela: com pouco, mas gostando. Pouco,
mas seu. Ela tem bem consciência de para quê está na vida, não vive de ilusões:
toma o que tem e goza aquilo.
Vitória, quarta-feira, 25 de janeiro
de 2006.
NOBREZA
DO CAVALO
(custava uma fortuna antigamente, mais que um carro; e ainda custa)
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MULHER
NA GARUPA (tanto
é sinal de submissão dela – atravessada na garupa – quanto de dignidade da mãe,
que tem lá seu protetor fiel)
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BICICLETA
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BICICLETAS
REINVENTADAS
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Bicicleta infantil inovadora tem
três rodas que se mesclam em duas automaticamente
Da redação 03/05/2005
Desde quando todos
éramos crianças, o contato infantil com "seu próprio veículo" se
dava por meio de um velocípede.
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