sábado, 4 de fevereiro de 2017


Abertura de Constantinopla e de Alexandria

 

                            Também do Singh, p. 64/5: “Até mesmo os viajantes que chegavam em Alexandria não escapavam do apetite voraz da Biblioteca. Quando chegavam na cidade, seus livros eram confiscados e levados para os escribas. Os livros eram copiados de modo que, enquanto o original ia para o acervo da biblioteca, uma duplicata era dada ao dono. Esse meticuloso serviço de duplicação para viajantes dá aos historiadores de hoje a esperança de que algum grande texto perdido vá aparecer um dia em algum lugar do mundo, no sótão de uma casa. Em 1906, J. L. Heilberg descobriu um manuscrito assim em Constantinopla. Tratava-se de O método, volume contendo alguns dos escritos originais de Arquimedes”.

                            Os livros da Biblioteca foram queimados acidentalmente em 47 a.C., quando Júlio César atacou Cleópatra e o Egito.  Foi queimada novamente pelos bispos cristãos e finalmente em 642, “quando lhe perguntaram o que devia ser feito com a biblioteca, o califa Omar, vitorioso, declarou que os livros que fossem contrários ao Corão deveriam ser destruídos. E os livros que apoiassem o Corão seriam supérfluos e, portanto, também deviam ser destruídos”, Singh, 72. Fico perplexo com a estupidez de alguns seres humanos (ou desumanos – neste caso ele apagou boa parte da existência humana, atrasando o mundo em séculos – e o mundo árabe também, provavelmente levando-o ao declínio final).

                            O mesmo trabalho de compilação e compra de manuscritos foi continuado em Constantinopla (Constantino-pólis, a Cidade de Constantino, fundada em 324, quase simetricamente em relação a Alexandria, que é de 332 a.C., sobre a base de Bizâncio, que é de lá por 800 a.C., antes de Roma). Teodósio II (408-450), imperador do Oriente, criou em 425 a Escola Superior de Constantinopla, irmã daquela Universidade criada antes em Alexandria. Naturalmente ela tinha uma biblioteca anexa, que também prosperou. A Biblioteca de Pérgamo (do Reino de Pérgamo, mesma região da Dodecápolis grega, as doze cidades), na costa ocidental da Anatólia (que constitui hoje a porção oriental da Turquia), já possuía 200 mil pergaminhos no século I a.C. Constantinopla, capital do império Romano do Oriente, não poderia ficar atrás.

                            Tudo isso exige que Constantinopla, em mãos dos turcos desde 1453, e Alexandria, em posse dos árabes desde a conquista do Egito em 642, sejam abertas para escavações e procura de documentos, num trabalho exaustivo, levado a cabo por um Consórcio Mundial financiado pelos países todos, especialmente, de forma proporcional pelo NAFTA (talvez 33 %), a Europa dos 15 (uns 25 %) e o Japão (uns 15 %), na base de um dólar por pessoa por ano, durante os próximos 30 anos (US$ 1 por pessoa x 6 bilhões de pessoas x 30 anos = US$ 180 bilhões, dos quais 73 % cabendo a esses 19 países (3 + 15 + 1), pouco mais de US$ 131 bilhões.

                            Isso é urgente, é para ontem.

                            Claro, o Egito e a Turguia, que não tem reservas manifestadas de petróleo, tanto quanto alguns países árabes, devem ter compensações pelos estragos, na forma de escolas básicas, hospitais, estradas, computação, tecnociência, universidades, bibliotecas, melhoramento do atendimento burocrático, o que for preciso, e isenção de suas contribuições, ficando com 50 % do valor do que for apurado com vendas e 50 % das peças autenticadas cada um.

                            Habitantes desses países devem ser instados por seus governos a fornecer qualquer documento que esteja guardado, contra pagamento conveniente, e a realizar busca esmiuçadora em toda parte, nos dois países e no mundo inteiro.

                            Vitória, quarta-feira, 12 de março de 2003.

A Tensão dos Contrários

 

                            No livro de Will Durant, já citado no artigo deste Livro 25 Não se Deprecie, Homem, p. 91, ele diz: “No devido tempo, no fluxo universal, todas as coisas se transformam nos seus contrários: o bem pode se transformar no mal, o mal pode se transformar no bem, a vida se transforma em morte, a morte se transforma em vida. Os contrários são dois aspectos da mesma coisa; a força é a tensão dos contrários”, coloridos meus.

                            Como já mostrei, a dialética grega e o TAO chinês surgiram mais ou mesmo na mesma época, por volta dos séculos VII a V, de forma que isso não é propriamente novidade, o que também foi expresso no modelo, com certas alterações. Contudo, A FORÇA É A TENSÃO DOS CONTRÁRIOS é uma surpresa genuína, maravilhosa, porque nos permite avançar bastante, rumo a uma consolidação de superior nível.

                            Vejamos, há os pares polares opostos/complementares.

                            Eles lutam um contra e a favor do outro e, como é demonstrado no diagrama oriental do Yin/Yang, ocupam o lugar um do outro, o que Hegel e Engels (este depois do primeiro, o primeiro muito depois dos gregos) colocaram em suas três leis. Complementam-se, mais do que apenas migram um para o outro, como está expresso na transformação do sim no não. Eles abraçam-se num amor cósmico e eterno, subterrâneo, por baixo das afirmações evidentes de ódio e rejeição. São aspectos do SIM-NÃO, da ESQUERDIREITA, do NORTESSUL, da VERDADEMENTIRA, do LESTOESTE, do QUERONÃO, do HOMULHER, etc.

                            Entretanto, como mediremos os pólos, a distância entre eles, a forçapoder de sua futura reaproximação, o tempo de duração da rejeição, a quantidade de armadilhas que um preparará para o outro, toda a classe de disputas no Filme da Vida no Cinema da Criação?

                            Veja, Durant forneceu o metro, o padrão, o instrumento de comparação: a tensão do contrário pode ser medida justamente pela força empregada. Agora, concordemos que o poder é a força focada, dirigida, centrada, organizada, estruturada, afunilada para a meta ou propósito, enquanto a força é o poder desfocado, diluído, descentrado, desorganizado, desestruturado, emocional, explosivo, em todas as direções e sentido aplicado, ineficaz.

                            Há uma tensão dos contrários (a própria palavra o diz). SE são contrários, se se opõe, há por definição uma tensão, que dirige do centro para a periferia dois raios, em extremo sendo do mesmo diâmetro, em qualquer outro caso fazendo um ângulo de oposição (aqui haveria um componente que é pura oposição e uma angulação que aproxima para o encontro). O que Durant está dizendo é que essa oposição não é poder, ou raramente o seria, dado que como poder seria racional e inultrapassável – há possibilidade de reunião, em primeiro lugar. Não é oposição diametral.

                            Daí que a força e o exercício da força sejam um pedido de aproximação. A oposição completa é a indiferença, a aceitação implícita de que jamais voltará a haver reunião. A força não é negação completa, é negação parcial que prenuncia a reaproximação em algum futuro. E ela mensura, naquele ângulo das retaliações, a potência da congregação e os demais índices. É um “jogo de comadres”, por assim dizer, como fala o povo: é pancada que não dói, é bater simbolicamente nas mulheres com flor (embora a própria palavra “bater” já me provoque asco).

                            Eis um anúncio maravilhoso numa única frase.
                            Vitória, terça-feira, 11 de março de 2003.

A Situação do México

 

                            Comparemos Brasil e México:

                            PERCENTUAIS DAS POPULAÇÕES (Almanaque Abril 2002)

                            CONJUNTO                             BRASIL                        MÉXICO                        

                            Mestiços                                      40 %                                 60 %

                            Brancos                                       54 %                                  9 %

                            Indígenas                                    >0,2%                               30 %

                            Outros                                          ?                                           1 %

                            Orientais                                      < 1%                                      ?

                            Negros                                         6 %                                      ?                                       

                            Observe que no Brasil percentualmente negros + mestiços aproximadamente igual a brancos, o que já é bastante avançado, porque neste mesmo instante estamos (faltando saber quantos dos presumidos brancos, que se declaram como tal, seriam na verdade mestiços, em alguma medida).

                            Agora, no México a situação é muito mais surpreendente, pois para cada branco há 10 dos outros. Os brancos estão em ampla minoria quantitativa, embora politicamente, socioeconomicamente continuem mandando. Financeiramente os brancos são ainda os donatários no México, mas devem ceder cada vez mais, sendo lá a relação de 10/1, ao passo que no Brasil a relação é muito aproximadamente 1/1.

                            Por outro lado, percentualmente os índios estão muito mais representados lá do que aqui, na base de 30/0,2 ou 150/1. A presença dos indígenas é maciça lá – e o México é um país importante agora -, de modo que para fazer render a força política dos indígenas do mundo inteiro é melhor que eles façam a reunião naquele país, que deve sediar o Congresso Indígena Mundial, ao passo que o Brasil deve sediar o Congresso Mundial Negro, evidentemente sem oposição dos brancos.

                            Juntando-se aos mestiços os negros brasileiros fariam 46 %, enquanto no México os indígenas juntando-se aos mestiços fariam 90 %. Para comparação, nos EUA os negros são uns 34 milhões numa população de 286 milhões em 2001, apenas 12 %, sendo os euramericanos 84 %. Os Estados Unidos não são o país ideal para a causa negra ou indígena, exceto em termos de financiamento, saindo de lá o dinheiro, como fizeram os judeus na Diáspora, ao financiar aberta e sutilmente Israel.

                            Então, ficamos assim:

·        Brasil para a propaganda negra e mestiça;

·        México para a propaganda indígena e mestiça.

·        Evidentemente ambos devem se juntar para a divulgação da causa dos mestiços.

O financiamento deve vir, em ambos os casos, maciçamente dos EUA, criando-se bancos geridos desde lá, por negros e índios daquele país, que orientarão as respectivas causas em toda parte, não no sentido de confronto, ninguém deseja isso, mas de aproveitamento de oportunidades em todos os sentidos, visando a plena igualdade política.

Juntando o dinheiro lá, os negros americanos e os índios americanos implantarão sucursais em cada país, com as sedes uma no México (para a causa indígena) e outra no Brasil (para a causa negra).

Vitória, quarta-feira, 12 de março de 2003.

Enquadramento Total do Conhecimento

 

                            Como está posto no Livro 23, Atraso Mundial em Relação ao Modelo, e em muitos textos antes, o modelo, as posteridades e as ulterioridades propuseram um enquadramento não menos que total do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), com a pontescada tecnocientífica, em particular a pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6), segundo o sistema integral, vá ver.

                            AS NATUREZAS

NATUREZA
CIÊNCIA-TIPO
ATÉ:
N.0
Física-Química
O primeiro ser vivo
N.1
Biologia-p.2
O primeiro racional (par homulher)
N.2
Psicologia-p.3
O primeiro ser-novo (par novo)
N.3
Informática-p.4
A primeira hipermente
N.4
Cosmologia-p.5
Salto para o infinito
N.5
Dialógica-p.6
Armação e disparo da bomba dialógica

                                                       Resulta que tendo comprado há muitos anos o livro de B. M. Kedrov, Clasificación de las Ciências (Engels y sus predecesores), Moscou, Progresso, 1974, li até a página 51 o primeiro tomo (são dois; por algum motivo improvável tenho dois volumes dois) e me detive, pois é muito enjoado, primeiro pela repetição contínua, depois pela sobreafirmação de Engels.

                            Em 1992 comecei o modelo, parei, iniciei as posteridades, parei, a seguir as ulterioridades, parei, e agora estou nestes livros. Indo e vindo em milhares de páginas configurei o enquadramento, que naturalmente é muito mais complexo do que está posto nestas páginas.

                             AS CITAÇÕES DE KEDROV (no tomo I)

                           

AUTOR
PERÍODO
PÁGINA (S)
Aristóteles
384-322 a.C.
66
Epicuro
341-270 a.C.
56
Estóicos
c. 300 a.C.
56
S. Agostinho
354/430
56
Tsin Tsu
Séc. IV/V
50
Al-Kindi
796/879
67
Al-Farabi
872/950
67
Avicena
980/1037
66
Escolásticos
Idade Média
66
Roger Bacon
1220/1292
67
Hobbes
1588/1679
98
Diderot
1703/1784
98
Saint-Simon
1760/1825
107/133
Comte
1798/1857
133/134/179
Ampère
1775/1836
163/164/169/177
Saint-Hilaire
1805/1861
170/179
D’Halloy
Séc. XIX
171/179
Cournot
1801/1877
172/174/179
Neil Arnott
1788/1874
184
Whewell
1794/1866
192
Mill
1773/1836
198
Spencer
1820/1903
207/208/210/212
Bain
1818/1903
229
Maximóvich
1804/1873
259/260
Mendeléiev
1834/1907
296/297
Engels
1820/1895
365/376/381/385/397/415/459
 
 
 
CNPq
Instituição
Veja artigo citado
Bibliotecas
CDU (*)
Veja anexo

                            (*) Classificação Digital Universal

                            Grafei Tsin Tsu como era feito antes da reforma chinesa, em vez de Tsin Siu, como no original, e preferi as datas da Barsa eletrônica às do livro, exceto onde está em negrito. Antes de Aristóteles houve muitos: Pitágoras (580-500 a.c.), Demócrito (460-370 a.C.), etc.

                            O levantamento não é exaustivo, alguém que cuide disso depois. Serve apenas para mostrar que muitos se debruçaram sobre o problema antes, sem resolvê-lo a contento, e que agora precisamos de fato enquadrar de modo compatível, sistemático e total. Observe que Kedrov conduz tudo a Engels, como se este tivesse realmente resolvido a contento, o que não fez, de modo algum, embora tivesse avançado bastante, e terminado definitivamente a avaliação, o que também não fez.

                            As transparências mostrarão as propostas de cada um e as do modelo. Em anexos estarão outras propostas, que tirei da Internet, tudo muito apagado, vá a “Classificação das Ciências” através do Google e pegue. Veja também as ENTRADAS da Enciclopédia Einaudi, Lisboa (?), Casa da Moeda/Imprensa Nacional, 1984, sobre originais italianos. Se o modelo é válido ele permitirá enquadrar perfeitamente, sem folga alguma, todos os verbetes, estes e todos do Dicionarienciclopédico.

                            Veja que Kedrov diz que Comte propôs o Princípio da Coordenação, em tese dele pior que o Princípio da Subordinação, de Engels. O modelo adota ambos, sabendo que a Física se co-ordena com a Química, a primeira sendo caminho ou escada, no mesmo plano, a segunda sendo salto ou ponte, passando a nível superior, neste caso a Biologia. Entrementes a Físico-Química se subordina à Biologia/p.2, porque esta última exige conhecimentos matemáticos superiores – todos os de antes e mais alguns. Falaríamos de SUBCOORDENAÇÃO ou de CO-SUBORDINAÇÃO. Seria melhor assim.

                            Além disso, onde Comte propõe três fases (Teológica, Metafísica e Científica), o modelo propõe cinco, adequadas ao Conhecimento geral (mágica/artística, teológica/religiosa, filosófica/ideológica, científica/técnica e matemática), das mais soltas ou sentimentais às mais estruturadas ou racionais. Estamos na passagem da fase F/I para a fase C/T. Veja que fora a fase mágica/artística, Comte chega perto, se fizermos a sua fase metafísica se equiparar à fase filosófica/ideológica do modelo.

                            Em lugar de matemática, astronomia, física, química (fisiologia) e sociologia, de Comte, o enquadramento de Engels é muito melhor: matemática, mecânica, física, química, biologia e história – por pouco ele não chegou lá, principalmente se pensarmos que história é o equivalente dele de Psicologia/p.3. Não tinha informações suficientes (por exemplo, sobre informática e cibernética), uma pena.

                            Creio que Vico, Bacon, Spinoza e outros se debruçaram sobre o assunto e avançaram bastante, tudo isso é necessário investigar. Os geo-historiadores de epistemologia que façam o trabalho.

                            Vitória, segunda-feira, 10 de março de 2003.